Sistema Imunitário Intestinal: sua primeira defesa contra doenças
Sistema Imunitário Intestinal: sua primeira defesa contra doenças
A sabedoria popular já dizia: é melhor prevenir do que remediar. Isso é algo com o que eu concordo, mas muita gente parece ter esquecido essa velha e corretíssima frase! E ela tem tudo a ver com o tema de hoje, o sistema imunitário intestinal…
Há um fator importante que é necessário explicar e que as pessoas desconhecem quase completamente: o sistema imunitário intestinal. Na verdade, todos sabemos que a medula óssea é uma fonte de produção de células imunitárias. Por outro lado, ignora-se ainda muita coisa sobre esse outro sistema imunitário, o intestinal, que é muito ativo.
No intestino delgado existe uma zona chamada Placas de Peyers, em que as mucosas fabricam uma grande parte das nossas defesas imunitárias, como por exemplo, os anticorpos que nos defendem das infecções. Infelizmente, quando aparece uma infecção, tudo é esquecido e usa-se e abusa-se da terapia antibiótica, transformada em panaceia universal.
E, no entanto, grande parte das infecções, recaídas, alergias e desordens respiratórias são conseqüências, entre outros motivos, da ausência de imunoglobulinas fabricadas pelos tecidos linfoides intestinais. Não se surpreendam de saber que o intestino fabrica 70 a 80% das nossas células imunitárias, essencialmente linfócitos T, linfócitos B, macrófagos e células dendríticas. Essas células imunitárias têm, em primeiro lugar, um papel local a desempenhar contra os agressores que penetram no intestino.
As camadas celulares que compõem o intestino formam uma verdadeira barreira entre o interior e o exterior do organismo. Através dos alimentos ou da água engolimos grande quantidade de micróbios e bactérias que felizmente, são destruídos por este sistema imunitário. Caso contrário, penetrariam no organismo. Não podemos esquecer que a superfície da mucosa intestinal é considerável, sendo o equivalente a área de uma quadra de tênis. Esta enorme superfície está em contato permanente com a alimentação moderna, toxinas, micróbios etc. Estamos cada vez mais confrontados com alimentos sem qualidade!
O perigo do uso excessivo de antibióticos
Felizmente, a princípio estamos protegidos contra estes “invasores” pelo sistema imunitário intestinal, mas isto não acontece com todas as pessoas. A integridade deste sistema é essencialmente para uma manutenção das nossas defesas imunitárias contra infecções. Todavia, este conceito parece ser totalmente ignorado, sobretudo nos casos de infecções, pois limitam-se a prescrever antibióticos ou a anunciar campanhas de vacinas. E até agora, em cada inverno não tem diminuído os casos de infecções, bem ao contrário, aumentam de uma maneira inquietante.
Segundo estatísticas recentes publicadas nos Estados Unidos, uma pessoa em cada 400 tem um déficit de imunoglobulina A, o que demonstra uma imunodeficiência. No Brasil a situação deve ser similar ou mesmo mais séria, promovida por um consumo excessivo de medicamentos e antibióticos usados incorretamente nos adolescentes, o que leva a uma diminuição das próprias defesas imunitárias causando, mais cedo ou mais tarde, uma grande resistência de defesa às infecções.
Já na França, certos médicos pensavam que três a cinco tratamentos de antibióticos praticados em adolescentes, durante um inverno, seriam muito nefastos para a sua saúde futura. Hoje, chegam a utilizar-se dez tratamentos durante um inverno em certas crianças. É uma inconsciência sem qualquer segurança para elas. Deviam ser utilizados tratamentos preventivos, reforçar o sistema imunitário para tentar oferecer-lhes e promover uma melhor saúde. Mesmo a proteção de doenças graves como o câncer passa pelas defesas imunitárias intestinais, através da microflora e das colônias de bactérias aeróbias.
Não querendo dar importância extrema ao sistema de defesas intestinal, devemos, no entanto, concluir que ele é importante e se encaixa num sistema complexo até agora ignorado. E em vez de lhe darmos uma maior importância, através de uma correção alimentar ou suporte dietético, continuamos a agredi-lo e a desestabilizá-lo.
Referências bibliográficas:
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- J Musculoskeletal Pain, 2001;9(3):107-113
- Proc Nutr Soc, 1998;57:381-387.
- Clin Nutr, 2005;24:339-352
- Age and Ageing, 1992;21:1-4
- J Gastroenterol Hepatol. May 1, 2013
- Am J Clin Nutr. 2012 Sep;96(3):544-51
- Gut. 2012 Sep;61(9):1284-90
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