segunda-feira, 21 de novembro de 2016

A MODA DO JEJUM INTERMITENTE

A MODA DO JEJUM INTERMITENTE

Nos últimos meses, o jejum intermitente simplesmente caiu nas graças do público. Mais e mais gente tem me procurado para aprender mais sobre o assunto, e a tônica em 90% dos casos é a mesma: "comer de 3 em 3 horas é um absurdo, o correto é só fazer 12/12, ou 16/8, ou 24/0".

Calma com o andor, pessoal! Embora eu mesmo seja adepto do 16/8 na maior parte do tempo, o buraco é bem mais embaixo...

Essa semana o Estado de São Paulo publicou uma entrevista bacana com a médica Bruna Ottani, chamada "Jejum intermitente não é dieta, é estilo de vida". No texto, a Bruna fala o que todo mundo que anda aqui pelo Paleodiário já sabe: que JI não queima massa magra, não induz o ganho de peso, não desacelera o metabolismo, não aumenta a sua conta de energia e não faz o seu cachorro ter pulgas.

E ainda assim, com todas essas benesses, JI também não é essencial à perda de peso. Não é uma obrigação de quem faz low-carb ou paleo.

A prática precisa ser vista pelo que ela é: uma ferramenta, e nada mais. Nossa espécie está pronta para ficar períodos sem comer ? Sim. Nossos genes "precisam" disso ? Possivelmente. Fazer jejum intermitente tem benefícios ? Certamente. 

Mas não precisa ser uma competição de quem fica mais tempo sem comer. Não é (ou não deveria ser) esse o objetivo. É exatamente por conta de pessoas que não respeitam os limites do próprio corpo e se dão mal, que qualquer prática ganha má-fama e se afasta de uma aceitação real pela sociedade e pelos profissionais de saúde convencionais.

Veja bem: eu sei que ficar em jejum razoável (16 horas ? 24 horas ? 36 horas ?) não vai matar seres humanos na média. Mas quem está chegando agora ao mundo LCHF e já quer começar logo "a milhão", pode tropeçar sim... Pense que se você vem de um dia-a-dia lotado de carbos, as suas enzimas queimadoras de gordura estarão inibidas. Então se você pára de comer de repente, ainda pode levar um tempo (e geralmente leva!) para que elas voltem a agir eficientemente.

Até que esse tempo se complete, você terá como estoque de energia apenas o glicogênio muscular e hepático. Quando esses caras se esgotarem, se as suas enzimas queimadoras (uma palavra mais correta seria "mobilizadoras") de gordura ainda estiverem inibidas, você vai simplesmente ficar sem gasolina e pode passar mal. 

Por isso é que se diz que "exercício em jejum faz passar mal". Se você come carbos o tempo inteiro, pode acontecer mesmo! Fulano passa de pizza-macarrão-sorvete para ZERO COMIDA no dia seguinte e já quer puxar ferro "porque seca rápido". Aí desmaia, bate a cabeça na quina da máquina e vem o nutri/médico/educador físico dizer que "malhar em jejum é contraindicado". 

Nessas condições, é contraindicado mesmo.

Se você vai praticar jejum, faça-o de maneira consciente. Mesmo o Andy Morgan, que tem um método eficiente de perda de peso e ganho de massa magra que usa jejum, deixa espaço para pessoas que não querem jejuar e ainda assim ficar saradas. Ele conta que ao longo dos anos dele como coach, os resultados de alunos que fizeram e não fizeram jejum não foram tão diferentes assim. Mas qual a vantagem então, se pensarmos só em estética ? Logística, por exemplo. Comer menos vezes por dia vai te poupar tempo e dinheiro. Nada de marmitas para lá e para cá, nada de ficar policiando o relógio para saber se está na hora da bóia.

Jejum intermitente simplifica sua vida.

Mas como eu já cansei de bater na tecla em todos os PQCs, respeite seu corpo, mantenha o foco e coma comida de verdade. Faça isso, e usando jejum ou não, você estará no caminho para uma qualidade de vida melhor!

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