Mal de Alzheimer: há um papel para a dieta ?
Artigo traduzido por Hilton Sousa. O original está aqui.
por Verner Wheelock
Apesar do uso extensivo de drogas para tratar a doença, a dura realidade
 é que ainda não temos cura genuinamente efetiva. Por conseguinte, 
quaisquer progressos no controle da DA só serão conseguidos pela 
prevenção, o que significa que temos que focar na nossa compreensão das 
causas. De acordo com um estudo liderado por Deborah Barnes, uma
 pesquisadora da saúde mental do Centro Médico VA em São Francisco, mais
 da metade de todos os casos de DA poderiam ser potencialmente evitados 
por mudanças no estilo de vida e tratamento ou prevenção de condições 
médicas crônicas. Como resultado da análise dos dados, os fatores de 
risco mais significativos para DA são, em ordem decrescente:
- Baixa educação
 - Tabagismo
 - Inatividade física
 - Depressão
 - Hipertensão na meia-idade
 - Diabetes
 - Obesidade na meia-idade
 
Juntos, esses fatores de risco estão associados com até 51% dos casos de
 DA no mundo inteiro (17.2 milhões), e a até 54% dos casos nos EUA (2.9 
milhões) [2].
Nesse blog, eu vou tentar identificar alguns dos fatores dietéticos 
relevantes. Um estudo recente conduzido pela Clínica Mayo descobriu que 
pessoas com 70 anos ou mais, que comem alimentos ricos em carboidratos, 
tem aproximadamente 4 vezes maior risco de desenvolver problemas 
cognitivos leves. Resultados similares também foram obtivos para aquels 
que consumiram uma dieta rica em açúcar. Em contraste, aqueles que 
consumiram dietas com altas proporções de gordura e proteína em relação 
aos carboidratos, tiveram menor probabilidade de desenvolver a condição.
Pesquisadores acompanharam 1230 pessoas com idades entre 70 e 89 anos, 
que forneceram informações sobre o que comeram durante o ano anterior. À
 época, sua função cognitiva foi avaliada por um painel de especialistas
 contendo médicos, enferemeiros e neuropsicólogos. Desses participantes,
 foi solicitado apenas aos quase 940 que não mostraram sinais de 
problemas cognitivos que retornassem para avaliações de acompanhamento. 
Cerca de 4 anos depois, 200 dos 940 tinham começado a apresentar sinais 
de problemas cognitivos leves, problemas de memória, linguagem, 
pensamento e julgamento maiores que as mudanças esperadas pela idade.
Aqueles que reportaram a maior ingestão de carboidratos no início do 
estudo tiveram probabilidade 1.9 vezes maior de desenvolver problema 
cognitivos leves, do que aqueles com a menor ingestão de carboidratos. 
Participantes com a maior ingestão de açúcar tiveram probabilidade 1.5 
vezes maior de ter problemas cognitivos leves que aqueles com a menor 
ingestão.
Mas aqueles cujas dietas eram mais ricas em gordura – comparados à mais 
pobre – tiveram probabilidade 42% menor de enfrentar problemas 
cognitivos, e aqueles que tiveram a ingestão mais alta de proteínas 
tiveram um risco 21% menor.
Quando a ingestão total de gordura e proteína foi levada em 
consideração, as pessoas com maior ingestão de carboidratos tiveram 
probabilidade 3.6 vezes maior de desenvolver problemas cognitivos leves.
Um estudo conduzido em Roterdã descobriu que aqueles com diabetes tinham
 3 vezes maior probabilidade de desenvolver demência que aqueles sem. 
Pacientes sendo tratados com insulina tiveram risco de demência 4 vezes 
maior [4].
Aqueles com diabetes não-diagnosticada tiveram risco 3 vezes maior de desenvolver DA, comparados àqueles sem diabetes [5].
As diferenças na incidência da doença em diabéticos é provavelmente 
ainda maior que o indicado nos vários estudos, porque as pessoas 
classificadas como "não-diabéticas" invariavelmente incluem diabéticos 
que não foram diagnosticados. Isso significa que os valores para aqueles
 considerados livres do diabetes seriam mais altos que aqueles que são 
genuinamente livres da doença.
Essas descobertas foram efetivamente confirmadas em um estudo recente 
conduzido nos EUA [6]. Mais de 2000 participantes foram monitorados, 
tendo sua glicemia avaliada ao menos 5 vezes durante os 5 anos 
anteriores ao início da investigação. Os participantes foram avaliados 
por demêmcia a cada 2 anos. Diagnósticos de demência e de provável ou 
possível DA foram feitos com base nos critérios da pesquisa. Ao término,
 mais de 10% foram diagnosticados com diabetes. Em um período de 
acompanhamento medio de 6.8 anos, a demência desenvolveu-se em 524 dos 
2067 participantes (25.4%), incluindo 450 dos 1724 participantes que não
 tinham diabetes ao final do acompanhamento (26.1%) e 74 dos 342 que 
tinham diabetes ao final do acompanhamento (21.6%). O que foi 
especialmente interessante foi que a incidência de demência aumentou com
 a glicemia para aqueles sem diabetes, bem como para aqueles com 
diabetes [6]
É aceito que a glicemia é determinada pela presença na dieta de 
alimentos cuja digestão rapidamente libere frutose e glicose. 
Essencialmente, esses são os açúcares e carboidratos refinados, apesar 
de que precisa ser reconhecido que muitos dos chamados "carboidratos 
complexos" também fazem uma contribuição para a glicose em circulação. A
 importância desses achados é que mesmo se o diabetes não tiver sido 
diagnosticado, pode muito bem ser possível reduzir os riscos de 
desenvolver DA ao tomar passos que reduzam a glicemia.
De acordo com o Dr. David Perlmutter, autor de "A dieta da mente", uma 
pessoa consumindo uma dieta pobre em carboidratos e relativamente rica 
em gorduras desenvoveu a habilidade de usar a gordura como fonte de 
energia [7]. Isso significa que a glicose não é requerida para prover 
energia e que os níveis glicêmicos irão permanecer bem baixos. Como 
consequência, os riscos de desenvolvimento de AD, diabetes e outras 
doenças e condições relacionadas também serão reduzidos.
Invelizmente, o aconselhamento atual para pacientes com glicemia elevada
 é REDUZIR A GORDURA e AUMENTAR OS CARBOIDRATOS, o que tem o efeito de 
elevar a glicemia e portanto tornar as coisas piores.
Como ficará claro para os leitores das minhas outras contribuições, há 
agora evidência esmagadora de que uma dieta que seja rica em gorruda 
(exceção para as gorduras trans e as ômega-6) é benéfica à saúde. Ao 
mesmo tempo, é crucial limitar a ingestão de todos os carboidratos. Ao 
adotar essa abordagem, os riscos de desenvolver doença cardíaca, 
obesidade e vários cânceres, será reduzido. Doença de Alzheimer agora 
pode ser adicionada a essa lista.
Referências
- http://www.alzheimers.org.uk/site/scripts/documents_info.php?documentID=100
 - http://www.ucsf.edu/news/2011/07/10278/over-half-alzheimers-cases-may-be-preventable-say-researchers
 - http://iospress.metapress.com/content/qh341365j35865q7/?p=2f52541ebcc94dc5ae0765e3235b48f7&pi=7
 - A Ott et al (1996) Diabetologia 39 (11) pp 1392-1397
 - W L Xu (2009) Diabetologia 52 (6) pp 1031-1039
 - http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1215740#t=articlex
 - http://mercola.fileburst.com/PDF/ExpertInterviewTranscripts/Interview-DavidPerlmutter.pdf
 
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