Gordura saturada aumenta o colesterol? A confusão persiste!
Mesmo com todas as evidências incontestáveis de que gordura saturada NÃO causa doença cardíaca, ainda temos uma grande confusão sobre esse assunto. Parte dessa confusão refere-se ao impacto que a gordura saturada causa no LDL colesterol, normalmente conhecido como “mau colesterol”.
Tanto o LDL colesterol como o HDL colesterol são lipoproteínas, que transportam o colesterol. Atualmente, o HDL colesterol é correlacionado com um menor risco de doença cardíaca. O colesterol total não é adequado para se medir esse risco, pois pode estar elevado à custa do HDL colesterol, o que não se traduz em um indicador de risco cardíaco. Na verdade, nesse caso, o HDL atua como protetor.
A gordura saturada por sua vez aumenta o HDL colesterol, o que é bom, mas pode também aumentar o LDL colesterol. Agora, veja bem: isso não é necessariamente um problema, se entendermos que há tipos diferentes de LDL colesterol:
- LDL colesterol pequeno e denso
- LDL colesterol grande e leve
LDL colesterol de partículas pequenas (tipo B)
- facilmente oxidado, desencadeia doença cardíaca;
- penetra na parede arterial com facilidade;
- gera placa nas artérias;
- 3 vezes mais risco de doença cardíaca.
- é reduzido por gordura saturada;
- é aumentado pelo consumo de açúcar refinado e carboidrato;
- é aumentado por gordura trans (óleos vegetais refinados).
LDL colesterol de partículas grandes (tipo A)
- LDL benigno;
- não desencadeia doença cardíaca;
É aumentado por gordura saturada, que eleva o LDL benigno, aumenta o HDL, não causa oxidação e serve de combustível para a mitocôndria.
Com isso, fica claro que o grande desencadeador desta epidemia de doenças crônicas no século XX foi causada pelo consumo exacerbado de óleos vegetais refinados e açúcar, com um aumento de cerca de 100 mil vezes mais óleo vegetal em comparação com o começo do século, aonde o seu consumo era praticamente inexistente.
Além disso, esses óleos desencadearam uma desproporção enorme entre ômega 3 (origem animal) e ômega 6 (originário dos óleos vegetais). No inicio do século, essa proporção era 1:2, e agora chega a 1 de ômega 3 para 50 de ômega 6.Isso é o grande fomentador de doenças crônicas, como doença cardíaca, câncer, depressão, artrite reumatoide, Doença de Alzheimer, diabetes etc.
Como corrigir isso
- Diminuir o consumo de alimentos processados ricos em ômega 6.
- Evitar uso de óleo vegetal refinado no preparo de alimentos em alta temperatura. Além disso, esses óleos são contaminados por glifosato (herbicida Roundup). Também pelo fato de serem transgênicos, são óleos mais instáveis, causadores de um grau maior de oxidação e liberação de uma carga enorme de produtos oxidativos tóxicos.
- Usar óleo de coco não refinado, de preferência extravirgem, para cozinhar.
- Óleo de oliva não deve ser usado em altas temperaturas, por ser frágil, se transformando em gordura trans. Pode-se sim usá-lo nas saladas e até em alimentos quentes, mas não ao fogo.
- Aumentar o consumo de carne vermelha de animais criados a pasto, pois estes são ricos em ômega 3.
- Aumentar o consumo de produtos e derivados de animais criados soltos, como ovos, leite, queijo, manteiga, carnes de aves, suínos e peixes de alto mar.
- Usar banha de porco e sebo, que são também óleos excelentes para cozinhar.
As mais recentes meta análises, como a de 2014, publicada no Annals of Internal Medicine, baseada em 80 estudos em mais de meio milhão de pessoas, concluiu que pessoas que consomem grandes quantidades de gordura saturada não têm mais doença cardíaca do que pessoas que consomem menos.
Já em 2015, outra meta análise publicada no British Medical Journal também não encontrou associação entre alto consumo de gordura saturada na alimentação e doença cardíaca.
Em 2010, uma meta analise de 20 estudos incluindo 348 mil adultos não encontrou diferença de risco de doença cardíaca e derrame entre pessoas que consumiam pouco ou muita gordura saturada.
Benefícios da gordura saturada
- Promove saciedade;
- Carreadora de vitaminas lipossolúveis A, D e K;
- Converte caroteno em vitamina A;
- Aumenta absorção de minerais;
- Tem ação antiviral (ácido caprílico);
- Ajuda a reduzir o colesterol (ácido esteárico e palmítico);
- Modulador da regulação genética;
- Prevenção de câncer (ácido butírico);
- Fornece substratos para membrana celular, hormônios e substâncias similares a hormônios.
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