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terça-feira, 26 de maio de 2015

Lutar ou fugir

Compreendendo o estresse



A maioria das pessoas está consciente que "lute ou fuja" é a resposta natural ao estresse. Quando confrontados com uma situação de estresse, ou ficamos agressivos ou rateamos. Essa escolha depende da nossa percepção das circunstâncias e do nosso julgamento correspondente das chances de sucesso. A resposta "lutar ou fugir" é, em termos de preservação da energia, tremendamente eficiente. E é muito eficiente em garantir as maiores chances de sobrevivência. Isso faz sentido para qualquer um em um nível visceral, mas você conhece os mecanismos fisiológicos envolvidos ?

A resposta lute-ou-fuja começa no cérebro. Várias regiões operam em concerto para detectar, sentir, decodificar e responder ao estímulo. Apesar de haver alguns caminhos diferentes para um dado sentimento (como o medo) se propague, em última análise o hipotálamo é o responsável por disparar a resposta. Uma vez que o hipotálamo comece a trabalhar, aquilo que eu chamo de "seus sistemas de defesa" entram em ação. Eles são o sistema nervoso e o sistema adrenocortical.

Entram em cena os sintomas físicos: sudorese, palpitações, músculos tensos, aguçamento da audição. Você está agora extraordinariamente alerta, mas apenas em relação ao problema próximo: concentração e consciência sobre qualquer outra coisa são jogados pela janela. O sistema nervoso inundou seu corpo com adrenalina (cientistas frequentemente referem-se a ela como epinefrina) e noradrenalina (norepinefrina). Enquanto isso, o sistema adrenocortical (que produz tais hormônios) torna-se ativado pela glândula pituitária. A pituitária secreta um hormônio conhecido como ACTH (hormônio adrenocorticotrópico). O ACTH segue – via corrente sanguínea – até seu cortex adrenal, onde estes pequenos órgãos vão bombear até 30 hormônios diferentes para endereçar a situação estressante em vista (as adrenais são "movidas" a colesterol). E o seu sistema imune temporariamente se desliga, para que seu corpo possa utilizar todos os recursos para lidar com a ameaça percebida.

O cortex adrenal produz cortisol, DHEA, estrogênio e testosterona, entre muitos outros hormônios. É um belo sistema. Infelizmente, o que funcionava para nosso velho amigo Grok nas cavernas não funciona tão bem para nós, eu creio. Posto de forma simples, nosso estilo de vida moderno nos sujeita a uma quantidade potencialmente enorme de estresse diariamente, que o corpo simplesmente não evoluiu para manipular. Na minha cabeça é mais ou menos como o "veado na luz do farol". Temos uma grande problema com a população excessiva de veados na minha área, e você sempre ouve comentários sobre como os animais são idiotas quando estão perto dos carros. Bem, na minha opinião eles não são idiotas – em termos evolucionários, afinal de contas, os carros são muito novos na cena. O veado simplesmente não adaptou a resposta de estresse apropriada. É tão diferente assim para os humanos ?

Teoricamente então, um nível persistente e baixo de estresse – que o corpo infelizmente interpreta produzindo uma resposta "lute ou fuja" – é destrutivo para a saúde. Em outras palavras, ficar preso no trânsito por 2h por dia, todo dia, é considerado pelo seu cérebro ainda "primitivo" como o equivalente a uma ameaça séria à sobrevivência – e as adrenais bombeiam de acordo. O cortisol serve a muitas funções importantes, incluindo a liberação rápida dos estoques de glicogênio para energia imediata. mas a liberação persistente do cortisol requer que outros mecanismos vitais efetivamente sejam desligadas – imunidade, digestão, função endócrina saudável, e vai por aí. Entre outras associações do estresse com a saúde, a ligação entre cortisol elevado e ganho de peso já foi estabelecida.

Neste ponto, espero que você possa começar a imaginar as potenciais ramificações de saúde do que é frequentemente chamado de "fadiga adrenal": imunidade diariamente comprometida, liberação contínua do hormônio do estresse, fica-se "no limite" em geral, hormônios sexuais exauridos (lembrando da minha teoria pessoal do motivo de os atletas de resistência do sexo masculino frequentemente sofrem de redução de testosterona e consequemente de queda de cabelo). O seu corpo acha que precisa sobreviver a qualquer custo – e há um custo.

Apesar de não ser um "natureba" nem de achar que me mudar para o mato e comungar com os brotos sejam soluções viáveis (e desejáveis) para mitigar o estresse, o volume e abrangência tremendos dos estímulos estressantes no estilo de vida moderno e veloz podem ter um papel muito crítico nas altas taxas de diabetes, síndrome metabólica, obesidade, depressão e ansiedade que temos visto (entre outros problemas d esaúde). A qualquer taxa, creio firmemente nisso. (Nota humorística: aparentemente, comprar é fisicamente estressante para homens. Mas planejar eventos e lidar com obrigações sociais é estressante para mulheres. Ao risco de revelar ao mundo o quanto detesto festas natalinas, os feriados são absurdamente estressantes para todo mundo).

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