Porque mudar não parece fácil?
É muito fácil notar como isso ocorre o tempo todo desde os tempos mais remotos… Jesus foi apedrejado quando disse algo novo, Galileu Galilei teve que desdizer suas descobertas para não morrer queimado, assim como são todos aqueles que rompem paradigmas e trazem mudanças, sejam nas palavras, ideias, atitudes, movimentos.
Mas por que mudar não parece fácil?
A resposta para esta pergunta nos remete a características da nossa condição humana. Nós somos basicamente resistentes a mudanças em acordo com a lei do mínimo esforço. O novo e a mudança trazem tanta resistência que atitudes extremas são cometidas pela grande dificuldade que o ser humano encontra em aceitar e assimilar algo novo. E isso não é coisa dos tempos antigos. Até hoje novidades e mudanças sofrem para ocorrer, seja na vida de uma pessoa, num sistema, numa escola ou mesmo dentro de uma família.
A rejeição ao novo é conhecida pelo inconsciente coletivo e atinge a todos nós. Por causa disso, tendemos a procrastinar e resistir às mudanças, ainda que elas sejam o nosso desejo.
Toda essa rejeição se dá unicamente pelo medo do novo, o medo de não saber como será, de não saber como fazer, de dar muito trabalho, de não dar certo, de se arrepender.
O medo é a prisão que chamamos de “zona de conforto”, que de confortável não tem nada!
A imagem que ofereço para que você possa visualizar o que estou falando é um sofá de espinhos, que embora seja muito desconfortável, ainda assim é um sofá, no qual você já está acostumado a se sentar. Ainda que te cause dor, você já o conhece e já tem o seu jeitinho de se acomodar nele…
Levantar deste sofá poderia te livrar desta dor, mas também há o risco de você encontrar outro tipo de dor, uma dor nova que você não sabe muito bem como lidar e tem medo e por isso, perde todas as oportunidades da vida ao escolher, veja bem, ESCOLHER permanecer no sofá, ou na dor já conhecida.
Podemos também chamar a zona de conforto de comodismo. Na terapia, quando o processo se aprofunda e as mudanças de paradigmas, crenças e comportamentos se iniciam, é muito comum o paciente apresentar algo que chamamos de “resistência”. Ele passa a “esquecer” a sessão, o pagamento, e pode até mesmo querer “dar um tempo” na terapia.
Mudar exige de nós coragem para levantar-se do sofá de espinhos, coragem para deixar aquela dor que é uma companheira nossa, e que conhecemos tão bem.
Nosso cérebro só reconhece o que ele conhece, e por isso, nos apegamos ao que é conhecido para nós, seja isso um hábito, uma crença, uma pessoa ou mesmo uma dor.
Respire fundo, saiba que mudar significa sair de um sofá de espinhos e que tão natural como o processo de mudança de nossos corpos e gostos, é também o novo que vem, seja em forma de atitudes, de comportamento, e de decisões.
Saia de sua zona de conforto, abra-se para o novo, pois ele sempre traz um sopro de esperança e uma pontinha de medo. Arrisque-se! Ou permaneça no sofá de espinhos a pensar em como a vida poderia ter sido…
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