terça-feira, 19 de setembro de 2017

Doenca de Alzheimer: prevenir pode ser mais simples do que se imagina





A prevenção do Alzheimer e o consumo de carboidratos

Prevenir a doença de Alzheimer é mais fácil do que você pensa.
A ciência traz novas luzes sobre a causa raiz dos problemas de memória.
Postado em 07 de setembro de 2016

Artigo de Psychology Today

Autora: Georgia Ede MD




Você tem resistência à insulina?

Se você não sabe, você não está sozinho. Esta é talvez a questão mais importante que qualquer um de nós pode perguntar sobre nossa saúde física e mental -, contudo, a maioria dos pacientes, e até muitos médicos, não sabem como responder.

Aqui nos EUA, a resistência à insulina atingiu proporções epidêmicas: mais da metade de nós atualmente é resistente à insulina. A resistência à insulina é uma condição hormonal que prepara um ambiente corporal para a inflamação e o sobrepeso, prejudicando o metabolismo do colesterol e dos lipídios, e gradualmente destrói nossa capacidade de processar os carboidratos.

A resistência à insulina coloca-nos em alto risco para muitas doenças indesejáveis, incluindo obesidade, doenças cardíacas, câncer e diabetes tipo 2.

Ainda mais perturbador, os pesquisadores agora entendem que a resistência à insulina é a força motriz por trás da maioria dos casos de Doença de Alzheimer.

O que é resistência à insulina?

A insulina é um poderoso hormônio metabólico que orquesta como as células acessam e processam nutrientes vitais, especialmente a glicose.

No organismo, uma das responsabilidades da insulina é desbloquear as células musculares e de gordura para que elas possam absorver a glicose da corrente sanguínea. Quando você come algo doce ou amido fazendo com que sua glicose no sangue tenha um pico, o pâncreas libera insulina para drenar o excesso dessa glicose da corrente sanguínea para as células. Se o açúcar no sangue e o pico de insulina também são elevados, muitas vezes, as células tentarão proteger-se da exposição excessiva dos efeitos poderosos da insulina, diminuindo sua resposta à insulina - elas tornam-se "resistentes à insulina". Com o esforço de superar essa resistência, o pâncreas libera ainda mais insulina para o sangue para tentar manter a glicose em movimento às células. Quanto mais os níveis de insulina se elevarem, mais células se tornam resistentes à insulina. Ao longo do tempo, este ciclo vicioso pode levar a níveis elevados de glicose no sangue, ou diabetes tipo 2.

Resistência à insulina e ao cérebro

No cérebro, é uma história diferente. O cérebro é um gigante consumidor de energia que exige um suprimento constante de glicose. A glicose pode livremente deixar a corrente sanguínea, bailando através da barreira hematoencefálica e até entrar na maioria das células cerebrais - não sendo necessário a insulina. De fato, o nível de glicose no líquido cefalorraquidiano que envolve seu cérebro é sempre cerca de 60%, mais alto que o nível de glicose na corrente sanguínea - mesmo se você tiver resistência à insulina - então, quanto maior sua glicose no sangue, maior será a glicose no cérebro .

Não é assim com a insulina - quanto maior for o seu nível de insulina no sangue, mais difícil pode se tornar a entrada de insulina no cérebro. Isso ocorre porque os receptores responsáveis ​​pela escolta de insulina através da barreira hematoencefálica podem se tornar resistentes à insulina, restringindo a quantidade de insulina permitida no cérebro. Embora a maioria das células cerebrais não exija insulina para absorver glicose, elas requerem insulina para processar a glicose. As células devem ter adequado acesso à insulina ou não podem transformar a glicose em componentes celulares vitais e energia que precisam para prosperar.

Apesar de nadar em um mar de glicose, as células cerebrais em pessoas com resistência à insulina literalmente começam a morrer de fome.

Resistência à insulina e memória


Fonte: Suzi Smith, usado com permissão

Que células cerebrais se vão primeiro? O hipocampo é o centro de memória do cérebro. As células do hipocampo requerem tanta energia para fazer o seu importante trabalho que, muitas vezes, precisam de reforços adicionais de glicose. Embora a insulina não seja necessária para deixar uma quantidade normal de glicose no hipocampo, essas ondas especiais de glicose requerem insulina, tornando o hipocampo particularmente sensível aos déficits de insulina. Isso explica porque a memória em declínio é um dos primeiros sinais de Alzheimer, apesar do fato de a doença de Alzheimer eventualmente destruir todo o cérebro.

Sem insulina adequada, o hipocampo vulnerável luta para registrar novas memórias, e ao longo do tempo começa a se encolher e morrer. No momento em que uma pessoa percebe sintomas de "Diminuição cognitiva leve" (pré-Alzheimer), o hipocampo já encolheu em mais de 10%.



A doença de Alzheimer é diabetes tipo 3


Fonte: Suzi Smith, usado com permissão
As principais características da doença de Alzheimer - emaranhados neurofibrilares, placas amilóides e atrofia das células cerebrais - podem ser explicadas pela resistência à insulina. Um desconcertante percentual de 80% das pessoas com doença de Alzheimer possui resistência à insulina ou diabetes tipo 2. A conexão entre a resistência à insulina e a doença de Alzheimer está agora tão firmemente estabelecida que os cientistas começaram a se referir à doença de Alzheimer como "Diabetes Tipo 3".

Isso não significa que o diabetes cause a doença de Alzheimer - a demência pode atingir mesmo se você não tem diabetes. É mais exato pensar assim: a resistência à insulina do corpo é diabetes tipo 2; a resistência à insulina do cérebro édiabetes tipo 3. São duas doenças separadas causadas pelo mesmo problema subjacente:resistência à insulina.

Você já está no caminho da doença de Alzheimer?

Você pode se surpreender ao saber que a Doença de Alzheimer começa muito antes de qualquer sintoma aparecer.

O problema do processamento da glicose no cérebro causado pela resistência à insulina é chamado de "hipometabolismo de glicose". Isso significa simplesmente que as células cerebrais não possuem insulina suficiente para queimar glicose a plena capacidade. Quanto mais resistente à insulina você se torna, mais lento é o metabolismo da glicose cerebral. O hipometabolismo de glicose é um marcador precoce do risco de Doença de Alzheimer e pode ser visualizado com estudos especiais de imagens cerebrais chamados de PET Scan. Usando essa tecnologia para estudar pessoas de diferentes idades, os pesquisadores descobriram que a doença de Alzheimer é precedida por DÉCADAS de gradual piora do hipometabolismo da glicose.

O metabolismo da glicemia pode ser reduzido em até 25% antes de qualquer problema de memória se tornar óbvio. Como um psiquiatra que se especializa no tratamento de estudantes universitários, considero que é promissor que os cientistas encontraram evidências de hipometabolismo de glicose no cérebro de mulheres com idade tão jovem quanto 24 anos.

Esperança real para o seu futuro

Nos sentimos indiferentes diante da doença de Alzheimer, porque nos disseram que todos os principais fatores de risco para esta condição devastadora estavam além do nosso controle: idade, genética e história familiar. Estávamos como animais passivos, vivendo com medo do pior - até agora.

A má notícia é que a resistência à insulina tornou-se tão comum que há boas chances de que você já a tenha em certa medida.

A boa notícia é que a resistência à insulina é um importante fator de risco para a Doença de Alzheimer e é algo que você pode tomar alguma providência.

Comer muitos carboidratos e com demasiada frequência é o que faz com que os níveis de glicose no sangue e também os de insulina aumentem, colocando-nos em alto risco de resistência à insulina e Doença de Alzheimer. Nossos corpos evoluíram para lidar com carboidratos de fontes alimentares integrais como maçãs e batatas doces, mas simplesmente não estamos equipados para lidar com os carboidratos de alimentos processados modernos com farinhas e açúcar. Simplificando, carboidratos refinados causam danos cerebrais.

Você não pode fazer nada sobre seus genes ou sobre quantos anos você tem, mas certamente pode mudar a forma como você come. Não se trata de comer menos gordura, menos carne, mais fibra ou mais frutas e vegetais. Alterar a quantidade e o tipo de carboidratos que você come é onde estará seu lucro.

Três passos que você pode tomar agora para minimizar seu risco de doença de Alzheimer

1Descubra o quão resistente você é à insulina. Seu médico pode estimar onde você está no espectro da resistência à insulina usando testes de sangue simples, como níveis de glicose, insulina, triglicerídeos e colesterol HDL, em combinação com outras informações, como a medida da cintura e da pressão arterial. (No artigo da autora, Como diagnosticar, prevenir e tratar a resistência à insulina, inclui um PDF para download de exames com faixas de alvo saudáveis ​​para você discutir com seu médico e uma fórmula simples que você pode usar para calcular sua própria resistência à insulina).
Fonte: RaviKrishnappa / Pixabay


2. Evite carboidratos refinados como se fosse uma praga, começando agora! Mesmo se você ainda não tem resistência à insulina, você permanece em alto risco de desenvolvê-la até você restringir os carboidratos refinados, como pãezinhos, caixas de suco de frutas e barras de granola. Para definições claras e uma lista de alimentos refinados a evitar:http://www.diagnosisdiet.com/refined-carbohydrate-list/

3. Se você tem resistência à insulina, observe a ingestão de carboidratos. Infelizmente, as pessoas com resistência à insulina precisam ter cuidado com todos os carboidratos, e não apenas com os refinados. Substitua a maioria dos carboidratos em seu prato com deliciosas gorduras e proteínas saudáveis ​​para proteger seu sistema de sinalização de insulina. A infografia abaixo fornece estratégias-chave que você precisará para normalizar níveis de açúcar no sangue e insulina (texxto em inglês).

Você pode exercer um tremendo poder sobre a resistência à insulina - e seu futuro intelectual - simplesmente mudando a maneira como você come. Testes laboratoriais de resistência à insulina respondem surpreendentemente rápido às mudanças na dieta - muitas pessoas vêem melhorias dramáticas em seus níveis de glicose no sangue, insulina e triglicerídeos dentro de poucas semanas.

Se você já tem alguns problemas de memória e pensa que é tarde demais para fazer algo sobre isso, pense novamente! Este estudo de 2012 mostrou que uma dieta pobre em carboidratos e com alto teor de gordura  (low carb high fat, LCHF) melhorou a memória em pessoas com "diminuição cognitiva leve" (Pré Doença de Alzheimer) em apenas seis semanas.

Sim, é difícil remover os carboidratos refinados da dieta - são aditivos, baratos, convenientes e deliciosos -, mas você pode fazê-lo. É principalmente a sua dieta, e não o seu DNA, que controla o seu destino. Você não precisa ser um anão de jardim esperando por aí até a doença de Alzheimer lhe acometer. Armado com estas informações, você pode ser como um inquieto e pró-ativo pássaro nadador que ostenta um hipocampo grande e bonito que consegue manter todas as suas memórias durante o resto da sua vida.

Link do original AQUI

INFOGRÁFICO:



UPDATE: Ouça a entrevista da autora em rádio com 8 minutos sobre Alzheimer e dieta com o apresentador de talk show de São Francisco, Ethan Bearman!

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