segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Low Carb - Reflexões sobre saúde e alimentação

sábado, 12 de setembro de 2015

Óleo de soja e a síndrome metabólica - um elo perdido na euforia dos tempos das crenças?

Óleo de soja provoca mais diabetes 

do que frutose e óleo de coco!

A seguir um artigo que saiu em 22/07/2015 no Science Daily.

Existe uma forte desconfiança que o consumo de óleos vegetais esteja associado de fato a uma gama muito grande de problemas de saúde que se tornaram mais comuns nos tempos atuais, afetando, inclusive,  uma parcela da população que geralmente era poupada como adolescentes e adultos jovens.
Estudiosos de lipídios - como Mary Enig (já falecida) - estão entre os primeiros a postularem sobre os riscos desses ingredientes, que ficaram comuns na mesa das famílias a partir da segunda metade do século XX.
O artigo a seguir é muito interessante, e carrega uma cautela típica dessa fase de transição entre conhecimentos tradicionais e os novos - sendo que esses acabam por reduzir a pó crenças que pareciam inatingíveis, quando ele compara gordura saturada de coco com de fontes animais. Como já vimos em artigo recente (LINK), o coco não é mais "inocente" que produtos de origem animal em termos de gordura saturada.
Marquei também uma frase incrível - para um artigo de pesquisa - dizer que o óleo vegetal pode ser bom para doença cardíaca - mesmo sendo ruim para todo o resto do quadro de síndrome metabólica! Isso pode parecer insano (ou uma piada de mal gosto), mas provavelmente foi colocado porque há um consenso na postulação ordinária da saúde nutricional de que lipídios de origem vegetal seriam bons para o coração (embora as últimas diretrizes nutricionais já tenham desmentido essa afirmação). O estudo admite porém que isso NÃO foi testado. De qualquer forma se um produto alimentar induz a mais obesidade, diabete e esteatose, quadros pesadamente associados à doença cardíaca, mesmo indivíduos com pouco conhecimento de medicina devem ter a perspicácia de imaginar o contrário do que foi advertido no final desse artigo.
Apesar desse viés, os dados objetivos, que são mostrados são merecedores de compartilhamento!


Uma dieta rica em óleo de soja provoca mais obesidade e diabetes do que uma dieta rica em frutose, um açúcar comumente encontrado em refrigerantes e alimentos processados, de acordo com um artigo recém-publicado por cientistas da Universidade da Califórnia, Riverside.

Os cientistas alimentaram ratos machos em uma série de quatro protocolos de alimentação que continham 40 por cento de gordura, semelhante ao que os americanos consomem atualmente. Em uma dieta os pesquisadores usaram óleo de coco, que consiste principalmente de gordura saturada. Na segunda dieta cerca de metade do óleo de coco foi substituída por óleo de soja, que contém principalmente gorduras polinsaturadas que é um dos principais ingredientes presente nos óleos vegetais. Essa dieta correspondeu com aproximadamente a quantidade de óleo de soja que os norte-americanos consomem atualmente (provavelmente o óleo vegetal mais usado pela população em geral, participante habitual das cestas-básicas no Brasil, NT.).

As outras duas dietas tinha adicionado frutose, comparável com a quantidade consumida por muitos americanos. Todos as quatro dietas continham o mesmo número de calorias e não houve diferença significativa na quantidade de alimentos ingeridos pelos ratos nas dietas. Assim, os investigadores foram capazes de estudar os efeitos das diferentes gorduras e da frutose no contexto de uma ingestão calórica constante.

Em comparação com os ratos na dieta de elevado teor de óleo de coco, os ratos na dieta de óleo de grãos de soja mostrou maior ganho de peso, com depósitos de gordura maiores, um fígado gordo com sinais de lesão (esteatose), diabetes e resistência à insulina, os quais fazem parte da Síndrome Metabólica. Com a frutose na dieta (os ratos) tiveram efeitos metabólicos menos severos do que com o óleo de soja, embora isso tenha causado mais efeitos negativos no rim e um aumento marcado no prolapso retal, um sintoma de doença inflamatória do intestino (ou Síndrome do Intestino Irritável), que, tal como a obesidade está aumentando.

Os ratos com uma dieta rica em óleo de soja aumentaram quase 25 por cento mais no peso do que os ratos na dieta de óleo de coco e cerca de 9 por cento a mais peso do que aqueles com dieta enriquecida com frutose. E os ratos na dieta enriquecida com frutose ganhou 12 por cento mais peso do que aqueles em uma dieta rica em óleo de coco.

"Esta foi uma grande surpresa para nós - que o óleo de soja está causando mais obesidade e diabetes do que a frutose - especialmente quando você vê manchetes todos os dias sobre o papel potencial do consumo de açúcar na atual epidemia de obesidade", disse Poonamjot Deol, o cientista assistente de projetos que dirigiu o projeto no laboratório de Frances M. Sladek, professor de biologia celular e neurociência.

Esse artigo, "O óleo de soja é mais obesogênico e diabetogênico do que o óleo de coco e frutose em ratos: potencial implicação para o fígado", foi publicado em 22 de julho na revista PLOS ONE.

Nos EUA o consumo de óleo de soja tem aumentado consideravelmente nas últimas quatro décadas devido a uma série de fatores, incluindo os resultados dos estudos da década de 1960 que encontraram uma correlação positiva entre ácidos graxos saturados e o risco de doença cardiovascular. Como resultado desses estudos, orientações nutricionais foram criadas para encorajar as pessoas a reduzir o consumo de gorduras saturadas, comumente encontrados em carnes e produtos lácteos, e aumentar a sua ingestão de ácidos graxos poliinsaturados encontrados em óleos vegetais, como o óleo de soja.

Ao estabelecer novas orientações, assim como o aumento no cultivo de soja nos Estados Unidos, tem levado a um aumento notável do consumo de óleo de soja, que é encontrado em alimentos processados, margarinas, molhos para saladas e alimentos de snack. O óleo de soja já responde por 60 por cento do óleo comestível consumido nos Estados Unidos. Esse aumento no consumo de óleo de soja reflete o aumento das taxas de obesidade nos Estados Unidos nas últimas décadas.

Durante o mesmo período, o consumo de frutose nos Estados Unidos aumentou significativamente, de cerca de 37 gramas por dia, em 1977, e cerca de 49 gramas por dia em 2004.

O horizonte levantado por esse artigo é visto como sendo a primeira exposição que coloca lado a lado  os impactos da gordura saturada, gordura insaturada e frutose sobre a obesidade, diabetes, resistência à insulina e doença hepática gordurosa não alcoólica (esteatose), que juntamente com doenças cardíacas e hipertensão, são referidos como a síndrome metabólica.

O estudo também inclui extensa análise de mudanças na expressão gênica e os níveis de metabólitos nos fígados dos ratos alimentados com estas dietas. Os resultados mais surpreendentes foram aqueles que mostraram que o óleo de soja afeta significativamente a expressão de muitos genes que metabolizam drogas e outros compostos estranhos que entram no corpo, o que sugere que uma dieta enriquecida com óleo de soja poderia afetar a resposta a drogas em geral (medicamentos) e tóxicos ambientais, considerando que os seres humanos mostrem a mesma resposta que os ratinhos.

Os pesquisadores da UC Riverside também fizeram um estudo com óleo de milho, que induziu mais obesidade do que o óleo de coco, mas não da mesma forma que o óleo de soja. Eles estão atualmente fazendo testes com banha e azeite de oliva. Eles não testaram o óleo de canola ou azeite de dendê.

(Isso, a seguir, marcado em amarelo, honestamente, não precisava ter sido adicionado ao texto:)
Os pesquisadores alertaram que eles não pesquisaram os impactos das dietas sobre as doenças cardiovasculares e fizeram uma observação no artigo que o consumo de óleos vegetais poderiam ser benéficos para a saúde cardíaca, mesmo se ele também induzisse à obesidade e diabetes.

Eles também observaram que há muitos tipos diferentes de gorduras saturadas e insaturadas. Isto é particularmente verdadeiro para as gorduras saturadas em produtos de origem animal que foram associados com a doença de coração nos estudos da década de 1960: eles tendem a ter um comprimento de cadeia mais longo do que as gorduras saturadas em óleo de coco.

O mais recente artigo relacionado com esses resultados divulgados acima, foram de cientistas do laboratório de Sladek e do Centro da UC Davis West Caost Metabolomics que compararam o óleo de soja regular com um novo óleo de soja geneticamente modificada.

Essa pesquisa, apresentada em uma conferência em março, constatou que o novo e geneticamente modificado, óleo de soja rico em ácido oleico (Plenish), tem uma menor quantidade de ácido graxo poliinsaturado do óleo de soja tradicional, e seria mais saudável do que o óleo de soja regular, mas apenas discretamente (mais saudável). Usando ratos, os pesquisadores descobriram que o óleo Plenish também induz ao fígado gordo embora induza à menos obesidade e diabetes. É importante notar que não causam resistência à insulina, uma condição pré-diabética. Deve-se notar que tanto o óleo de soja regular como o Plenish são de soja que são geneticamente modificadas para serem resistentes ao herbicida Roundup.

Os investigadores estão agora a ultimar um manuscrito sobre estes resultados, que também incorpora testes feitos com azeite de oliva.

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