Óleos vegetais extraídos de sementes
PODERIAM OS CHAMADOS "SAUDÁVEIS" ÓLEOS VEGETAIS ESTAREM NOS TORNANDO GORDOS E DOENTES?
Artigo traduzido por Antônio Junior. O original está aqui.
por James DiNicolantonio e Sean Lucan
Embora tenha sido reportado ao ponto de não chamar mais a atenção, ainda
é chocante que 1/3 dos adultos americanos estejam acima do peso, com
mais outro 1/3 (35,7%) sendo obeso.
O atual nível de obesidade é particularmente notável quando se
considera a trajetória surpreendente; de 1960-2010, a percentagem de
americanos obesos quase triplicou em geral, e mais do que triplicou
entre os homens. Além disso, o percentual de americanos extremamente
obesos – essencialmente zero em 1960 –totalizou 6% da população em 2010.
As linhas de tendência só parecem apontar para cima. E junto com
cinturas em expansão, houve correspondentes altas em condições
relacionadas, como diabetes, colesterol não-saudável e doença cardíaca.
Peritos têm adiantado os diversos culpados dietéticos como possíveis
explicações para essas tendências alarmantes. Mas uma possibilidade
interessante tem recebido pouca atenção: alguns dos óleos que fomos
aconselhados a consumir.
A transição a partir de gorduras sólidas para gorduras líquidas
Com as preocupações do final do século XX acerca das gorduras saturadas
na dieta e sua relação com doenças cardíacas, várias recomendações
dietéticas apelaram para a substituição das gorduras saturadas por
gorduras insaturadas. Como resultado, gorduras líquidas (vários óleos)
substituíram gorduras sólidas (como manteiga).
Ao longo das últimas décadas, o consumo de óleos de vegetais e de
sementes como as de algodão, de soja, milho, canola, cártamo e
girassol, aumentaram substancialmente. Por exemplo, de 1970 a 2000, o consumo médio de óleo de soja passou de cerca de 2kg. por pessoa por ano para cerca de 13kg.
Todos os outros óleos mencionados acima, incluindo o óleo de soja, são
ricas fontes de ácidos graxos insaturados. Em particular, muitos destes
óleos são fontes ricas em ácido linoleico.
Podemos agora estar consumindo mais ácido linoleico do que nossos corpos evoluíram para lidar
Hoje, o ácido linoleico sozinho fornece até 8% do
total de nossas calorias diárias, enquanto que para os seres humanos
pré-agrícolas, o ácido linoleico teria contribuído apenas cerca de 1-3%
do total de calorias diárias. Em outras palavras, podemos agora estar
consumindo 2,5-8 mais vezes ácido linoleico do que nossos corpos podem
ter evoluído para lidar durante as centenas de milhares de anos antes do
relativamente recente advento da agricultura (e o advento ainda mais
recente do processamento industrial de comida).
Poderia o evidente e recente aumento no consumo de ácido linoleico estar
esmagado nossa tolerância, expandindo nossas cinturas e nos tornando
doente? Talvez.
O ácido linoleico poderia estar aumentando nosso risco de obesidade e problemas de saúde relacionados
Sabemos a partir de experiências em camundongos, que o aumento da
ingestão de ácido linoleico entre 1% e 8% pode resultar em sinais
cerebrais que estimulam uma maior ingestão de alimentos e promover a engorda do corpo. Maior ingestão de ácido linoleico parece mascarar uma sensação de plenitude e de aumentar o tamanho das células adiposas. Administrando o ácido linoleico (ou melhor, a administração de óleo de soja, que é uma fonte generosa) parece produzir a obesidade e o diabetes em
ratos e é mais prejudicial do que a administração quer do óleo de coco
(alto teor de gorduras saturadas) ou frutose (um açúcar que
demonstradamente promove a gordura abdominal e problemas de saúde associados).
No ser humano, o ácido linoleico pode contribuir igualmente para a
obesidade e danos relacionados. Numa experimento randomizado, comparando
a suplementação de óleo de soja contra a suplementação de óleo de coco,
o óleo de coco (de novo, cheio de gordura saturada) parecia promover
uma redução na gordura abdominal, ao passo que o óleo de soja, rico em
ácido linoleico, não produziu tal redução e possivelmente tornou os
participantes mais gordos enquanto definitivamente tornou seus perfis de colesterol piores.
Como ácido linoleico pode aumentar nosso risco de obesidade e problemas
de saúde relacionados? Uma maneira pode ser que o ácido linoleico (um
ácido poliinsaturado de tipo designado ômega-6) competecom
e obstrui outros ácidos poliinsaturados (de um tipo designado como
ômega-3) no corpo. Embora os seres humanos paleolíticos provavelmente
consumissem uma dieta com teores de ômega-6 e ômega-3 na proporção de
cerca de 1:1, a dieta ocidental típica hoje tem uma relação de mais
perto de 16:1. Considerando que os efeitos de promoção de gordura de ácido linoleico podem ser evitados com o consumo suficiente de ácidos graxos ômega-3, o consumo de ácido linoleico sem consumo concomitante de ômega-3 suficiente pode levar à resistência à insulina e pré-diabetes. O excesso de ômega-6, como o ácido linoleico pode também evitar o chamado "escurecimento" da gordura branca, isto é, a conversão da gordura a partir de um tecido que armazena a gordura em um que queima gordura.
Substituir gordura saturada por óleos de elevado teor de ômega-6 pode realmente aumentar o risco de doença cardíaca
O ácido linoleico pode até mesmo ajudar predeterminar a obesidade
através de efeitos in-útero e no início do desenvolvimento. Quando ratas
grávidas/lactantes são alimentadas com uma dieta rica em ácido
linoleico vs. uma dieta equilibrada em ômega-3 e ômega-6, somente a
dieta rica em ácido linoleico ômega-6 provoca obesidade nos filhotes.
Este efeito pode ser devido à capacidade do ácido linoleico estimular a
formação de novas células de gordura a partir de células precursoras.
Se os resultados se estendem para os seres humanos, a implicação seria
que o consumo elevado de ácido linoleico em mulheres grávidas ou
lactantes poderia predispor seus filhos a nascer mais pesados ou
tornarem-se mais pesados mais tarde na vida. E fórmulas infantis ricas
em ácido linoleico podem agravar o problema, promovendo a obesidade
infantil.
Dada a ciência emergente, é preocupante que a recomendação dietética
para os americanos ainda incentive a substituição de gorduras saturadas
por óleos frequentemente ricos em ácido linoleico ômega-6.
Por exemplo, a American Heart Association ainda recomenda que todos os
americanos consumam pelo menos 5-10% de suas calorias totais a partir de
óleos com elevado ômega-6.
Parte da lógica por trás da recomendação é que as gorduras saturadas
tendem a aumentar o colesterol não-saudável, enquanto que óleos ômega-6
tendem a abaixá-lo – partindo do princípio de que substituir o primeiro
pelo segundo vai levar a menos doenças cardíacas e melhor saúde. Mas o
oposto pode de fato ser verdade: substituir a gordura saturada por óleos
elevados em ômega-6 pode realmente aumentar o risco de doença cardíaca
e morte. É necessária uma re-avaliação da recomendação.
Nesse ínterim, cozinhar
com óleos pobres em linoleico (por exemplo, azeite), ou mesmo os óleos
mais elevados em gordura saturada (por exemplo, coco), pode nos ajudar a
viver mais tempo, com cinturas mais finas e melhor saúde. O mesmo poderia valer para comer
alimentos não-processados (por exemplo, sementes e produtos hortícolas
não-processados), em oposição aos óleos isolados que vêm deles.
Para o consumidor consciente sobre saúde, é importante notar que óleo
linoleico elevado em ômega-6 é encontrados em maiores proporções nos
alimentos ultra-processados. O teor de óleo desses produtos representa
apenas mais uma razão convincente para evitar comê-los.
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