quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Jejum

Sobre o Jejum Intermitente

Dias atrás foi a vez do UOL em uma bela reportagem dar enorme destaque a um costume milenar que vem ganhando força entre alguns dos nomes mais pertinentes da Nutrição: o Jejum Intermitente, ou apenas Jejum. O Jejum é a abstenção voluntária de alimento por um determinado tempo. Nesta prática está liberada o consumo de água, café e infusões como chá, desde que não contenham açúcar ou adoçantes artificiais.
Os benefícios do jejum são inúmeros. Um deles é a diminuição da Resistência à Insulina, o que auxiliaria indiretamente no emagrecimento (e controle da glicemia em diabéticos ou pré-diabéticos). Ele ainda pode promover o aumento da expectativa de vida já que essa abstenção programada e controlada de alimentos ativaria mecanismos de autodefesa das células, garantindo a elas uma maior longevidade.

O cientista Yoshinori Ohsumi, ganhador do Nobel de Medicina deste ano, tem parte de sua pesquisa tentando entender como o jejum e a restrição do consumo de alimentos estimula e induz a uma autofagia celular, regulando e reciclando organelas velhas ou malformadas. Para entendermos melhor, a redução da autofagia levaria ao acúmulo de componentes danificados, o que está associado à morte de células e ao desenvolvimento de doenças. Assim, o jejum ocasional ajudaria a manter esse mecanismo de autofagia ativo.

Poucos sabemos ainda qual seria o tempo de jejum que garantiria os maiores benefícios. Mas o maior recado que fica é sobre a frágil tese de que precisaríamos comer a cada 3 horas, por exemplo, como pregado por muitas associações de Nutrição. Ou ainda, que o jejum é perigoso ou nos levaria a problemas como tonturas, desmaios ou a uma menor capacidade cognitiva momentânea, por uma suposta incapacidade do cérebro em trabalhar sem fornecimento constante e periódico de glicose.

A verdade é que o jejum está presente há milhares de anos em povos e culturas. Chega a ser decepcionante o nível do debate entre nutricionistas quando defendem uma dieta baseada em altos valores de carboidrato para suprir uma necessidade exagerada de glicose ao cérebro. No capítulo 2 de O Treinador Clandestino relato a fraquíssima premissa de onde saíram os valores recomendados de glicose e como o jejum não impede sequer que corramos sem maiores riscos. E em O Nutricionista Clandestino explico como deixamos o carboidrato passar a ser recomendado como base da nossa alimentação ainda que sendo um nutriente não-essencial ao ser humano.

Jejuar periodicamente em protocolos que variam de 12 a 24 horas uma vez por semana tem se mostrado e provado como uma prática saudável e segura, que deveria ser incluída em nossa rotina, como fazemos hoje ao recomendar a prática regular de atividade física. Mas para isso temos que quebrar antigos conceitos que equivocadamente nos ensinaram por décadas.

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