Biscoito é gordura saturada de acordo com estudo
O estudo de Ancel Keys influenciou as políticas da USDA (Departamento de agricultura dos EUA) na criação da antiga pirâmide alimentar americana, que reflete a política do governo americano com relação a alimentação e também as políticas do “ Instituto Nacional de Excelência Clínica”- The National Institute of Clinical Excellence (NICE), órgão governamental da área de saúde pública do Reino Unido responsável por guiar algumas das práticas de saúde pública.
Este último alega que a redução do consumo de gorduras saturadas para menos de 10% do consumo total de calorias diárias, assim como a substituição da gordura saturada por óleos processados gera uma diminuição no risco de desenvolvimento de doenças cardíacas e pode salvar 30.000 vidas. Nada poderia estar mais longe da verdade, de acordo com este estudo conduzido por J Baker et al e muitos outros.
O estudo de Ancel Keys serviu como um dos pilares para a “hipótese da dieta/coração” (The diet-heart hypothesis), que é a crença de que a gordura saturada e o colesterol consumido são os responsáveis pelo aumento do colesterol sanguíneo, logo, aumentando o risco do desenvolvimento de doenças cardíacas. Esta hipótese ainda reflete a opinião pública dos EUA, que influenciou a opinião pública e as recomendações alimentares dos governos de muitos outros países como o Brasil.
De acordo com Baker, o estudo feito por Ancel Keys incluiu carboidratos e alimentos altamente processados e os classificou como gorduras saturadas. O Instituto Nacional de Excelência Clínica dos EUA passaram também a classificar carboidratos e alimentos processados como biscoitos, doces, sorvete, salgados e bolos como sendo gordura saturada.
De acordo com Ancel Keys, isto é gordura saturada.
A interpretação do estudo de Ancel Keys, ao invés de ser a de que o consumo de gorduras saturadas aumenta o risco do desenvolvimento de doenças cardiovasculares, foi a seguinte:
“A evidência indica que alimentos processados estão fortemente associados ao aumento da obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e outras doenças de nossa sociedade moderna. Os nutrientes macro e micro encontrados na carne, peixe, ovos e produtos lácteos, são vitais para a saúde humana e o consumo destes alimentos nutritivos deve ser incentivado.”
Outro fato que comprova a manipulação dos resultados é a seleção dos países estudados para que fosse dada a conclusão tendenciosa. Havia mais de 16 países com dados disponíveis para a conclusão do estudo que foram ignorados, para que a correlação que ele desejava obter fosse alcançada. Se ele tivesse escolhido outros 6 países, como apresentado nos quadros abaixo (tanto da esquerda como da direita) ele poderia ter demonstrado que quanto maior o percentual de gordura na dieta, menor o número de mortes por doenças cardíacas.
Novamente, este não é o único estudo que desmascara a relação do consumo de gorduras saturadas com o desenvolvimento de doenças cardíacas. Parece haver uma grande diferença entre as recomendações públicas sobre o consumo de gorduras, gordura saturada e carboidratos e as evidências científicas disponíveis atualmente. A confusão gerada por pesquisas como a de Ancel Keys apenas faz parte do problema, que é multi-fatorial, estando provavelmente relacionado a diversos fatores. No entanto quem sofre com as consequências como sempre é o público.
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