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domingo, 21 de maio de 2017

Estilo de vida que melhora o metabolismo é o melhor contra o Alzheimer



Aqui no site lipidofobia já falamos um pouco sobre Alzheimer (por exemplo AQUI)  e da importância de eventos metabólicos no processo da patologia. Alguns pesquisadores chegam a chamar a doença de diabete tipo III, uma clara alusão ao papel da insulina e do consumo de carboidratos para essa enfermidade. A seguir um artigo que reporta o resultado de estudo sobre a implementação de alterações no estilo de vida  - o que inclui naturalmente buscar a redução da insulina - e seu impacto na evolução dessa terrível enfermidade.

Mudanças de estilo de vida, e não uma pílula mágica, é o que pode reverter a doença de Alzheimer


Publicado em 03/05/2017
Autor: Clayton Dalton  Médico do Hospital Geral de Massachusetts em Boston. (Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Columbia.

No verão passado, um grupo de pesquisa da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA) discretamente publicou os resultados de uma nova abordagem no tratamento da doença de Alzheimer. O que eles acharam foi impressionante. Embora o tamanho do estudo fosse pequeno, cada participante demonstrou uma melhora excepcionalmente marcante onde quase todos (os pacientes) foram verificados estarem em uma escala normal nos testes para a memória e para cognição ao fim do estudo. Funcionalmente, isso equivale a uma cura.

Estas são conclusões importantes, não só porque a doença de Alzheimer é projetada para se tornar cada vez mais comum à medida que a população envelhece, mas porque as opções de tratamento atuais oferecem melhora mínima - na melhor das hipóteses. Em julho passado, um grande ensaio clínico encontrou pouco benefício em pacientes que receberam um novo medicamento chamado LMTX. E depois disso, outra esperançosa droga projetada para "alvejar" a proteína amilóide, uma das características da doença de Alzheimer, falhou em seu primeiro grande ensaio clínico também. Apenas dois meses atrás, a Merck anunciou os resultados do seu estudo para um medicamento chamado verubecestat, que foi projetado para inibir a formação de proteína amilóide. Verificou-se que não era melhor do que o placebo.  

Os resultados da UCLA, entretanto, não são devidos a uma nova e incrível droga ou a uma incrível descoberta médica. Em vez disso, os pesquisadores usaram um protocolo consistindo em uma variedade de distintas modificações de estilo de vida para otimizar parâmetros metabólicos - como inflamação e resistência à insulina - que estão associados com a doença de Alzheimer. Os participantes foram aconselhados a mudar a sua dieta (um monte de legumes), exercícios, desenvolver técnicas para o gerenciamento do estresse, e melhorar o seu sono, entre outras intervenções. O "efeito colateral" mais comum foi a perda de peso.

A dieta low carb melhora a resistência à insulina
Isso pode ser um passo importante para prevenir e tratar Alzheimer
O estudo é notável não só pelos seus insólitos resultados, mas também pelo paradigma alternativo que representa no tratamento de uma doença crônica complexa. Nós gastamos bilhões de dólares em um esforço para entender as bases moleculares da doença de Alzheimer na esperança de que isso vai levar a uma cura, ou pelo menos a terapias mais eficazes. E, embora tenhamos ampliado grandemente o nosso conhecimento da doença, não ofereceu muitos tratamentos bem-sucedidos.
A situação é análoga em característica, se não completamente, às muitas outras doenças crônicas com as quais lutamos agora, como a diabetes e as doenças cardiovasculares. Embora tenhamos medicamentos eficazes para estas condições, nenhum funciona perfeitamente, e todos têm efeitos negativos. Nossa compreensão dos processos celulares na raiz dessas doenças é sofisticada, mas o domínio técnico - o graal de uma cura - tem permanecido ilusório.

Reconhecendo essas dificuldades, os pesquisadores da UCLA optaram por uma abordagem diferente. Partindo da premissa de que a doença de Alzheimer é uma manifestação particular de um sistema altamente complexo em desordem, eles procuraram otimizar o sistema mudando os insumos. Dito de outra forma, os cientistas optaram por deixar de lado a caixa molecular que provou ser tão vexatório, e focar no contexto da própria caixa. Embora não possamos dizer exatamente como a intervenção funcionou, em um nível celular, o importante é que ele funcionou.

O método não é inteiramente novo. Os pesquisadores já mostraram que intervenções multi-facetadas, abrangentes de estilo de vida podem melhorar significativamente os resultados em doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão. Mas é difícil para essas abordagens para serem estimuladas por duas razões. Primeiro, esses protocolos são mais desafiadores do que simplesmente tomar um comprimido ao deitar. Os pacientes precisam de educação contínua, aconselhamento e apoio para efetuar mudanças significativas. E segundo, o modo farmacêutico de se fazer tratamentos está profundamente incorporado dentro do nosso moderno sistema médico. As companhias de seguros são criadas para pagar a medicação, não para mudar o estilo de vida; E os médicos são ensinados em farmacologia, não em nutrição.


Apesar dessas dificuldades, é hora de começar a levar essas abordagens muito mais a sério. A prevalência da doença de Alzheimer deverá triplicar nas próximas três décadas, para quase 14 milhões nos Estados Unidos. Diabetes e outras doenças crônicas devem seguir uma trajetória semelhante. Tentar enfrentar esta epidemia apenas com medicação erguerá novos personagens de problemas, do custo proibitivo aos efeitos adversos, sem endereçar objetivamente a causa subjacente. Sabemos que a completa modificação do estilo de vida pode funcionar para muitas doenças crônicas, em alguns casos, bem como alguma medicação. Merece mais do que uma menção passageira no final de um check-up anual - é hora de torná-lo  (o estilo de vida) uma pedra angular no tratamento não apenas da doença de Alzheimer, mas para todas as doenças crônicas.

Site do artigo original AQUI
www.aeon.co

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