A DOENÇA DE ALZHEIMER PODE SER EVITADA?
Artigo traduzido por Hilton Sousa. O original está aqui.
por Axel Sigurdsson
Às vezes, as pessoas falam de demência e de Alzheimer como se fossem a mesma coisa – o que não é verdade.
A demência não é uma doença específica. É um termo geral para um declínio na habilidade mental forte o suficiente para interferir com a vida diária. Ela descreve uma ampla gama de sintomas. A memória e outras habilidades de pensamento são geralmente afetadas.
A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência, que representa 60 a 80% dos casos. A demência vascular é a segunda causa mais comum de demência. É causada por distúrbios do fluxo sanguíneo para partes do cérebro.
Com uma população em envelhecimento e nenhuma cura disponível no horizonte, a doença de Alzheimer está se tornando uma preocupação crescente. É a sexta causa de morte mais comum nos Estados Unidos. Encontrar uma cura para a doença de Alzheimer é um grande desafio para a comunidade médica. Atualmente, cerca de 33,9 milhões de pessoas em todo o mundo têm doença de Alzheimer e espera-se que esse número triplique nos próximos 40 anos.
A ciência da doença de Alzheimer percorreu um longo caminho desde 1906, quando um neurologista e psiquiatra alemão chamado Dr. Alois Alzheimer descreveu pela primeira vez os principais traços da doença que recebeu seu nome. Ele notou depósitos anormais no cérebro de uma mulher de 51 anos que tinha demência.
Os pesquisadores agora sabem que a doença de Alzheimer é caracterizada por anormalidades cerebrais chamadas placas e emaranhados. Eliminar essas placas é hoje um dos principais objetivos da pesquisa do Alzheimer e drogas já estão sendo testadas em humanos.
A causa exata da doença de Alzheimer não é conhecida, mas alguns fatores de risco foram descritos. O risco de desenvolver a doença aumenta com a idade. A história familiar também desempenha um papel; existe um maior risco de doença de Alzheimer se um membro da família tiver a doença. Ter a variante genética ApoE4 é um dos maiores fatores de risco para o desenvolvimento da doença.
O risco de desenvolver demência vascular parece ser aumentado por muitos fatores que afetam o coração e os vasos sanguíneos. Estes incluem pressão alta, doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais, diabetes e colesterol elevado. Então, embora não haja uma maneira definitiva de prevenir contra a doença, não fumar, manter a pressão arterial e o colesterol em níveis saudáveis, fazer exercícios regulares, manter um peso saudável e comer uma dieta saudável são pontos sensíveis.
Embora a associação entre a doença de Alzheimer e fatores de risco modificáveis ainda seja pouco clara, foi proposto que a modificação dos fatores de risco pode diminuir a prevalência da doença. Em um artigo publicado na Lancet Neurology, os professores da UCSF (Universidade da Califórnia, São Francisco) Deborah E. Barnes e Kristine Yaffe discutiram sete desses fatores de risco.
Estes são os fatores de risco: diabetes, hipertensão da meia idade, obesidade da meia idade, depressão, inatividade física, tabagismo, inatividade cognitiva e baixa escolaridade.
A doença de Alzheimer pode ser evitada? Sete fatores de risco modificáveis associados à doença de Alzheimer
- Diabetes
- Hipertensão da meia idade
- Obesidade de meia idade
- Depressão
- Inatividade física
- Tabagismo
- Inatividade cognitiva ou baixa escolaridade
Em seu artigo da Lancet Neurology, os professores Barnes e Yaffe calculam a quantidade de modificação do fator de risco que pode influenciar a grande quantidade de casos de Alzheimer em todo o mundo.
1. Diabetes. O diabetes tem sido associado a um risco aumentado de doença de Alzheimer e demência em vários estudos. Cerca de 2% da doença de Alzheimer pode ser atribuída ao diabetes. Se a prevalência do diabetes fosse 10% menor do que no presente, 81 mil casos de Alzheimer em todo o mundo poderiam ser evitados.
2. Pressão arterial elevada (hipertensão). A pressão arterial elevada na meia idade foi consistentemente associada ao aumento do risco de doença de Alzheimer e demência no final da vida. Isso não parece ser verdade para a hipertensão em idade avançada. Cerca de 5% dos casos de Alzheimer são potencialmente atribuíveis à hipertensão. Se a prevalência de hipertensão da meia idade fosse 10% menor que os níveis atuais, os autores estimam que haveria 160.000 casos de Alzheimer a menos em todo o mundo.
3. Obesidade. Estudos indicaram que a obesidade pode estar associada à doença de Alzheimer. Os dados agregados indicam que isso pode ser estatisticamente significante. Semelhante à pressão arterial alta, a evidência sugere que a associação entre o peso e a doença de Alzheimer pode mudar com a idade. Cerca de 2% dos casos de Alzheimer podem ser atribuídos à obesidade da meia idade. Uma redução de 10% na prevalência da obesidade na meia idade poderia potencialmente evitar cerca de 67.000 casos de Alzheimer em todo o mundo.
4. Depressão. Em uma meta-análise de 13 estudos, as pessoas com histórico de depressão aumetaram em cerca de duas vezes o risco de demência em comparação com aqueles sem histórico da doença. Mais de 10% dos casos de Alzheimer em todo o mundo são atribuíveis à depressão. Uma redução de 10% na prevalência de depressão poderia resultar em cerca de 326.000 casos de Alzheimer a menos em todo o mundo.
5. Inatividade física. Muitos estudos indicaram que a inatividade física pode estar associada à doença de Alzheimer. Ensaios controlados randomizados demonstraram que idosos sedentários saudáveis que iniciam programas de exercícios experimentam melhorias significativas na função cognitiva, particularmente na velocidade de processamento mental. Em todo o mundo, cerca de 13% dos casos de Alzheimer são potencialmente atribuíveis à inatividade física. Uma redução de 10% na prevalência de inatividade física poderia potencialmente evitar cerca de 380.000 casos de Alzheimer em todo o mundo.
6. Tabagismo. A prevalência mundial de tabagismo em pessoas de 15 anos ou mais em 1995 foi de 29%, com maior prevalência na Europa e na Ásia (34% combinadas). A prevalência do tabagismo varia consideravelmente em todo o mundo. Nos EUA, 20,6% dos adultos com 18 anos ou mais eram fumantes de cigarro em 2009. Quase 14% da doença de Alzheimer em todo o mundo são potencialmente atribuíveis ao tabagismo. Uma redução de 10% na prevalência de tabagismo poderia potencialmente reduzir a prevalência de Alzheimer em cerca de 412.000 casos em todo o mundo.
7. Inatividade cognitiva ou baixa escolaridade. Achados observacionais sugerem uma ligação entre a inatividade cognitiva e a doença de Alzheimer. Essas descobertas são apoiadas por resultados de ensaios controlados randomizados que relataram que as intervenções cognitivas em idosos saudáveis estão associadas a melhorias na função cognitiva. Em todo o mundo, cerca de 19% dos casos de Alzheimer são atribuíveis à baixa escolaridade. Uma redução de 10% na baixa escolaridade poderia potencialmente reduzir a prevalência de Alzheimer em cerca de 534.000 casos em todo o mundo.
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