Chikungunya explodindo: o que o Jornal Nacional ocultou de você.
Estava hoje assistindo o Jornal Nacional e a matéria sobre a Chikungunya, que está explodindo, me chamou atenção. A questão é que uma informação direta e essencial foi passada, digamos, pela metade.
Tirando os casos de Microcefalia e Síndrome de Guillain-Barré, a Zika perto da Chikungunya é bem leve. Se você já teve a última, sabe e sente isso.
Há uma taxa de complicações agudas e crônicas bastante relevante na Chikungunya, pessoas com imunidade ruim ou mal conduzidas, podem morrer agudamente ou sofrer por meses, até anos com as dores da doença.
O ponto que levanto, abordado parcialmente pelo competente e brilhante Dr. Carlos Brito e que chamo a atenção, é exatamente a forma na qual a doença está sendo tratada na fase aguda e crônica, pelos médicos e demais profissionais da saúde.
Alívio imediato, risco prolongado
Na fase aguda da Chikungunya, tal qual na Dengue, pode ocorrer um quadro bastante severo nos idosos e portadores de doenças crônicas. As dores podem ser excruciantes e o uso inadequado de remédios potentes para dor, como o tramadol, podem levar à efeitos colaterais sérios, nos suscetíveis, logo após um breve período de alívio.
Os idosos são o grupo de maior risco e mesmo remédios semelhantes por via oral, como a combinação do paracetamol com a codeína, podem causar problemas. Devem ficar como último recurso, mas estão sendo prescrito de maneira recorrente e banal.
Ainda mais arriscada é a prescrição nas emergências, de maneira desenfreada, dos corticóides, como a dexametasona, que tem um efeito anti inflamatório potente. Pode acalmar a doença por algum tempo, mas depois voltando com força total. O uso indiscriminado, nas doses inadequadas, por tempo prolongado e sem acompanhamento, na fase crônica, também pode levar ao retorno da doença e complicações diversas.
O Jornal Nacional tocou no assunto, mas não deu nome aos bois.
No próprio manual do Ministério da Saúde, página 21, está expressamente contraindicado o uso de corticóides na fase aguda da doença, nos primeiros 7 dias (figura abaixo). Só não me perguntem porque os médicos insistem em fazer.
E o que resta?
Tal qual a Dengue, a Chikungunya deve ser manejada essencialmente com analgésicos comuns, como a Dipirona e o Paracetamol e bastante hidratação. Analgésicos potentes nunca são a primeira opção. O recurso da hidroterapia pode ser bastante eficaz na forma crônica, mas sempre com a orientação profissional de um fisioterapeuta.
A mensagem direta: não aceite a prescrição de corticóides (Dexametasona, Hidrocortisona, Metilprednisolona, Prednisolona, Prednisona, Deflazacort) nos primeiros 7 dias de doença. Cuidado na fase crônica.
Em idosos, cuidado redobrado com a doença e com o uso de opióides como a codeína e o tramadol.
Deixo como referência essencial para os médicos e profissionais de saúde, diretriz recente, publicada pelo Dr. Carlos Brito, com o passo a passo do tratamento farmacológico. Lá podem constatar que tudo o que escrevi acima está baseado em evidências.
Clique Aqui.
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