Resíduos de medicamentos e hormônios na água preocupam cientistas
Os contaminantes emergentes são objetos de estudos em todo o mundo. Em Porto Alegre, pesquisadores UFRGS realizam monitoramentos periódicos no Arroio Dilúvio e em estações de tratamento
20/04/2017 14:14
Você já parou para pensar no que acontece com os medicamentos que você ingere? Ao tomar um remédio para dor de cabeça, por exemplo, uma parte de seu princípio ativo (nesse caso, a substância responsável pelo alívio da dor) é utilizada para o efeito terapêutico; outra parte é metabolizada pelo corpo; e outra, eliminada inalterada pela urina ou pelas fezes. A partir daí, duas coisas diferentes podem ocorrer. Se sua casa está conectada à rede de esgoto, esse princípio ativo passará por uma estação de tratamento – na qual pode ser total ou parcialmente eliminado, a depender da substância – antes de desembocar em alguma fonte de água. Caso contrário, ele será despejado integralmente no manancial mais próximo. Agora imagine que, além do seu remédio para dor de cabeça, vão parar na água todos os outros remédios para dor de cabeça, antibióticos, anti-inflamatórios e hormônios consumidos pelo restante da população e pelos animais que recebem tratamentos veterinários. Isso sem contar os medicamentos vencidos que são descartados de maneira inadequada e acabam contaminando rios e solo.
Cientistas de todo o mundo têm se dedicado ao estudo dos chamados contaminantes emergentes na água – que são resíduos de fármacos e hormônios (como os artificiais, consumidos como anticoncepcionais ou para fins de reposição) que afetam rios e lagos de todo o planeta. O termo “emergentes” se deve ao fato de que as pesquisas na área são relativamente recentes – iniciadas no final dos anos 90 – e ainda não há legislação específica que regule a presença desses compostos nos recursos hídricos.
Conforme explica a professora do Instituto de Química da UFRGS Tânia Pizzolato, por estarem presentes em concentrações extremamente baixas na água – na faixa dos microgramas ou nanogramas por litro –, esses contaminantes não chegam a afetar diretamente a saúde humana. Para se ter uma ideia, um micrograma equivale a um milésimo de miligrama, e um nanograma é um milhão de vezes menor que o miligrama. “São partes por bilhão de litro, por trilhão, às vezes até por quatrilhão, dependendo do composto”, enfatiza a professora.
O problema é que, apesar de essas concentrações serem consideradas baixas para humanos, elas podem ter efeitos tóxicos para a fauna e a flora aquáticas. “Aqueles resíduos no ambiente vão afetar a base da cadeia alimentar – os micro-organismos, os peixes pequenos... E quando se afeta a base, indiretamente se afeta toda a estrutura”, explica Tânia.
A matéria completa pode ser lida no UFRGS Ciência.
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