Mulheres e Jejum
Artigo traduzido por Antônio Junior. O original está aqui.
Esse artigo é parte de uma série sobre jejum, escrita pelo Jason Fung.
Esse artigo é parte de uma série sobre jejum, escrita pelo Jason Fung.
- Parte I: Jejum, uma história
- Parte II: Fisiologia do jejum
- Parte III: Jejum e Hormônio do Crescimento
- Parte IV: Jejum e lipólise
- Parte V: Mitos sobre o jejum
- Parte VI: Regimes de jejum
- Parte VII: Regimes de jejum mais longos
- Parte VIII: O segredo ancestral da perda de peso
- Parte IX: Redução calórica x Jejum
- Parte X: Mulheres e jejum
- Parte XI: Banquetes e jejuns: O ciclo da vida
- Parte XV: Jejum e massa magra
por Jason Fung
Não surpreendentemente, o uso de jejum para perda de peso tem uma longa
história uma vez que é, bem, óbvio. Quer dizer, todo mundo entende que
se você não comer, muito provávelmente perderá peso. O que torna ainda
mais surpreendente é o quanto as pessoas temem perder uma única
refeição, muito menos jejuar por um período prolongado de tempo. Eles
pensam que o jejum (não comer) vai fazer você engordar. Isso é como
dizer que espirrar água na sua cabeça vai secar seu cabelo. Isso é
dietética moderna para você. Um tipo de mundo bizarro.
Ainda há muitos médicos que argumentam que comer açúcar não é ruim para diabéticos tipo 2.
Te faz pensar como foi que eles concluíram a faculdade de medicina. Uma
vez que é bastante óbvio que a falta refeições leva ao ganho de peso, o
velho bicho-papão, o "modo de fome" é muitas vezes invocado para
instilar medo. Contos de pessoas "arruinando" seu metabolismo são
abundantes. As empresas de alimentos, é claro avidamente "educam"
profissionais médicos sobre os perigos de pular refeições e a segurança
de comer açúcar.
Ninguém ganha dinheiro quando você pula refeições.
O jejum apareceu na literatura médica mais de 1 século atrás. Curiosamente, eles descrevem "jejuantes profissionais"
que jejuavam por períodos de tempo específicos, para exposição. Um
jejuante profissional passou 30 dias e bebeu uma quantidade de sua
própria urina. Pense numa carência de entretenimento. Mais ou menos como
observar tinta secar. Isto foi descrito no conto de Franz Kafka "Um
Artista da Fome". Jejum por entretenimento foi popular entre 1883-1924.
Meu palpite é que realmente não é tão divertido assim.
No início de 1900, os Drs. Folin e Denis descreveram o jejum como "um
método seguro, inofensivo e eficaz para reduzir o peso das pessoas que
sofrem de obesidade". Ótimo. Isso é exatamente o que precisamos. Algo
seguro, inofensivo, e eficaz. O fato de que o jejum tem sido realizado
(principalmente para fins religiosos) por vários milhares de anos só
reforçou a longa história de segurança. É difícil argumentar que o jejum
é perigoso, se as pessoas têm feito por 5000 anos. Podem também
argumentar que o uso de sabão é perigoso. No entanto, os mitos sobre os perigos do jejum estão em toda parte.
No início dos anos 1950, o Dr. W. Bloom reacendeu o interesse em jejum
como medida terapêutica, principalmente usando períodos menores de
jejum. No entanto, muitos períodos mais longos, também foram descritos
na literatura. Dr. Gilliland avaliou
o ressurgimento do jejum na década de 1950 e 1960 e relatou sua
experiência com 46 pacientes "cujo regime de redução começou com um
jejum absoluto de 14 dias". Uau. Eu amo isso. Quando digo às pessoas
para jejuar por mais de 24 horas, seus olhos saltam das órbitas. Essas
pessoas tiveram um jejum "padrão" que durou 2 semanas! E isso foi apenas
o começo!
Destes,
havia 14 homens e 32 mulheres. Isto é importante, porque recebo
constantemente perguntas sobre se o jejum funciona para as mulheres.
Acredito que deve-se, principalmente, a um post encontrado online (N.T.: é o post da Stefani Ruper que foi traduzido aqui)
que foi visto perto de 100.000 vezes. O que ela escreveu em 2012 é
isto: "jejum intermitente e mulheres: as mulheres devem jejuar? Os
poucos estudos que existem apontam para não".
Nada está mais longe da verdade. Existem centenas de estudos abrangendo
mais de 100 anos e experiência clínica, abrangendo 5000 anos que apontam
para o fato de que as mulheres e os homens respondem mais ou menos
igualmente, exceto na situação de baixo peso. Este é um problema fácil.
Alguém que esteja seriamente abaixo do peso, deveria jejuar? Uh, não.
Você não tem que ser um gênio para descobrir isso sozinho. Se você está
severamente abaixo do peso e jejua, você pode se tornar infértil, sim.
Considere os últimos 2000 anos da história humana. As mulheres
muçulmanas estão "isentas" de jejuar? As mulheres budistas estão
"isentas" de jejuar. Mulheres católicas estão "isentas" de jejuar?
Então, nós temos milhões de pessoas-anos de experiência prática com as
mulheres e jejum. E não há problemas em 99.9% dos casos. Em nossa
própria clínica, onde tratamos perto de 1000 doentes, não notei nenhuma
diferença significativa entre homens e mulheres. Se algo é diferente, é
que as mulheres tendem a se saírem melhor. Homens, ao que parece, às
vezes são apenas bebês grandes. Vou citar aqui, também, que as maiores
taxas de sucesso vêm quando marido e mulher fazem-no juntos.
No entanto, as mulheres grávidas são, na prática, isentas de
jejum em quase toda a religião humana. Assim como as crianças. Em ambas
as situações, isso faz sentido perfeitamente lógico. Essas pessoas
precisam de nutrientes adequados para o crescimento, e as populações
humanas sempre reconheceram isso.
Vamos ser claros aqui. O ponto levantado é que vários problemas vêm com o
jejum em mulheres. Bem, eles aparecem em homens em jejum, também. Às
vezes as mulheres não perdem peso da maneira que querem. Bem, isso
acontece com os homens, também. O problema da amenorréia surge quando a
gordura corporal é muito baixa. Sim, isso não é um problema que tratamos
com o jejum. Se a amenorréia ou quaisquer outros problemas aparecerem
durante o jejum, pare imediatamente. A questão das mulheres e jejum é
apenas mais um mito concebido para desencorajar o jejum. Praticamente
todos os estudos dos últimos 100 anos incluíram homens e mulheres.
Enfim,
de volta ao estudo. Os pacientes foram internados em uma enfermaria
metabólica durante os primeiros 14 dias e autorizados a consumir apenas
água, chá e café. Depois disso, receberam alta e lhes foi pedido para
seguir uma dieta de 600-1000 calorias. Engraçado que 2 pacientes
pediram (!) para ser readmitidos por um segundo período de 14 dias de
jejum, porque eles queriam melhores resultados. Funcionou? Há alguma
dúvida?
A Perda de peso média foi de 7.74kgs em 14 dias. Isto dá um pouco mais
que os 200g por dia de perda de gordura vistos em jejuns mais
prolongados. Isto indica que algo da perda de peso inicial rápida é o
peso da água. E é confirmado pela rápida recuperação de peso após a
realimentação. É importante entender isso, a fim de evitar a decepção que muitas vezes acompanha o ganho de peso após comer novamente.
Essa perda de peso rápida e recuperação é o peso da água e não um
reflexo de que o jejum "falhou". 44 de 46 pacientes completaram o
período de jejum de 2 semanas. Um desenvolveu náuseas e um simplesmente
decidiu parar e desistiu.
Isso dá uma taxa de sucesso de 96% para um regime tão longo
quanto um jejum de 2 semanas! Esta é a nossa experiência clínica também.
As pessoas sempre pensam que não podem fazê-lo, sem nunca terem
experimentado uma única vez. Uma vez que começamos com o jejum,
pacientes em nosso programa intensivo de gestão dietética rapidamente
percebem que é realmente muito fácil.
No entanto, após o período de jejum, os pacientes foram instruídos a
manter-se em uma dieta de baixa caloria. Essa foi terrivelmente
mal-sucedida. 50% dos pacientes não aderiram a ela além do período de
acompanhamento de 2 anos que se seguiu. Ao invés de aplicar técnicas
intermitentes bem-sucedidas, eles voltaram para a restrição de energia
constante vencida, que discutimos no último post.
O ponto-chave aqui é que o ritmo natural da vida é banquete e jejum. Há
momentos em que você deve deleitar-se (casamentos, festas), e há
momentos em que você deve jejuar. Intermitente. Restringir calorias
constantemente por anos a fio não é natural e, finalmente, pior, sem
êxito.
As cetonas apareceram na urina a partir do dia 2 e persistiram ao longo
do período de jejum. Todos os 3 pacientes diabéticos foram afastados da
insulina injetáveo ao final de 2 semanas. Um paciente com insuficiência
cardíaca congestiva grave foi capaz de andar sem sentir falta de ar até o
final. Este jejum de 2 semanas não foi prejudicial, como já foi dito,
mas extremamente benéfico.
Foi
difícil? Na verdade, Dr. Gilliland descreve um "sentimento de
bem-estar" e "euforia". Com fome? Bem, não. "Nós não encontramos
queixas de fome após o primeiro dia. Nós não encontramos anorexia".
Essas experiências foram ecoadas por outros pesquisadores da época.
Dr. Drenick, do Centro VA em Los Angeles, também escreveu extensivamente sobre o jejum terapêutico.
Sua experiência foi publicada em 1968. Este foi um momento de renovação
do interesse em jejum para perda de peso. Ele publicou sua experiência
de 6 homens e 4 mulheres (sim, outra vez, havia mulheres no estudo).
Funcionou? Em uma palavra, sim.
As mulheres devem jejuar? sim
Homens devem jejuar? sim
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