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terça-feira, 21 de julho de 2015

Esteatose hepática ou “como essa gordura foi parar no meu fígado?”

Esteatose hepática ou “como essa gordura foi parar no meu fígado?”

Muitas pessoas se assustam quando descobrem que estão com um acúmulo de gordura no fígado, ou esteatose hepática não alcoólica, na linguagem médica. E se assustam mais ainda porque consideram baixa sua ingestão de gordura e não se cansam de perguntar, “eu não como gordura, então como essa gordura foi parar no meu fígado”?

Figura encontrada no Google (www.yuasaude.com)
Figura encontrada no Google (www.yuasaude.com)

Bom, vamos por partes…

Comer gordura não necessariamente é ruim! Precisamos de gordura, mas gorduras de fontes boas, como azeite de oliva (que SIM, pode ser usado para cozinhar! E qualquer hora vou fazer um post só sobre isso), abacate, ovo com a GEMA, oleaginosas (castanhas do Pará, de caju, amêndoas, nozes, avelã, pistache, macadâmia, baru), coco, açaí (mas esqueça o açaí cheio de xarope de guaraná! To falando do açaí “de verdade”, puro). Mas essa gordura não vai direto para o fígado!

Tá, então de onde surge a gordura no fígado?

Bem, aqui o processo é um pouco mais complexo, mas vamos tentar simplificar. Geralmente as mesmas pessoas que tem medo de consumir gordura são as que mais exageram na ingestão de carboidratos: pães, bolos, biscoitos, salgadinhos, empanados… aqui não escapa nem a brasileiríssima tapioca! Muita pessoas que excluíram o glúten da alimentação, como os celíacos, na tentativa de substituir as preparações contendo glúten, acabam exagerando nas preparações contendo farinha de arroz, polvilho, amido de milho, fubá…

E tem aquelas pessoas que estão preocupadas em manter a forma ou em perder peso e correm da gordura, evitam os doces, regulam o consumo de frutas, mas estão sempre consumindo biscoitos light, iogurtes light, requeijão light, maionese light, etc. Excelente, não? Lamento desapontá-los, mas não. Isso é péssimo! Primeiro porque nem estamos falando de comida de verdade. Segundo, porque estes produtos sempre contém grande quantidade de aditivos químicos que acabam por prejudicar o bom funcionamento do organismo, como falei no post sobre detox e terceiro porque para se adequar a legislação dos light, os fabricantes precisam reduzir a quantidade de gorduras e calorias dos produtos. A princípio nos dá a impressão de que isso é ótimo! Mas não é bem assim.

Cada grama de gordura possui 9 Calorias (Kcal), enquanto que cada grama de carboidrato e de proteína possuem apenas 4 Kcal. Proteínas são os nutrientes mais caros, portanto, para a industria é mais vantajoso economicamente substituir a gordura que foi tirada de um produto, por carboidrato (estamos falando aqui de amido de milho, de açúcar, de maltodextrina, de açúcar invertido, de xarope de milho com alto teor de frutose e não de outros carboidratos mais bacanas) e ainda com a vantagem de aumentar a cremosidade e a melhorar a consistência de alguns, como iogurtes e requeijão por exemplo. Até aí,não parece haver nada demais, certo?

E qual o problema do carboidrato?

Nosso fígado tem um limite de armazenamento do carboidrato ingerido… esse estoque chama-se glicogênio, que serve para fornecer glicose para o cérebro nos momentos de jejum. Os músculos também fazem isso, mas em menor proporção e para “consumo próprio”. Quando extrapolamos a capacidade de armazenar glicogênio, para não desperdiçar energia, o corpo começa a produzir gordura (triglicerídios) a partir do carboidrato… esses triglicerídios tem 2 caminhos: parte segue para o tecido adiposo (e se acumulam na barriga e em outras regiões do corpo… as vezes só internamente, entre os órgãos – gordura visceral, que por sinal é a mais perigosa forma de acumular gordura) e parte fica dentro do fígado, esperando a ordem de ir para outro lugar. Se o gasto energético não aumenta, o “trânsito começa a engarrafar” dentro do fígado, e esses triglicerídeos vão se acumulando, gerando o quadro de esteatose hepática.

O grande problema é que gordura no corpo (principalmente quando estão onde não deveriam estar, como no fígado) gera inflamação! E inflamação gera uma série de reações e podem terminar com fibrose, ou seja, quando falamos de fígado, fibrose significa CIRROSE hepática, uma condição na qual todo o tecido ativo do fígado vai sendo substituído por tecido fibroso, sem função.

Mas além disso, ainda existem outras causas de esteatose hepática, como o consumo frequente e/ou exagerado de bebidas alcoolicas e diabetes descompensado.

E depois que a gordura já se instalou? Tem solução?

Dependendo do grau de esteatose tem, mas é necessário adequar a alimentação (e aqui entra o nutricionista), excluir todos os excessos de carboidrato (atenção!!! Não é excluir todos os carboidratos, mas sim, os “carboidratos ruins”)  e aumentar a atividade física (devidamente supervisionada por um educador físico!). Não tem como entrar para a academia agora? Que tal então tentar andar um pouco mais, usar mais escadas que elevador? Já é algum começo pra deixar o sedentarismo!

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