Emagrecimento: por que apenas força de vontade não basta.

Autor: Bruna e Caio março 28, 2016 0 Comentários

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Por Stephan Guyenet 

Nós tendemos a acreditar que estamos cientes do que está acontecendo em nosso próprio cérebro, e também no controle consciente do nosso comportamento. Mas um corpo crescente de neurociência e pesquisa em psicologia demonstra que a maioria do que acontece dentro do cérebro– incluindo os processos que nos levam a selecionar e executar comportamentos — está além de nossa percepção consciente. Isto tem implicações importantes para o nosso comportamento alimentar, peso corporal e saúde, como eu exploro em meu próximo livro “O cérebro com fome”.
Deixe-me dar um exemplo simples que ilustra o quão pouco da atividade de nosso cérebro que estamos conscientes. Concentra-se o processamento da informação pelo sistema visual, o qual é um dos sistemas melhor compreendidos do cérebro. Eu tirei os fatos básicos deste exemplo de uma palestra recente pelo pesquisador neurociência realizado Marcus Raichle, que estuda os padrões de atividade no cérebro humano.
Considere a retina do olho. Ele é composta por mais de 100 milhões de células sensíveis à luz chamadas fotorreceptores. Estas células capturam dez bilhões (10 ^ 10) bits de informação por segundo de seu entorno visuais. Isso é uma enorme quantidade de informação! Na verdade, é demais para o cérebro processar de forma eficaz.
A informação pela retina atravessa e o seu primeiro estágio de processamento e compressão dá início. No momento em que a informação entra no nervo óptico que liga a retina ao cérebro, ao invés de passar através de uma cópia exata do campo visual, a retina começa a extrair a informação saliente a partir do campo visual que transmite informação ao invés de uma cópia exata.
Mas a compressão não termina aí. A informação chega ao córtex visual do cérebro, que é comprimida para baixo a dez mil (10 ^ 4) bits por segundo. O cérebro faz isso extraindo mais informações significativas a partir dos dados da retina, e traduzindo-as em termos cada vez mais abstratos.
Transmitem informações racionalmente irrelevantes. A informação indica padrões e objetos e como eles estão se movendo. A partir do córtex visual, os pesquisadores estimam que menos de 100 (10 ^ 2) bits por segundo da informação visual chega a nossa consciência. Isso é apenas 0.000001 por cento da informação que seus fotorreceptores da retina registram, e 0,01 por cento da informação que entrou em seu cérebro.
Esta informação é altamente processados ​​e filtrada. Você não vê cada cabelo individual sobre a cabeça de seu amigo e cada ponto de sua camisola de Natal; você só vê o seu amigo usando um suéter de natal e algumas características básicas de maneira consciente.
E se algo irrelevante está acontecendo, você não enxerga tudo. Se você não acredita que você não consegue prestar atenção em tudo veja este vídeo:
Tente descobrir quantas vezes a bola foi passada pelas pessoas de camiseta branca?
Uma vez que o poder de processamento do cérebro consciente é bastante limitado, o cérebro não-consciente alimenta informações com base na necessidade de saber. Você não pode realmente estar conscientemente vendo muito em tudo, se você está ouvindo algo intensamente, você provavelmente não vai ver algo em seu campo visual esquerdo, se você está prestando atenção para a direita. No entanto, as partes não conscientes de seu cérebro ainda estão monitorando tudo fora e dentro do seu corpo, procurando sinais importantes que podem valer a pena alertar o cérebro consciente. Por exemplo, se você está tentando atravessar a rua e algo grande em sua visão periférica está se movendo rapidamente em direção a você, ele vai chamar sua atenção, mesmo se você estiver concentrando-se em um quadro de avisos segundos antes.
Isto é consistente com a pesquisa do psicólogo ganhador do Prêmio Nobel Daniel Kahneman, que escreveu o livro, o maravilhoso pensamento, rápido e lento. Kahneman afirma que o cérebro pode ser conceitualmente dividido em dois “sistemas”. Sistema 1 é rápido, intuitivo, automático e não-consciente.

• Sistema 2 é lento, trabalhoso, deliberativo e consciente. O sistema 2 é o que percebemos, pensamos que é o que somos, mas na verdade Kahneman acredita que o

• Sistema 1 faz a maioria do nosso processamento e orienta a maioria dos nossos comportamentos cotidianos. Sistema 1 não é uma coisa, mas sim um conjunto diversificado de antigos circuitos cerebrais, não-conscientes.

O exemplo de sistema visual que expliquei acima é um exemplo de como as pesquisas em neurociência apoia a ideia de Kahneman. O que percebemos é apenas uma pequena fração do que está acontecendo dentro de nossos próprios cérebros! Isso é meio surpreendente, não é? Também é contra-intuitivo, porque não estamos conscientes do que não podemos perceber, por isso, tendemos a pensar intuitivamente que o nosso cérebro consciente é tudo o que existe.
Meus interesses principais são o comportamento alimentar do corpo e da gordura corporal, e é isso que o meu livro trata. Como se vê, a ideia de que nossos cérebros são essencialmente não-consciente tem implicações importantes para a compreensão de como nós comemos e o que pensamos. Se nós somos seres essencialmente conscientes, racionais, então a melhor maneira de orientar o nosso comportamento em uma direção ao emagrecimento é regular conscientemente o número de calorias que entram e saem do corpo. Este é a tipica abordagem para a perda de peso “comer menos, fazer mais exercícios”, que funciona muito bem em estudos metabólicos controlados em que o comportamento é controlado externamente, mas não na vida real!
Por outro lado, se o nosso comportamento é muitas vezes guiado por processos não-conscientes que são mais impulsivo do que racionais, vamos precisar de uma abordagem diferente: identificar os sinais que influenciam estes processos, e fornecer sinais que alinham nossos impulsos com os nossos objetivos conscientes de perda de peso e saúde.  Embora tanto o consciente quanto o cérebro não-consciente sejam importantes para o comportamento, em última análise, eu acredito que vai ficar melhor, mais fácil e produzir resultados mais sustentáveis  o reconhecimento de que o cérebro não-consciente está na maioria das vezes segurando as rédeas de nosso comportamento.