sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Beleza Tóxica: O perigo dos produtos de beleza

Beleza Tóxica: O perigo dos produtos de beleza por Dr. Carlos Braghini Jr



Se você está lendo este artigo neste blog é por que se preocupa não só com a estética, mas com sua saúde. E é óbvio que você em suas andanças pela internet já leu ou recebeu informações sobre a toxicidade de alguns produtos de beleza. E é também muito provável que tenha ficado confusa com informações frequentemente desencontradas. 

Vou tentar colocar ordem na casa apresentando um panorama sobre os cosméticos, e o que parece ser consenso entre os especialistas em saúde. Mas antes de tudo, mesmo os textos alarmistas, contendo alguns exageros, estão certos num aspecto: os cosméticos são uma das principais fontes de contaminação por toxinas a que as pessoas se submetem, dia após dia. Mesmo que seus produtos sejam comprados em lojas “naturais” ou tragam em seus rótulos qualquer outro título fruto do marketing verde. Aprender a se proteger pode fazer toda a diferença, até porque é sempre bom lembrar que o maior órgão do corpo humano é a pele.

Aos questionamentos sobre a segurança do uso de certas substâncias tóxicas, a indústria de higiene pessoal geralmente se defende dizendo que elas são usadas em pequenas quantidades e que não causariam problemas maiores. 

Na verdade, apesar de estarem realmente em pequenas quantidades, fica cada vez mais claro que sua toxicidade ocorre por dois fatores concomitantes: uso cotidiano e efeito sinérgico. Produtos de beleza são usados de forma contínua, todos os dias, isto é: xampus, cremes, maquiagem, hidratantes etc. Isto significa que você usa em seu corpo produtos que contém toxinas em pequenas quantidades, mas que vão se acumulando progressivamente.

Seu corpo possui uma maquinaria enzimática que foi desenvolvida ao longo de milhões de anos, baseado no tipo de substâncias que entramos em contato ao longo de nossa história na Terra. Só que o desenvolvimento da indústria química atual nos faz entrar em contato com substâncias que nunca existiram antes e que não existem na natureza. Se não são adequadamente metabolizadas e eliminadas, acabam se acumulando em nosso corpo. E é esse efeito cumulativo que traz riscos potenciais. 

A outra questão envolvida é que a máxima de que “o todo é maior do que a soma das partes” cabe bem aqui. O corpo pode até conseguir lidar com pequenas quantidades de uma toxina, mas um produto de beleza contém muitas “pequenas quantidades” juntas. E uma acaba por potencializar o efeito tóxico da outra, daí o efeito sinérgico.

Sim, minha amiga – digo amiga, pois os homens sofrem também, mas em menor proporção. Não sei por vocês, mas imaginem uma criança que pinta as unhas ou usa maquiagem: com que idade ela começa a usar produtos de maquiagem e beleza? 14, 15, 18, 20? Não importa quando comece, mas agora pense comigo: quando ela irá para de usar estes produtos? 60, 70, 80, 90? É uma vida inteira acumulando “pequenas” quantidades de inúmeros produtos químicos. 

Esta é a razão principal deste artigo: alertá-la para que possa se defender e minimizar a exposição às toxinas e outras substâncias.Muitas das toxinas encontradas em nosso sangue foram absorvidas do meio ambiente; consequentemente, muitas vezes somos os responsáveis por este autoenvenenamento. 

A maior parte dos produtos de beleza, maquiagem, perfumes, cremes (sem contar os para lavar as roupas, limpar a casa e até mesmo aquele cheirinho de carro novo) possuem substâncias químicas que rompem o balanço hormonal e afetam negativamente o sistema endócrino. 

Estas substâncias recebem o nome de disruptores endócrinos, disruptores ambientais ou xenohormônios. O radical “xeno” quer dizer “estranho". Elas podem se acumular no organismo, levando ao desequilíbrio hormonal. 

A grande maioria destes pseudo-hormônios possui ação semelhante ao estrogênio, o hormônio feminino produzido principalmente, pelos ovários. Por isso não é difícil encontrar uma correlação entre o uso de cosméticos e o desequilíbrio hormonal que encontro hoje em mulheres antes dos 40 anos. A maioria está num quadro que o John Lee, o maior estudioso de hormônios femininos chama de dominância estrogênica

No meu livro, Ecologia Celular, eu trato deste assunto: “O ideal seria controlar a indústria química, algo que está sendo tentado na Europa, onde tramita no Parlamento Europeu o projeto de lei REACH (siglas em inglês de Registro, Avaliação e Autorização de Químicos). É uma questão sensível já que 86% dos 2.500 produtos químicos mais usados carecem de informação pública sobre sua segurança. A própria Agência Europeia do Meio Ambiente reconheceu, em 1998, que "a exposição generalizada em baixas doses de substâncias químicas pode causar danos, possivelmente irreversíveis, especialmente a grupos vulneráveis como crianças e mulheres grávidas"

A realidade é que não devemos aguardar uma ação política em grande escala. Esses agentes químicos encontram-se ao nosso redor, na nossa alimentação, na água, no ar e nos produtos industrializados, e a nossa única opção é decidirmos por nossa própria conta, como consumidores esclarecidos. 

Hoje, cerca de 80.000 produtos químicos estão em uso comercial e a cada 20 minutos a indústria coloca mais um no mercado. Por isso, alguns indivíduos contêm mais de 500 destas substâncias em seus próprios corpos. 

O The Mount Sinai School of Medicine, de Nova Iorque, testou o sangue e a urina de alguns voluntários e encontrou:
  • 167 componentes químicos industriais, numa média de 91 componentes por pessoa, sendo que dos 167 componentes químicos:
  • 76 são reconhecidamente causadores de câncer em humanos,
  • 94 são tóxicos ao cérebro e ao sistema nervoso,
  • 82 afetam a respiração e os pulmões,
  • 86 afetam o sistema hormonal e
  • 79 provocam defeitos congênitos e/ou distúrbios no desenvolvimento da criança.
Outros pesquisadores vão pelo mesmo caminho: Margareth Schlumpf e suas colegas do Instituto de Farmacologia e Toxicologia da Universidade de Zürich, Suíça, detectaram de que muitos dos produtos químicos largamente utilizados em cosméticos, mimetizam os efeitos dos estrogênios e alavancam anormalidades comportamentais em ratos. 

Elas testaram seis produtos químicos comuns utilizados em filtros solares, batons e cosméticos faciais. Cinco dos seis testados – benzofenona-3 (BP3); homosalato; 4-metil-benzilideno-cânfora (4-MBC); octil-metoxicinamato e octil-dimetil-PABA – comportaram-se como estrogênios fortes em testes de laboratório, estimulando as células cancerígenas a crescerem mais rapidamente. 

Somente um dos produtos químicos, denominado butil-metoxidibenzoilmetano (B-MDM), mostrou-se não ativo. Um produto químico muito comum em filtros solares, o 4-MBC, apresentou forte correlação com mioma uterino e endometriose, quando misturado com óleo de oliva e aplicado na pele de ratos. "Foi assustador porque utilizamos concentrações presentes na média dos filtros solares", disse Schlumpf. Por tudo isso precisamos começar a nos conscientizar sobre os riscos de aplicar estas substâncias no nosso corpo!

Autor: Dr. Carlos Braghini Jr., médico, especialista em quiropraxia e autor do livroEcologia Celular.

Fonte: http://belezaorganica.blogspot.com/2011/10/os-riscos-dos-produtos-de-beleza-ii_09.html?spref=fb

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