Gordura saturada supera a concorrência
Em um novo estudo, na verdade, uma meta análise de diversos estudos prospectivos de coorte foi feita com o objetivo de entender melhor a relação entre o consumo de gorduras trans e gorduras saturadas e o risco de mortalidade geral, por doenças cardíacas, diabetes e acidente vascular cerebral isquêmico (AVC Isquêmico).
O consumo de gorduras saturadas que são encontradas em diversos alimentos naturais não foi relacionado com a mortalidade total, tampouco com diabetes, AVC e doenças do coração. Entretanto, o consumo de gorduras trans, uma gordura com a estrutura molecular quimicamente alterada durante seu processamento industrial, foi associada com a mortalidade total anual (mortalidade por todas as causas), exceto Isquemia e diabetes tipo 2.
O consumo de gorduras trans industrial foi associada a mortalidade por doenças cardiovasculares, mas não a gordura trans encontradas em quantidades muito limitadas em animais de pasto, como bois, cabras e cordeiro, do mesmo modo que a gordura saturada destes animais não foi relacionada a nenhuma causa de mortalidade. A conclusão do estudo foi a seguinte:
Conclusions: Saturated fats are not associated with all cause mortality, CVD, CHD, ischemic stroke, or type 2 diabetes, but the evidence has methodological limitations. Trans fats are associated with all cause mortality, total CHD, and CHD mortality, probably because of higher levels of intake of industrial trans fats than ruminant trans fats. Dietary guidelines must carefully consider the health effects of recommendations for alternative macronutrients to replace trans fats.
Conclusão do estudo:
Gorduras saturadas não são associadas à mortalidade por todas as causas, doenças cardiovasculares, doenças coronárias, AVC isquêmico, ou diabetes tipo 2, mas a evidência possui limitações metodológicas. Gorduras trans são associadas com a mortalidade por todas as causas, provavelmente devido ao consumo de altos níveis de gorduras trans industrial, ao invés da gordura trans de animais ruminantes. As diretrizes nutricionais devem considerar cuidadosamente o efeito na saúde de recomendações para substituir as gorduras trans.”
Os resultados deste estudo, alinhados a outros estudos sobre o tema, demonstram que o foco na redução da gordura saturada como fator preventivo da aterosclerose e causas de morte não é suportada pelos dados estatísticos. A teoria lipídica há muito tempo vem sendo questionada e colocada contra a parede devido à falta de evidências na contribuição para as doenças do coração.
Em retrospectiva, é importante salientar sobre o estudo japonês recente, com mais de 50 mil participantes, que indica que níveis baixos de consumo de gordura saturada aumentam o risco de morte por AVC, com resultados que sugerem que o mesmo pode acontecer com no processo aterogênico que leva a doenças do coração.
Não preciso lembrar vocês de que neste ano de 2015 nos Estados Unidos e a “A Academia de Nutrição e Dietética”, a maior organização mundial de profissionais de alimentação e nutrição recomendou que se tirasse a gordura saturada e o colesterol dietético da lista de preocupações para a saúde. Então, por que ainda estamos discutindo sobre isso? Provavelmente porque as pessoas precisam saber a verdade sem distorções, em meio a promiscuidade gerada pela mídia e por questões políticas.
Para colocar em perspectiva para vocês leitores do blog, estudos clínicos e randomizados são o maior grau de evidência científica, enquanto estudos observacionais como estes, a princípio, fornecem evidência mais inconclusivas, que na verdade nem são chamados de evidência até que sejam de fato testadas e confirmadas pelos ensaios clínicos controlados. No caso da gordura saturada, o seu consumo em geral tem gerado desfechos positivos nos estudos controlado, e portanto gravitam em direção ao suporte da hipótese das observações.
Do mesmo modo que não há evidência observacional para a restrição da gordura saturada dos alimentos, tampouco há evidência clínica para sua limitação, visto também que dietas low-carb e paleolíticas testadas por uma abundância de experimentos demonstram ser muito úteis na redução do peso, saciedade e melhora dos biomarcadores de saúde.
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