segunda-feira, 28 de março de 2016

O perigo dos tratamentos para o colesterol

Os perigos das estatinas
A hipercolesterolemia é o tema de saúde do século XXI. É de fato uma doença inventada, um “problema” que emergiu quando os profissionais de saúde aprenderam a medir os níveis de colesterol no sangue. O colesterol elevado não exibe nenhum sintoma mais óbvio – outras condições distintas de alterações no sangue, como a diabetes ou a anemia, são doenças que se manifestam por sinais que podem denunciar algum problema, como sede ou fraqueza – a hipercolesterolemia exige os serviços de um médico para descobrir sua presença. Muitas pessoas que se sentem perfeitamente saudáveis “sofrem” de colesterol elevado – na realidade, sentir-se bem é de fato um sintoma de altas taxas de colesterol!
Os médicos que tratam dessa nova doença têm que convencer os seus pacientes, primeiro que eles estão doentes, e posteriormente que eles precisam tomar um ou mais medicamentos, de custo elevado, para o resto de suas vidas, drogas que requerem check-ups regulares e exames de sangue. Mas tais médicos não trabalham sozinhos – os seus esforços em converter pessoas saudáveis em pacientes são sustentados por imensos esforços do governo dos EUA, pela mídia, pelo consenso médico, e por agências que trabalharam em sintonia para disseminar o dogma de colesterol e convencer a população que o colesterol elevado é o precursor de doença cardíaca e possivelmente de outras doenças.
Quem sofre de hipercolesterolemia? Examine a literatura médica dos últimos 25 ou 30 anos e você obterá a seguinte resposta: qualquer homem de meia-idade cujo colesterol seja maior do que 240, associado a outros fatores de risco, como fumar ou obesidade.
Depois da Conferência de Consenso do Colesterol em 1984, os parâmetros se modificaram; qualquer um (homem ou mulher) com colesterol maior do que 200 mg/dL poderia receber esse temido diagnóstico e uma prescrição para uso de pílulas. Recentemente esse valor foi reduzido para 180. Se você teve um ataque do coração, você será orientado a usar medicamentos que reduzem o colesterol, mesmo se seu colesterol já for muito baixo - afinal de contas, você cometeu o pecado de ter um ataque do coração assim seu colesterol só pode ser alto demais. A penitência será o uso por toda a vida desse tipo de medicamentos associado com uma enfadonha dieta com baixo teor de gordura. Mas por que esperar até que você tenha um ataque de coração? Considerando que todos nós trabalhamos sob o estigma de pecado original, nós todos somos candidatos ao tratamento. As novas leis  estipulam a medição do colesterol e seu tratamento para adultos jovens e até mesmo para as crianças.
As drogas que os médicos utilizam para tratar essa nova doença são chamadas de “estatinas” – e são vendidas sob uma variedade de nomes que incluem, entre outros:
- Lipitor® (Atorvastatina) – Zocor® (Sinvastatina)
- Mevacor® (Lovastatina) – Pravacol® (Pravastatina).
Como as estatinas funcionam?
O diagrama abaixo ilustra os caminhos envolvidos em produção de colesterol.
O processo começa com a acetil-CoA, uma molécula com dois carbonos, às vezes chamada de “formadora dos tijolos da vida” (building block of life). Três moléculas de acetil-CoA se combinam para formar uma molécula de seis carbonos, a HMG (ácido hidroximetil glutárico). O passo de HMG para o mevalonato requer uma enzima, a HMG-CoA redutase. As drogas estatinas funcionam ao inibir essa enzima – conseqüentemente tem o nome formal de inibidores da HMG-CoA redutase. Nisso jaz o potencial para numerosos efeitos colaterais, uma vez que tais drogas  não inibem apenas a produção de colesterol, mas uma família inteira de substâncias intermediárias, muitas, se não todas, com funções bioquímicas importantes em si mesmas.
Considere os resultados de pediatras da Universidade da Califórnia, em San Diego, que publicaram a descrição de uma criança com um defeito hereditário da mevalonato-quinase, a enzima que catalisa o próximo passo após a HMG-CoA redutase.1 A criança era mentalmente retardada, microcefálica (cabeça muito pequena), pequena para a idade, profundamente anêmica, acidótica e febril. Ela também teve catarata. De maneira previsível, o colesterol dele era constantemente baixo – 70 a 79 mg/dL. Ela morreu com idade de 24 meses. A criança representa um exemplo extremo de inibição do colesterol, mas o caso dele ilumina as possíveis conseqüências de utilizar estatína em doses elevadas ou num período prolongado de tempo:
- depressão da acuidade mental,
- anemia,
- acidose,
- febres freqüentes,
- catarata.
O colesterol é um entre os três produtos do final da cadeia de transformação do mevalonato. Os dois outros são ubiquinona e o dilocol. Ubiquinona ou Co-enzima Q10 é um nutriente celular crítico biosintetizado na mitocondria. Desempenha um papel crucial na produção de ATP nas células e funciona como um carregador de elétrons para o citocromo-oxidase, nossa principal enzima respiratória. O coração requer níveis altos de Co-Q10. Uma forma de Co-Q10 (ubiquinona) é encontrada em todas as membranas celulares onde tem o papel de manter a integridade da membrana, aspecto crítico para a condução nervosa e a integridade muscular. A Co-Q10 também é vital para a formação de elastina e colágeno. Os efeitos colaterais da deficiência de Co-Q10 inclui debilidade muscular que pode levar a fraqueza e severa dor nas costas, parada cardíaca (o coração é um músculo!), neuropatia e inflamação dos tendões e ligamentos, que podem freqüentemente romper.
O dolicol também desempenha um papel de imensa importância. Nas células ele orienta a fabricação de várias proteínas em resposta a diretivas do DNA frente a diversos propósitos, assegurando que as células respondam corretamente às instruções geneticamente programadas. Assim drogas estatina podem conduzir a um caos imprevisível a nível celular, semelhante à ação de um vírus de computador quando ele apaga certos caminhos ou arquivos do disco rígido.
O esqualeno, o precursor imediato para colesterol, tem efeitos anticâncer, de acordo com pesquisas. O fato de que alguns estudos mostrarem que as estatinas podem prevenir doença de coração, pelo menos em um curto prazo, não é explicado pela inibição de produção do colesterol, mas, provavelmente, porque elas bloqueiam a criação do mevolanato. A redução do  mevolanato parece  fazer as células de músculo liso menos ativas e deixam as plaquetas menos capazes de produzir tromboxane. A aterosclerose começa com o crescimento de células de músculo lisas dentro das paredes das artérias e o tromboxane é necessário para o sangue se coagular.
Colesterol
É evidente que as estatinas inibem a produção do colesterol – e elas fazem isso muito bem. Nada demonstra de forma tão óbvia o tamanho das falhas do nosso sistema médico como a aceitação incondicional da assertiva de que a redução do colesterol é um modo de prevenir doenças – “terão todos esses médicos esquecido o que eles aprenderam em bioquímica I, a respeito dos muitos papéis que o colesterol tem na bioquímica humana?”
Toda membrana de cada célula de nosso corpo contém colesterol porque o colesterol é o que faz nossas células serem impermeáveis – sem o colesterol nós não podemos manter protegida a bioquímica do lado de dentro da célula em relação ao líquido extracelular. Quando os níveis de colesterol não são adequados, a membrana celular fica com inadequada vedação (porosa), uma situação que o corpo interpreta como uma emergência, o que estimula a liberação de hormônios corticóides que buscam o “seqüestro” do colesterol de outra parte do corpo, transportando-o para áreas onde está faltando. O colesterol é a substância de reparo do corpo: o tecido de uma cicatriz contém níveis altos de colesterol, inclusive o tecido das cicatrizes nas artérias.
O colesterol é o precursor da vitamina D, necessário para numerosos processos bioquímicos inclusive o metabolismo mineral. Os sais biliares, exigido para a digestão de gordura, são feitos de colesterol. As pessoas que sofrem de baixo colesterol freqüentemente têm dificuldade de digerir gorduras. O colesterol também funciona como um poderoso antioxidante, nos protegendo assim contra o câncer e contra o envelhecimento.
O colesterol é vital para a própria função neurológica. Tem um papel fundamental na formação da memória e na captação de hormônios no cérebro, inclusive da serotonina, a substância química que oferece a sensação de bem estar ao corpo. Quando os níveis de colesterol estão demasiadamente baixos, os receptores de serotonina não conseguem funcionar. O colesterol é a principal molécula orgânica no cérebro, consistindo de mais da metade do peso seco do córtex cerebral.
Finalmente, colesterol é o precursor de todos os hormônios produzidos no córtex supra-renal inclusive os  glicocorticóides, que regulam os níveis de açúcar no sangue e os mineralocorticóides que regulam o equilíbrio mineral. Os corticóides são os hormônios supra-renais derivados do colesterol que o corpo utiliza em reação a vários tipos de “stress”; isso promove saúde e equilibra a tendência para inflamações. O córtex supra-renal também produz os hormônios sexuais, inclusive a testosterona, os estrógenos e a progesterona, a partir do colesterol. Assim, frente a redução do colesterol – seja devido a um erro inato de metabolismo ou induzido por dieta e drogas que o reduzem – é possível esperar que ocorra uma disfunção na produção dos hormônios supra-renais o que pode conduzir a:
A) Problemas na glicose do sangue;
B) Edema;
C) Deficiências minerais;
D) Inflamação crônica,
E) Dificuldade nos processos de cura,
F) Alergias, asma,
G) Libido reduzida,
H) Infertilidade e outros problemas do aparelho reprodutor.
Entram em cena as Estatinas
As estatinas entraram no mercado com grande expectativa. Veio a  substituir uma classe de fármacos que reduzia o colesterol através do impedimento de sua absorção pelo intestino. Essas drogas tinham, freqüentemente, efeitos colaterais imediatos e desagradáveis, incluindo náusea, má digestão e constipação, e no paciente padrão só ocorria uma ligeira queda dos níveis de colesterol. A tolerância do paciente era reduzida: o benefício não parecia valer os efeitos colaterais e o potencial para uso ficava muito limitado. Em contraste, as estatinas não tinham nenhum efeito colateral imediato: elas não causavam náusea ou indigestão e eles eram consistentemente eficientes, freqüentemente reduzindo os níveis de colesterol em 50 pontos ou mais.
Durante os últimos 20 anos, a indústria montou uma incrível campanha de promoção  - recrutando cientistas, agências de publicidade, as mídias e profissionais médicos para uma blitz que transformou as estatinas em um dos medicamentos de maior sucesso de vendas de todos os tempos. Dezesseis milhões de americanos já utilizam Lipitor®, a estatina mais popular; e os executivos da indústria farmacêutica argumentam que cerca de 36 milhões de americanos são candidatos para terapia com estatina.
O que atormenta a indústria é o crescente aumento de relatos de efeitos colaterais que se manifestam muitos meses após o início da terapia; a edição de novembro de 2003 da revista ”Smart Money” exibiu uma reportagem de um estudo de 1999 do Hospital St. Thomas de Londres (aparentemente inédito) que mostrava que 36% dos pacientes com doses mais altas de Lipitor® informaram efeitos colaterais; e até mesmo com doses mais baixas, 10% informaram efeitos colaterais.(2)
Dor muscular e fraqueza
O efeito colateral mais comum é dor muscular e fraqueza, uma condição chamada “rabdomiolisis”, provavelmente devido à depleção de Co-Q10, um nutriente vital para a adequada função muscular. Dra. Beatrice Golomb de San Diego, Califórnia, tem conduzido uma série de estudos sobre os efeitos colaterais das estatinas.
A indústria insiste que só 2-3% de pacientes adquirem dores musculares e câimbras, mas em um estudo, Golomb verificou que 98% dos pacientes que usavam Lipitor® e um terço dos pacientes que usavam Mevacor® (uma estatina de baixa dose) sofreram de problemas musculares.(3) Um site para mensagens eletrônicas dedicadas ao Lipitor®(forum.ditonline.com) contém mais de 800 postagens, muitos das quais detalhando efeitos colaterais severos. O painel The Lipitor do site rxlist.com contém mais de 2600 postagens.
O exame laboratorial utilizado para perda de tecido muscular (rabdomiolisis) é a aferição de níveis elevados de uma substância química chamada creatina quinase (CPK). Mas muitas pessoas experimentam dor e fadiga mesmo com níveis de CPK normais. (4)
Doug Peterson, residente em Tahoe City, desenvolveu uma fala inarticulada, problemas de equilíbrio e fadiga severa depois de três anos de uso de Lipitor® – durante dois anos e meio, ele não teve nenhum efeito colateral.(5) Começou com um padrão de sono inquieto – contraindo e sacudindo seus braços. Seguiu-se a perda de equilíbrio e o começo daquilo que Doug chamou de  ”dança estatina” – um passo lento e trôpego pelo quarto. As habilidades motoras finas pioraram a seguir. Ele levava cinco minutos para escrever quatro palavras bastante ilegíveis. A função cognitiva também regrediu. Era difícil de convencer os seus médicos que o Lipitor® pudesse ser o culpado, mas quando ele deixou de utilizar esse medicamento, a sua coordenação e a memória finalmente melhoraram.
John Altrocchi usou Mevacor® durante três anos sem efeitos colaterais; então ele desenvolveu dor na panturrilha tão severa ele quase não poderia caminhar. Ele também experimentou episódios de perda temporária de memória.
Para alguns, porém, os problemas musculares aparecem logo após o início do tratamento. Ed Ontiveros começou a ter problemas musculares após 30 dias com o uso de Lipitor®. Ele teve uma queda no  banheiro e enfrentou dificuldade para se levantar. A fraqueza reduziu quando ele for abandonou o Lipitor®. Em outro caso, relatado no jornal médico Heart, um paciente desenvolveu rabdomiolisis depois de uma única dose de uma estatina.(6) Dor nos calcanhares por uma fascite plantar (esporão de calcâneo) é outra reclamação comum entre usuários dessas drogas.
Uma correspondente relatou o começo de uma dor nos pés logo após começar tratamento com estatina. Ela tinha visitado um evangelista, pedindo que ele rezasse pelos seus pés doloridos. Ele indagou se ela estava usando Lipitor®. Quando ela disse que sim, ele lhe falou que os pés dele também tinham doído quando ele utilizou esse medicamento.(7)
Pessoas ativas têm mais chance de desenvolver problemas com as estatinas do que as pessoas sedentárias. Em um estudo efetuado na Áustria, só seis entre 22 atletas com hipercolesterolemia familiar puderam suportar o tratamento com estatina.(8) Os outros o descontinuaram por causa da dor muscular.
A propósito, outros agentes redutores do colesterol além de drogas estatina podem causar dor nas juntas e fraqueza nos músculos. Um relato no Southern Medical Journal descreveu dores e fraqueza em um homem que utilizava arroz vermelho chinês, e uma preparação herbária que reduzia o colesterol.(9) Qualquer pessoa que sofra de miopatia, fibromialgia, problemas de coordenação e fadiga precisa investigar se apresenta baixas taxas de colesterol e/ou deficiência de Co-Q10 como uma possível causa.
Neuropatia
A polineuropatia, também conhecido como neuropatia periférica, é caracterizado por fraqueza, formigamento e dor nas mãos e pés como também dificuldade para caminhar. Investigadores que estudaram 500.000 residentes da Dinamarca, aproximadamente 9% da população daquele país, verificaram que as pessoas que usavam estatina eram mais propensas a desenvolver polineuropatia.(10)
Utilizar estatina durante um ano eleva o risco de dano ao nervo em aproximadamente 15%  – aproximadamente um caso para cada 2.200 pacientes. Para esses que usaram estatina durante dois ou mais anos, o risco adicional subiu a 26%.
De acordo com a pesquisa da Drª. Golomb, problemas neurológicos são um efeito colateral comum com uso de estatina; pacientes que usam estatina durante dois ou mais anos tem de quatro a 14 vezes mais riscos de desenvolver polineuropatia idiopática quando comparado a controles.(11) Ela relatou que em muitos casos, os pacientes lhe disseram que eles tinham se queixado aos seus médicos de problemas neurológicos, porém os médicos asseguraram que os sintomas  não poderiam ser relacionados aos medicamentos redutores de colesterol.
O dano é freqüentemente irreversível. As pessoas que utilizam grandes doses por muito tempo podem permanecer com dano permanente ao nervo, mesmo após eles deixarem de tomar o remédio.
A pergunta que poderíamos fazer: será que a difundida neuropatia induzida pelas estatinas torna os motoristas mais velhos (ou mesmo os motoristas não tão velhos assim) mais propensos aos acidentes? Em julho de 2003, um motorista, de 86 anos, com um excelente prontuário de trânsito, perdeu a direção num mercado de Santa Mônica, Califórnia, matando 10 pessoas. Vários dias depois, uma carta muito interessante postada por uma senhora de Lake Oswego, Oregon, apareceu no Washington Post.(12)
“Meu marido, na idade de 68 anos, entrava na garagem e se acidentou causando dano material. Ele disse que seu pé caiu do freio. Ele tinha problemas de saúde e utilizava medicamentos, incluindo uma droga para o colesterol, que é conhecida por causar problemas como o que ele sentia nas suas pernas”.
“Em minha pequena comunidade, alguns motoristas com idade mais avançada, causaram danos em uma loja de música, em uma agência postal e em uma padaria. Em Portland, um banco teve problemas em um acidente em sua vidraça”.
“É fácil afirmar que o pé deslizou, mas o problema poderia ser falta de sensibilidade. A cunhada de meu marido pensou que o carro dela estava com mau funcionamento quando recusava andar quando o semáforo ficava verde, até que ela olhou para baixo e viu que o seu pé estava mesmo era acionando o pedal do freio! Eu tenho outra amiga que mencionou não estar tendo nenhuma sensação em suas extremidades inferiores. Ela pensou em ter um carro controlado manualmente, mas acabou mesmo por optar em andar de ônibus”.
Insuficiência cardíaca
Atualmente, nós estamos no meio de uma epidemia de insuficiência cardíaca congestiva nos Estados Unidos – enquanto a incidência de ataque do coração está recuando ligeiramente; um aumento nos casos de insuficiência cardíaca acaba por ultrapassar esse aspecto positivo. As mortes atribuídas à insuficiência cardíaca mais que dobrou de 1989 para 1997.13 (As estatinas foram liberadas inicialmente em 1987.) A interferência na produção de Co-Q10 pelas drogas estatina é uma provável explicação. O coração é um músculo e não pode trabalhar quando privado de Co-Q10.
O cardiologista Peter Langsjoen estudou 20 pacientes com função cardíaca completamente normal. Depois de seis meses com o uso de uma dosagem reduzida de 20 mg de Lipitor® ao dia, dois terços dos pacientes apresentavam anormalidades na fase de enchimento do movimento do coração. De acordo com Langsjoen, este mau funcionamento é devido a depleção de Co-Q10.
Sem Co-Q10, a  mitocôndria celular é inibida para produção de energia, o que conduz a dor muscular e fraqueza. O coração é especialmente suscetível porque consome muita energia.(14)
A depleção de Co-Q10 se transforma num problema cada vez maior porque a indústria farmacêutica estimula os médicos a reduzirem os níveis de colesterol em seus pacientes para taxas cada vez menores. Quinze estudos com animais, em seis espécies diferentes, documentaram que a depleção Co-Q10 induzida pelas estatinas conduziu a uma produção diminuída de ATP, aumentou o risco de insuficiência cardíaca, aumentou os danos ao músculo esquelético e incrementou a taxa de mortalidade. Das nove experiências controladas de depleção de Co-Q10 induzida pelas estatinas  em humanos, oito mostraram uma significativa queda na Co-Q10 que conduzia a redução na função ventricular esquerda e a desequilíbrios bioquímicos.(15)
Agora, virtualmente todos os pacientes com insuficiência cardíaca são levados a utilizar drogas estatinas, mesmo se as taxas de colesterol sejam baixas. De interesse é um recente estudo que indica que os pacientes com insuficiência cardíaca crônica tem benefício em manter níveis altos de colesterol, ao invés de níveis reduzidos. Investigadores em Hull, Reino Unido, acompanharam 114 pacientes com insuficiência cardíaca pelo menos por 12 meses.(16) A sobrevivência era 78% em 12 meses e 56% em 36 meses. Eles verificaram que para cada ponto de redução do colesterol no soro, advém 36% de aumento no risco de morte num período de 3 anos.
Vertigem
A vertigem é geralmente associada com uso de estatina, possivelmente devido a efeitos de redução da pressão arterial. Uma mulher informou vertigem meia hora depois de tomar Pravacol®.(17) Quando ela deixou de utilizá-lo, a vertigem cedeu. A redução da pressão sanguínea  foi relatada em muitos estudos com várias estatinas. De acordo com Dra. Golumb, que apontou a vertigem como um efeito adverso comum, o idoso pode ser particularmente sensível a queda na sua pressão.(18)
Prejuízo cognitivo
A edição de novembro de 2003 de Smart Money (19) descreve o caso de Mike Hope, dono de uma próspera companhia de equipamentos oftalmológicos. “Há um silêncio desajeitado quando você pergunta a Mike Hope a sua idade. Ele não muda o assunto ou gagueja ou faz uma piada tola sobre como ele deixou de contar aos 21 anos. Ele simplesmente não se lembra. Dez segundos se passam. Mais 20. Finalmente uma resposta vem a ele. ‘Eu tenho 56 anos’, ele diz. Próximo, mas não exato. ‘Eu farei 56 este ano.’ Depois, se ocorrer a você lhe perguntar pelo livro que ele está lendo, você encontrará outras dificuldades. Ele não consegue recordar o título, o autor ou o enredo”.
O uso de estatinas, desde 1998, originou os seus problemas de fala e de memória fraca. Ele foi forçado a fechar o seu negócio e foi, 10 anos mais cedo, ficar dependente da previdência social. As coisas melhoraram quando ele descontinuou o Lipitor® em 2002, mas ele está distante de plena recuperação – ele ainda não pode sustentar uma conversação. O que o Lipitor® fez foi transformar Mike Hope em um homem senil enquanto ele ainda estava na plenitude de sua existência.
Casos como o de Mike tem se incrementado na literatura médica. Um artigo em Pharmacotherapy, de dezembro de 2003, por exemplo, informa dois casos de prejuízo cognitivo associados ao emprego de Lipitor® e Zocor®.(20) Ambos os pacientes sofreram de declínio cognitivo progressivo que reverteu completamente um mês após a descontinuação da estatina. Um estudo administrado na Universidade de Pittsburgh mostrou que os pacientes tratados com estatina durante seis meses tem resultados piores do que pacientes que utilizaram na solução de labirintos complexos, testes de habilidades psicomotoras e testes de memória. (21)
Drª. Golomb verificou que 15% dos pacientes em uso de estatina desenvolvem algum efeito colateral cognitivo.(22)  Os mais perturbadores envolvem amnésia global transitória – uma perda completa da memória por um período breve ou prolongado  – como descrito pelo astronauta Duane Graveline em seu livro “Lipitor: O Ladrão de Memória”.(23)
São sofridos relatos de desconcertantes incidentes que envolvem a completa perda da memória -  chegar a uma loja e não se lembrar por que se está lá, incapacidade de se lembrar do seu nome, ou os nomes dos seus familiares, ou ainda, a incapacidade de achar o caminho de volta para casa na direção de seu automóvel. Esses episódios acontecem de repente e desaparecem da mesma forma, repentinamente. Graveline demonstra que todos nós estamos expostos a riscos quando as pessoas em geral estão utilizando estatinas – você gostaria de estar em um avião quando o seu piloto desenvolver uma súbita amnésia induzida por uma estatina?
Enquanto que a indústria farmacêutica nega que as estatinas possam causar amnésia, a perda da memória apareceu em vários estudos com esses medicamentos. Em um deles, que envolvia 2502 indivíduos, a amnésia aconteceu em 7 usuários de Lipitor®; a amnésia também aconteceu em 2 de 742 usuários em estudos comparativos com outra estatina. Além disso, “pensamento anormal” foi informado em 4 dos 2502 sujeitos do ensaio clínico.(24) O total registrado de efeitos colaterais foi de 0,5%; um valor provavelmente abaixo do que representaria a verdadeira freqüência dos mesmos, visto que a perda de memória, especificamente, não foi objeto de estudo nessas pesquisas.
Câncer
Em todos os estudos com roedores as estatinas causaram câncer.(25) Por que nós não observamos tal dramática correlação em estudos humanos? Porque o câncer leva muito tempo para se desenvolver e a maioria das experimentações com as estatinas não se estendem por mais do que dois ou três anos. Mesmo assim, em uma pesquisa (The CARE trial), as taxas de câncer de mama nas usuárias de alguma estatina se elevaram em 1500%.(26) No Estudo de Proteção do Coração, o câncer de pele não-melanoma ocorreu em 243 pacientes tratados com sinvastatina comparado com 202 casos no grupo de controle.(27)
Os fabricantes de drogas estatinas reconhecem o fato de que essa substância deprime o sistema imunológico, um efeito que pode conduzir ao câncer e a doença infecciosa, uma vez que ela tem seu uso recomendado para a artrite inflamatória ou como um imunossupressor para pacientes de transplantes.(28)
Degeneração pancreática
A literatura médica contém vários relatórios de pancreatite em pacientes que usam estatina. Um relato descreve o caso de uma mulher de 49 anos que foi admitida em hospital com diarréia e choque séptico um mês depois de começar tratamento com lovastatina.(29)
Ela morreu depois de prolongada hospitalização; a causa de morte foi pancreatite necrotizante. Os seus médicos observaram que a paciente não apresentava nenhuma evidência de fator de risco comum para pancreatite aguda, como doença de vias biliares ou uso de álcool. “Os prescritores de estatinas (particularmente sinvastatina e lovastatina) deveriam levar em conta a possibilidade de pancreatite aguda em pacientes que desenvolvem dor abdominal dentro das primeiras semanas de tratamento com estas drogas”, foi advertido.
Depressão
Numerosos estudos uniram baixo colesterol com depressão. Um dos mais recentes mostrou que as mulheres com baixas taxas de colesterol têm duas vezes mais chance de sofrer de depressão e ansiedade. Investigadores do centro Médico da Duke University investigaram traços de personalidade em 121 mulheres jovens entre 18 a 27 anos.(30)
Eles verificaram que 39% das mulheres com baixos níveis de colesterol tiveram altos escores em características que sinalizam  tendência a depressão, comparadas a 19% de mulheres com níveis normais ou elevados de colesterol. Além disso, uma entre três mulheres com baixos níveis de colesterol tinha altos escores para ansiedade, comparados a 21% com níveis normais. Entretanto o autor do estudo, Dr. Edward Suarez, pede cautela para as mulheres com baixo colesterol em comer alimentos como “bolos de nata” que podem elevar o colesterol, advertindo que estes tipos de comida podem “causar doença de coração”.
Em estudos prévios em homens, Dr. Suarez verificou que os homens que reduzem os seus níveis de colesterol com medicamentos tem aumentadas suas taxas de suicídio e morte violenta, o que levou os investigadores a teorizar que “os baixos níveis de colesterol estavam causando perturbações de humor.” Quantos idosos usuários de estatinas  amargam seus anos dourados se sentindo miserável e deprimidos, num momento em que eles deveriam estar desfrutando seus netos e olhar para traz com orgulho das suas realizações? Mas isso é um novo dogma – você pode ter uma vida mais longa, contanto que seja uma experiência similar a viver num vale de lágrimas.
Quais os benefícios?
A maioria dos médicos é convencida  – e procuram convencer os seus pacientes  - que os benefícios de drogas estatinas excedem de longe  os seus efeitos colaterais. Eles podem citar vários estudos nos quais uso de estatina reduziu o número de mortes coronárias comparados a controles. Mas como Dr. Ravnskov mostrou em seu livro “The Cholesterol Myths” (Os mitos do colesterol), (31) os resultados dos principais estudos até o ano 2000 – os 4S: WOSCOPS, CARE, AFCAPS e LIPID  - geralmente mostram apenas pequenas diferenças e essas diferenças eram freqüentemente estatisticamente insignificantes e independentes da quantia da redução de colesterol alcançada.
Em dois estudos, SUPERE e FACAPT / TexCAPS, mais mortes aconteceram no grupo de tratamento comparadas aos controles. Uma meta-análise de 1992 do Dr. Ravnskov de 26 estudos de redução de colesterol chegou a um número igual de mortes cardiovasculares nos grupos de tratamento e nos grupos de controle e um maior número de mortes totais no grupo de tratamento.(32) Uma análise de todas as grandes pesquisas controladas informada antes de 2000 verificou que  o uso em longo prazo de estatina para prevenção primária de doença de coração produziu um risco maior em  1% de morte, num período de 10 anos, comparado ao uso de placebo.(33)
Estudos recentemente publicados não provêem mais nenhuma justificativa para a campanha atual de colocar tantas pessoas quanto possíveis no uso de drogas estatina.
Programa Cardíaco de Honolulu (2001)
Este relatório é parte de um estudo contínuo, que estuda  a redução do  colesterol no idoso. Os investigadores compararam mudanças na taxas do colesterol por mais de 20 anos em todas as causas de mortalidade.(34)
Citamos: “Nossos dados concordam com resultados prévios de aumento da mortalidade nas pessoas idosas com baixo colesterol no soro e mostra que a persistência, em longo prazo, de baixa concentração de colesterol aumenta, de fato,  o risco de morte. Assim, quanto mais cedo os pacientes começam a ter concentrações de colesterol mais baixas, maior o risco de morte. Os resultados mais notáveis foram relacionados a mudanças no colesterol entre o exame três (1971-74) e o exame quatro (1991-93)”.
“Há poucos estudos que têm as concentrações do colesterol dos mesmos pacientes na meia-idade e na velhice. Embora nossos resultados emprestam apoio a resultados prévios de que  o baixo colesterol no soro dá uma perspectiva sombria quando comparado com concentrações mais altas do colesterol nos idosos, nossos dados também sugerem que esses indivíduos, com um baixo colesterol no soro, mantém num período de 20 anos, a pior perspectiva de mortalidade para qualquer causa [ênfase nosso]”.
MIRACL (2001)
O estudo de MIRACL observou os efeitos de uma dose alta de Lipitor® em 3086 pacientes hospitalares após ataque de angina ou infarto não fatal e os acompanhou por 16 semanas.(35) De acordo com o resumo: “Nos pacientes com síndrome coronária aguda a terapia de redução de lipídios com atorvastatina, 80 mg/dia, reduziu os eventos isquêmicos periódicos nas primeiras 16 semanas, a maioria das isquemias sintomáticas  requer  nova hospitalização”. O que o resumo não mencionou era que não havia nenhuma mudança no índice de mortalidade comparada a controles e nenhuma mudança significante na taxa de re-infarto ou necessidade de reanimação por parada cardíaca. A única mudança significante foi uma queda na dor torácica que requereria re-hospitalização.
ALLHAT (2002)
ALLHAT (Tratamento anti-hipertensivo e redutor de lipídios para Prevenir Ataques do coração), o maior estudo norte americano de redução do colesterol já realizado e o maior  deles, do mundo, utilizando Lipitor®, mostrou que  a mortalidade do grupo de tratamento e de controle após 3 ou 6 anos foi idêntica.(36)
Os pesquisadores usaram dados de mais de 10.000 participantes, que foram acompanhados por um período de quatro anos, comparando o uso de uma droga estatina com os “cuidados habituais”, isto é: controle de peso corporal, não fumar, exercício regular, etc., para tratamento de indivíduos com níveis moderadamente altos de colesterol LDL. Dos 5170 pacientes no grupo que recebeu drogas estatinas, 28% reduziu o seu colesterol LDL significativamente. E aproximadamente, dos 5185 sujeitos com os cuidados habituais, 11% tiveram uma queda semelhante no LDL. Mas ambos os grupos mostraram as mesmas taxas de morte, ataque cardíaco e doença de coração!
Estudo Heart Protection (2002)
Levado a cabo na Oxford University,(37) esse estudo recebeu ampla cobertura da imprensa; os investigadores divulgaram “magníficos benefícios” com a redução do colesterol,(38) que levou um comentarista a predizer que as drogas estatinas era “a nova aspirina”.(39) Mas como o Dr. Ravnskov expôs,(40) os benefícios estavam muito distantes de serem magníficos. Os indivíduos que usaram sinvastatina tiveram uma   taxa de sobrevivência de 87.1% após  cinco anos comparados a uma  taxa de sobrevivência de 85.4% dos controles, e esses resultados foram independentes da quantia de colesterol reduzida. Os autores desse estudo nunca publicaram os dados de mortalidade cumulativa, embora eles recebessem muitos pedidos para fazer isso e embora eles recebessem recursos para tal, e teriam condições de examinar os dados cumulativos.
De acordo com os autores, fornecer os dados de mortalidade ano a ano seria um modo “impróprio” de publicar os resultados de seus estudos.(41)
PROSPER (2002)
PROSPER (Estudo Prospectivo da Pravastatina no Idoso sob Risco) estudou os efeitos da pravastatina, comparado com placebo, em duas populações de pacientes idosos, dos quais 56% teriam uma prevenção primária (nenhuma doença cardiovascular passada ou sintomática) e 44% teriam prevenção secundária (doença cardiovascular passada ou sintomática). (42)
A pravastatina não reduziu o infarto do miocárdio total ou o derrame na população da prevenção primária, mas assim o fez no grupo de prevenção secundária. Entretanto, a mensuração do impacto na saúde global das populações combinadas, a mortalidade total e a totalidade de eventos adversos sérios ficaram inalterados com o uso de  pravastatina quando comparado ao placebo, e aqueles do grupo de tratamento tiveram um aumento de taxas de câncer. Em outras palavras: não houve salvação de vidas.
J-LIT (2002)
A pesquisa japonesa de intervenção nos lipídios (Japanese Lipid Intervention Trial) foi um estudo de 6  anos com 47.294 pacientes tratados com uma mesma dose de sinvastatina.(43) Os pacientes foram agrupados pela quantia de colesterol reduzida. Alguns pacientes não tinham nenhuma redução nos níveis de LDL, alguns tiveram uma queda moderada no LDL e alguns tiveram reduções no LDL muito marcantes. Os resultados: nenhuma correlação entre a quantia de LDL reduzida e o índice de mortalidade em cinco anos. Aqueles com colesterol LDL abaixo de 80 tiveram um índice de mortalidade de 3.5 em cinco anos; aqueles cujo LDL estava acima de 200 tiveram um índice de mortalidade de  3.5 em cinco anos.
Meta-análise (2003)
O índice de mortalidade foi igual a 1% dos pacientes em cada um dos três grupos em uma meta-análise de 44 pesquisas que envolveram quase 10.000 pacientes, um grupo utilizava atorvastatina (Lipitor®), um grupo com outra estatina, e um outro grupo sem medicação.(44) Além disso, 65% dos pacientes em tratamento contra 45% dos controles experimentaram um evento adverso. Os investigadores afirmaram que a incidência de efeitos adversos era o mesmo em todos os três grupos, mas 3% dos pacientes tratados com atorvastatina e 4% do grupo com outra estatina foram retirados devido a eventos adversos associados ao tratamento, comparados com 1% de pacientes no placebo.
Estatina e placa (2003)
(Placa é o termo utilizado para referir-se à placa calcificada – ateroma – que se forma no interior das artérias e que pode levar a obstrução da mesma, podendo ser causa de infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral, derrame, NT.)
Um estudo publicado no American Journal of Cardiology lançou sérias dúvidas na convicção geralmente aceita de que reduzir o seu colesterol LDL, o denominado colesterol ruim, é o modo mais efetivo de reduzir a placa arterial. 45  Investigadores do Centro Médico Beth Israel, de New York City, examinaram a formação de placa coronária em 182 indivíduos que tomaram medicamentos para os níveis de colesterol. Um grupo de pacientes usou a droga “agressivamente” (mais de 80 mg/dia) enquanto a média dos demais usou menos de 80 mg/dia.
Usando a tomografia, os investigadores mediram a placa em todos  os pacientes antes e depois do período de estudo por mais de um ano. Os pacientes geralmente tiveram êxito na redução de suas taxas de colesterol, mas no final não havia nenhuma diferença estatística nos dois grupos na progressão da placa arterial. Em média, os integrantes dos dois grupos mostraram um percentual de 9.2% de aumento na formação da placa.
Estatina e mulheres (2003)
Não há nenhum estudo que tenha mostrado uma redução significante na mortalidade em mulheres tratadas com estatinas. A Initiative Therapeuticsda Universidade de British Columbia chegou à mesma conclusão, com a verificação de que as estatinas não oferecem nenhum benefício a mulheres para prevenção de doença do coração.(46) Contudo em fevereiro de 2004, a revista Circulation publicou um artigo no qual mais que 20 organizações endossaram diretrizes para a prevenção de doença cardiovascular nas mulheres com várias menções de “preferencialmente uma estatina”. (47)
ASCOT-LLA (2003)
ASCOT-LLA (Anglo-Scandinavian Cardiac Outcomes Trial – Lipid Lowering Arm) uma pesquisa anglo-escandinava,  foi projetada para avaliar os benefícios de atorvastatina (Lipitor®) em relação a um placebo em pacientes que tinham pressão alta com médias, ou abaixo da média, concentrações de colesterol e pelo menos três outros fatores de risco cardiovascular.(48) A pesquisa foi planejada originalmente para cinco anos, mas foi interrompida depois de um seguimento médio de 3,3 anos por causa de uma redução significante em eventos cardíacos. Lipitor® reduziu as totalizações do infarto do miocárdio e derrame; porém, a mortalidade total não foi reduzida significativamente. Na realidade, as mulheres ficaram em pior situação com o tratamento. O relatório desse ensaio declarou que o total de eventos adversos sérios não “diferiram entre pacientes que usaram atorvastatina ou placebo”, mas não informou os números finais desses eventos sérios.
Níveis de Colesterol nos pacientes em diálise (2004)
Em um estudo de pacientes de diálise, esses com níveis de colesterol mais altos tiveram mortalidade inferior àqueles com níveis mais baixos.(49) Contudo os autores alegaram que a associação inversa “de que o nível de colesterol total com mortalidade em pacientes de diálise é provavelmente devido ao efeito redutor do colesterol pela inflamação sistêmica e desnutrição, não por um efeito protetor das concentrações altas do colesterol”. Tendo o cuidado com possíveis futuras implicações, os autores  concluíram: “Estes resultados dão suporte ao tratamento da hipercolesterolemia nesta população”.
PROVE-IT (2004)
O PROVE-IT (PRavastatina Or atorVastatina Evaluation and Infection sTudy), (50) foi conduzido por investigadores da Escola Médica Universitária de Harvard, e chamou a atenção de mídia. “O estudo de duas drogas para o Colesterol encontra uma parada na Doença do Coração”, era a manchete do New York Times.(51) Em um editorial intitulado: “Colesterol Extra-baixo”, o jornal prognosticou que “Os resultados podem pressagiar, certamente, uma mudança significante no modo como são tratados os pacientes com doença do coração. Adicionalmente, poderá ser o começo de uma avaliação cuidadosa das pessoas saudáveis em relação aos benefícios do uso das eficientes drogas que reduzem os seus  níveis de colesterol”.(52)
O jornal Washington Post foi até mesmo mais efusivo, com a manchete: “Notáveis benefícios encontrados com a baixa extrema do colesterol”.(53)
“Pacientes cardíacos que alcançaram níveis de colesterol extremamente baixos em um estudo tinham 16% menos chance de adoecer ou morrer do que aqueles que mantém o que são considerados como níveis ótimos ou normais. Os resultados deveriam incitar os médicos em prescrever doses muito mais altas das drogas conhecidas como estatinas à centenas de milhares de pacientes que já teriam severos problemas de coração, os peritos afirmaram. Além disso, provavelmente encorajaria aos médicos começarem a receitar esses medicamentos a milhões de pessoas saudáveis que não estão, nesse momento, usando essas substâncias, ou aumentar as dosagens daqueles que já estão empregando esses redutores de colesterol, para uma redução ainda maior, afirmaram eles.”
Esse estudo comparou duas drogas estatinas: Lipitor® e Pravacol®. Embora a Bristol Myers-Squibb (BMS), fabricante do Pravacol, fosse o patrocinador do estudo, Lipitor® (feito pela Pfizer) ultrapassou seu rival Pravacol na redução do colesterol LDL. O “benefício notável” seria uns 22% de taxa de mortalidade ou eventuais  transtornos coronários adversos nos pacientes com Lipitor® comparados aos 26% dos pacientes com Pravacol®.
Os investigadores do PROVE-IT visaram 4162 pacientes que tinham estado sob acompanhamento hospitalar em seguimento a infarto ou angina instável. A metade utilizou Pravacol® e a outra metade usou Lipitor®. Aqueles que usaram Lipitor® tiveram a maior redução do colesterol  LDL, no grupo do Pravacol® foi a 95, no grupo de Lipitor® foi 62 – ou seja: 32% de redução maior nos níveis de LDL e uma taxa de 16% de redução na mortalidade por qualquer causa. Mas os 16% foi uma redução de risco relativa. Como foi pontuado pelo Red Flags Daily através do colunista Dr. Malcolm Kendrick, a redução absoluta na taxa do índice de mortalidade do Lipitor® em relação ao Pravacol®, foi de 1,0%, uma diminuição de 3,2% para 2,2% em 2 anos.(54) Ou, colocando isso de outra maneira, uma  redução de risco absoluta anual de 0,5% – estas eram os números que lançaram a formidável campanha de redução do colesterol para as pessoas sem fatores de risco para doença cardíaco, nem mesmo com taxas de colesterol elevado.
E o estudo foi seriamente invalidado com o que Kendrick chamou de “o enigma de duas variáveis”. “É verdade que esses com o maior redução de LDL foram protegidos contra morte. Porém… aqueles que estavam protegidos não apenas tinham uma menor taxa de LDL, eles estavam também sob efeitos de drogas diferentes! o que é bastante importante, contudo isso parece ter sido omitido na onda do exagero. Se você realmente quer provar que quanto mais você reduz o nível de LDL, maior é a proteção, então você DEVE usar a mesma droga. Isto alcança uma premissa absolutamente crítica de qualquer experiência científica, qual seja: remover todas as possíveis variáveis não controláveis… Como este estudo está posto, uma vez que foi utilizado drogas diferentes, qualquer um pode fazer a conjectura de que os benefícios vistos nos pacientes com atorvastatina [Lipitor®] não teria nada a ver com a maior redução do LDL; eles poderiam ser puramente devido aos efeitos diretos da droga atorvastatina”.
Kendrick observou que o estudo J-LIT, cuidadosamente planejado, publicado 2 anos antes, não encontrou nenhuma correlação entra as taxas de redução de LDL e o índice de mortalidade. Este último estudo tinha dez vezes mais pacientes, durou quase três vezes mais tempo e usou a mesma droga com a mesma dosagem em todos os pacientes. Sem surpreender, J-LIT não chamou, virtualmente, nenhuma atenção da mídia.
PROVE-IT não examinou os efeitos colaterais, mas o Dr. Andrew G. Bodnar, vice-presidente sênior para estratégia e negócios médicos da Bristol Meyer Squibb, fabricante da estatina perdedora, mostrou que as enzimas do fígado foram elevadas em 3,3% no grupo de uso do Lipitor®, e apenas em 1,1% com o Pravacol®, observando que quando as enzimas do fígado se elevam, os pacientes devem ser aconselhados a deixar de tomar o remédio ou reduzir a dose.(55) E taxas de abandono foram muito altas: 33% dos pacientes descontinuaram Pravacol® e 30% descontinuaram Lipitor® depois de dois anos devido a efeitos adversos ou a outras razões.(56)
REVERSÃO (2004)
Em um estudo semelhante, realizado na Clínica de Cleveland, os pacientes receberam Lipitor®ou Pravachol®. Os que receberam Lipitor® alcançaram níveis muito baixos de colesterol LDL e uma reversão “na progressão de agregação da placa coronária”.(57) Aqueles que usaram Lipitor® tiveram a placa reduzida em 0.4% em mais de 18 meses, baseado no exame ultra-som intravascular (e não num exame mais preciso como a tomografia).
Dr. Eric Topol da Clínica de Cleveland anunciou esses resultados, decididamente não tão espetaculares: “Proclamo um terremoto no campo da prevenção cardiovascular… as implicações desse decisivo momento – isso é, uma nova era na terapia intensiva das estatinas – são profundas. Hoje em dia, só uma fração dos pacientes que deveriam ser tratados com uma estatina está recebendo devidamente tal terapia… Mais de 200 milhões pessoas em todo o mundo preenchem os critérios para tratamento, mas menos do que 25 milhões utilizam uma estatina”.(58) Sem surpresa, um artigo no Wall Street Journal noticiou “Uma onda de prescrições de Lipitor® na esteira de grande estudo”.(59)
Mas como o Dr. Ravnskov apontou, os investigadores examinaram a mudança no volume da placa de ateroma, não para a mudança na área do lúmen (diâmetro interno da artéria, NT), “um parâmetro mais importante porque determina a quantia de sangue que pode chegar ao miocárdio. A mudança de volume da placa não pode ser traduzida em eventos clínicos porque mecanismos de adaptação tentam manter uma área de lúmen normal durante o início da formação dos ateromas.”(60)
Outros usos
Com essas irrisórias evidências de benefício, as drogas estatinas dificilmente merecem tamanha reputação. Ainda assim a indústria mantém a imprensa repleta de eventos, propondo o uso desses medicamentos para um número cada vez maior de pessoas, não só para a redução do colesterol, mas também como tratamento para outras doenças: câncer, esclerose múltipla, osteoporose, derrame, degeneração macular, artrite e até mesmo desordens mentais como problemas de memória e de aprendizado, doença de Alzheimer e outras demências.(61)
As novas diretrizes publicados pelo Colégio Americano de Clínicos chamou para o uso de estatina todas as pessoas com diabete  com mais de 55 anos e os pacientes com diabete, mais jovens, mas que têm quaisquer outros fatores de risco para doença do coração, como pressão alta ou uma história de tabagismo.(62)
David A. Drachman, professor de neurologia da Escola Médica da Universidade de Massachusetts, chamou as estatinas de “Viagra para o cérebro”.(63)
Outros escritores médicos anunciaram uma multi-pílula, composta de uma droga estatina misturada com um medicamento para pressão arterial, aspirina e niacina, como um preventivo para tudo e que todo o mundo pode tomar. A indústria também está buscando o direito para vender estatina pelo guichê.
Poderia uma avaliação honesta encontrar um possível uso para essas drogas perigosas? O dr. Peter Langsjöen de Tyler, Texas, sugere que as drogas estatinas só sejam apropriadamente utilizadas para o tratamento de avançada Neurose do Colesterol, enfermidade criada pela indústria da propaganda anti-colesterol. Se você se preocupar com seu colesterol, uma droga estatina o aliviará de suas preocupações.
Propaganda criativa
A melhor propaganda para as drogas estatinas é a primeira página grátis, a capa de efusivos press realeses. Mas não é todo o mundo que lê esses artigos ou participam de exames médicos regulares, assim os fabricantes das estatinas despedem uma grande quantia de dinheiro, de modo mais criativo, para criar seus novos usuários. Por exemplo, um novo grupo de conscientização de saúde chamado de Boomer Coalition apoiou o programa de televisão ABC’s Academy Awards em março de 2004 com um spot de 30 segundos onde brilhavam imagens nostálgicas de celebridades que foram perdidas por doença cardiovascular como o ator James Coburn, a estrela de beisebol Don Drysdale e o comediante Redd Foxx. Apesar da Boomer Coalition parecer um genuíno grupo de ativistas pela saúde, é de fato uma criação da Pfizer, os fabricantes de Lipitor®.
“Nós estamos sempre procurando modos criativos para penetrar naquilo que nós achamos ser uma falta de consciência e ação”, diz Michal Fishman, um porta-voz de Pfizer. “Nós estamos sempre procurando pelo que as pessoas realmente pensam e o que vai fazer as pessoas tomarem decisões”, acrescenta que há um estigma sobre procurar tratamentos e muitas pessoas “equivocadamente assumem que, se eles estão fisicamente bem, eles não estão sob risco de doença do coração”.(64)
O site da internet da Boomer Coalition permite aos visitantes se inscrever e assumir responsabilidade sobre a sua “saúde cardíaca”, ao informar um nome de usuário, idade, endereço de e-mail, pressão sanguínea e nível de colesterol. Um anúncio de televisão no Canadá advertiu os espectadores a “Perguntar ao seu médico a respeito do Estudo de Proteção ao Coração (Heart Protection Study) da Universidade de Oxford”. O anúncio não estimulou os espectadores a inquerir os seus médicos sobre EXCEL, ALLHAT, ASCOT, MIRACL ou PROSPER, estudos que não demonstraram muitos benefícios – mas sim um potencial para grandes problemas – ao se tomar remédios à base de estatina.
Os custos
As drogas estatinas são muito caras – um ano de uso de estatinas vale entre $900 e $1400. Elas constituem a droga farmacêutica mais amplamente vendida, correspondendo a uma fatia de 6,5% do mercado e 12,5 bilhões de dólares em renda para a indústria. Sua companhia de seguros pode pagar a maioria desse custo, mas os consumidores pagam sempre no final das contas com prêmios de seguro mais caros. O pagamento das drogas estatinas significa um enorme fardo para o Medicare, de tal maneira que esses tipos de fundos não conseguem manter viabilidade de executar outras medidas médicas verdadeiramente eficazes para salvar vidas.
No Reino Unido, de acordo com o Serviço Nacional de Saúde, os médicos redigiram 31 milhões de prescrições de estatinas em 2003, foi 1 milhão em 1995, a um custo de 7 bilhões de libras  – e isso foi apenas naquela pequena ilha.(65) Nos EUA, as estatinas devolvem anualmente $12,5 bilhões para a indústria farmacêutica. Com as vendas de Lipitor®, a estatina número um em vendas, havia a previsão de se alcançar $10 bilhões em 2005.
Mesmo se as drogas estatinas provessem algum benefício, o custo é muito alto. No ensaio clínico WOSCOP, onde foram tratadas pessoas saudáveis com o colesterol elevado com estatina, o índice de mortalidade em cinco anos nos indivíduos tratados foi reduzido em meros 0,6%. Como o Dr. Ravnskov pontuou,(66) para alcançar aqueles mínimos percentuais de redução, aproximadamente 165 pessoas saudáveis tiveram que ser tratadas durante cinco anos para estenderem uma vida por cinco anos. O custo dessa única vida foi de $1,2 milhões de dólares. Nas projeções mais otimistas, são calculadas as despesas para salvar um ano de vida em pacientes com doença coronariana em $10,000 e muito mais para indivíduos saudáveis. “Isto pode não soar razoável”, diz o Dr. Ravnskov. “O valor de uma vida humana não é $10.000 ou mais?”
“A implicação de tal raciocínio é que para adicionar tantos anos quanto fosse possível, mais do que a metade de um ser humano deveria tomar estatinas diariamente a partir de uma idade precoce até o final da vida. É fácil calcular que as despesas para tal tratamento consumiriam a maioria do orçamento de saúde de qualquer governo. E se o dinheiro for gasto para dar estatinas a todas às pessoas saudáveis, o que restará para o  cuidado daqueles que realmente precisam desses recursos? Não deveriam os serviços de saúde pública dirigir-se principalmente para os doentes e os necessitados?”
REFERÊNCIAS
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*Artigo de: Sally Fallon e Mary G. Enig, Ph. D.
Tradução: José Carlos Brasil Peixoto, médico
[http://www.medicinacomplementar.com.br/tema080709c.asp]
Carmen A Brasil
abril 21st, 2010 – 23:03 Deletar SPAM Editar
Li a matéria e fiquei preocupada pois faço uso de estatina (10 mg) diariamente há 4 anos. Tenho 54 anos e o colesterol aumentou quando entrei na menopausa.
drpaulomaciel
junho 4th, 2010 – 20:05 Deletar SPAM Editar
Realmente é preocupante, Carmen. Na alopatia existe um critério chamado “Risco x Benefício” e isso deve sempre ser analisado para ver se vale a pena um tratamento por longo prazo.
Sandra Cardoso
agosto 2nd, 2010 – 20:30 Deletar SPAM Editar
Estou preocupada também! Eu usei o Lipitor durante 1 ano e meio mas ele não abaixava minha taxa de trigliccérides. E minha médica trocou para o Vytorin que é uma combinação de ezetimiba e sinvastatina!
fernanda
agosto 6th, 2010 – 18:58 Deletar SPAM Editar
Mto legal este artigo… bem escrito e informativo
vinicius aguiar
agosto 20th, 2010 – 20:14 Deletar SPAM Editar
Eu já faço uso a 9 anos, -10 mg- o meu colssterol baixou para 132.Agora fiquei na dúvida o que fazer?i
drpaulomaciel
agosto 21st, 2010 – 17:01 Deletar SPAM Editar
Oi, Vinicius! Nestas questões sobre o que é “certo” fazer em relação à nossa saúde, devemos sempre examinar os chamados “riscos x benefícios”. Em alguns casos, particularmente naqueles onde os colesteróis são excessivamente elevados devido a questões genéticas (p. ex. Colesterol Total = 950 mg/dL e Triglicerídeos = 1.200 mg/dL ou superiores), deveria-se analisar cada caso individualmente, para decidir a melhor atitude a ser tomada. De qualquer forma, em todos os casos deveria-se primeiramente fazer uma modificação alimentar e incluir a prática de exercícios físicos por um período de 6 meses antes de iniciar o tratamento alopático para reduzir o colesterol. Digo isso porque a maioria dos casos está ligado aos 3 fatores geradores de doenças: stress, sedentarismo e dieta inadequada. Corrigindo-se estes fatores, além da redução dos colesteróis, teríamos inúmeros outros benefícios para a saúde. ok? Pense nisso!
drpaulomaciel
agosto 26th, 2010 – 02:36 Deletar SPAM Editar
Sandra Cardoso: Resultados preliminares de um estudo clínico, realizado nos Estados Unidos, questionam a eficácia da ezetimiba – princípio ativo de dois medicamentos vendidos no Brasil para reduzir o colesterol. Segundo a pesquisa, a substância – presente na composição do Vytorin, fabricado pela Merck Sharp & Dohme , e do Zetia, da Schering-Plough – não trouxe benefícios adicionais para a redução do espessamento das artérias, que pode gerar obstrução e facilitar a ocorrência de derrames e ataques cardíacos.
O estudo, realizado pelos próprios laboratórios, acompanhou, por um período de dois anos, 720 pessoas com problemas genéticos de alta produção de colesterol. Um grupo tomou apenas uma substância, a sinvastatina – princípio ativo presente apenas no Vytorin (uma mistura de Zetia, o ezetimibe, e Zocor, sinvastatina). O segundo grupo foi medicado com as duas substâncias: ezetimibe e sinvastatina. O estudo concluiu que o grupo que tomou os dois princípios ativos teve uma redução maior no nível de colesterol, mas não houve diferença na largura das artérias.

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