quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Obesidade oculta: um perigo invisível para seu filho

Obesidade oculta: um perigo invisível para seu filho

Hoje é um dia que marca a prevenção da obesidade no mundo, onde a Organização Mundial da Saúde pede mais atenção para o problema da obesidade nas crianças.
Mas como você que me acompanha aqui já sabe, eu não vou repetir o que você já deve ter lido por aí. Vou te ensinar o que é a perigosa obesidade oculta.
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Vou te mostrar algo novo, ainda mais preocupante e que necessita sua ação para AGORA! Não vou te explicar as definições de obesidade na infância, nem IMC, pois isso com uma rápida pesquisa você encontra aos montes. Quero te falar sobre um tema que ainda está mais concentrado no meio médico e acadêmico, mas que você e todas as pessoas que você gosta precisam saber.
Que estamos assistindo uma epidemia de obesidade não é novidade. E que os números vem crescendo especialmente no grupo das crianças e adolescentes também basta uma ida à praça de alimentação dos shoppings aos sábados.  Mas estamos vendo bebês de 6 meses tecnicamente obesos!!! Também há um aumento importante de obesidade nas grávidas, que nos dá medo do futuro.
Mas juntamente com o aumento da obesidade, vemos também cada vez mais precocemente crianças hipertensas, com pré diabetes e com alterações hepáticas iniciais da chamada doença hepática gordurosa não alcoólica, que aviso logo, é consequência da sobrecarga de açúcar na alimentação. São as chamadas doenças metabólicas ou síndrome metabólica.

O que é a obesidade oculta?

A questão que levanto aqui e batizo de obesidade oculta é ainda mais preocupante. E aí começo a falar sobre ela te perguntando: quantos adultos da sua convivência, aparentemente magrinhos e com IMC normal, fazem seus exames e descobrem glicemia alterada, pressão alta e esteatose hepática (gordura no fígado)?
Essas pessoas frequentemente estão com o que chamo de obesidade oculta, estão magras por fora e obesas por dentro (do inglês TOFIThin Outside Fat Inside).
O fenômeno foi incialmente estudado em adultos, e acontece quando apesar da pessoa estar com a aparência magra por fora, tem um excesso de gordura corporal interno, especialmente localizado na região abdominal, circundando e invadindo as vísceras. O corpo vai ficando com o metabolismo cada vez mais desregulado, inflamado e logo logo os exames mostram tudo o que está se desmantelando por dentro, mas sem sinais por fora.
tofiEstima-se que cerca de 20% dos adultos com IMC normal, são TOFI e só com avaliação mais apropriada da composição corporal podemos descobrir essa situação.
Na foto ao lado, você pode observar dois indivíduos, como mesmo IMC, sendo o da esquerda um TOFI com quase 6 litros de gordura interna, no meio dos orgãos e o outro com apenas 1,65 litros.


O que as crianças tem a ver com isso?

Com a descrição do problemas nos adultos, o Professor David McCarthy, especialista em obesidade da Universidade Metropolitana de Londres, começou a estudar a composição corporal de crianças e adolescentes e descobriu semelhante incidência do problema, onde cerca de 15% das crianças com IMC normal, tinham aumento significativo do percentual de gordura corporal e da presença de gordura ao redor dos orgãos.
Isso ressalta a importância de ir além da avaliação do IMC em crianças com histórico familiar de obesidade e de doença metabólica.
Há uma tendência mundial de aumento da gordura central, que é verificada pela crescente circunferência abdominal das crianças. E à medida que a circunferência abdominal aumenta, aumenta a gordura dentro do abdome e dos orgãos e a obesidade oculta dá sinal.
Há diversas formas de ter uma estimativa da gordura corporal, com precisões diferentes a depender do método. Mas com algumas medidas fáceis de serem executadas, o seu pediatra poderá suspeitar do problema e com a ajuda de um nutrólogo pediatra, endocrinologista e nutricionista, verificar a necessidade de intervenção naquelas que tem obesidade oculta, antes que seja tarde demais.

Como descobrir a obesidade oculta?

Diversas formas de acessar uma estimativa do percentual de gordura em crianças já foram testadas, ainda não temos um referencial ideal e que seja aplicado a todas as populações, idades e sexo, mas algumas pistas com medidas simples devem começar a fazer parte do exame físico da consulta de rotina pediátrica.
  • Circunferência abdominal – a partir dos 5 anos
  • Circunferência do pescoço
  • Altura em centímetros dividada pela circunferência abdominal – ideal menor que 0,5
  • avaliação do percentual da gordura corporal por dobras cutâneas
  • Medição do percentual de gordura e massa livre de gordura em aparelhos de bioimpedância
  • Em casos suspeitos, pedir exames da parte hepática, glicemia, colesterol e frações, triglicerídeos e verificar presão arterial

Chegamos ao limite!

O dia de hoje serve de alerta para todo o planeta, pois como já sabemos, praticamente nenhum país do mundo está livre da epidemia de obesidade e para sua reversão, devemos começar com uma ação forte nas crianças, adolescentes (especialmente nas futuras grávidas) e grávidas. Também precisamos de um grande investimento de educação nutricional e de prevenção em saúde nas escolas, cada uma deveria ter uma nutricionista e um pediatra.
A diminuição do consumo de alimentos ultraprocessados, especialmente as bebidas açucaradas, o alerta para o açúcar escondido e para a necessidade de diminuir o tempo de tela das crianças e a volta às atividades ao ar livre, lúdicas ou não, pode começar a reverter esse problema enorme. Saímos de uma epidemia de fome, para uma epidemia de excesso de alimentação. Cabe a nós lutar para resolver esse problema que compromete a expectativa de vida dos nossos filhos e que pode comprometer de forma importante a qualidade de vida da futuras gerações.

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