Por fim, um exercício. Abaixo, temos 3 alimentos (100g de cada): A, B e C. Quero saber: qual deles é a superfood??
A
B
C
E aí, já decidiu? Se o critério for densidade nutricional, temos um CLARO vencedor! O alimento B deve ser nossa superfood.
Afinal, tem grande quantidade de vitaminas e minerais, muitos em
quantidades várias vezes superiores à necessidade (ou seja,
precisaríamos apenas de uma pequena porção desse alimento para
satisfazer nossas necessidades).
Mas, se você está fazendo uma dieta low
carb, a quantidade de carboidratos em 100g dos alimentos A, B e C é,
respectivamente: 10g, 5g e 21g, de modo que isso também deveria ser
levado em consideração. Aqui, mais uma vez, o alimento B sai bem na
frente dos demais.
Por fim, vamos à única informação que REALMENTE permitirá a você saber qual dos alimentos acima é a superfood: o PREÇO:
A - R$ 0,40 (quarenta centavos)
B - R$ 0,48 (quarenta e oito centavos)
C - R$ 27,17 (vinte e sete reais e quarenta centavos)
Agora você já sabe!! A superfood, aquele alimento que é definido por ser super-caro e super-exótico
é a letra C. O estranho é que, muito embora o alimento C não seja nem
um pouco ruim, sua densidade nutricional é bem inferior ao do alimento
B, e apenas um pouco superior ao do alimento A. Não obstante, custa SESSENTA vezes mais caro.
Ok, ok, vou acabar com o suspense - a reposta está abaixo:
A - Cenoura
B - Fígado bovino
C - Goji Berry
Portanto, leitor, não seja ingênuo,
crédulo e presa fácil de espertalhões. NÃO EXISTE SUPERFOOD. O que
existe são consumidores super-ingênuos, e marqueteiros super-espertos.
Com menos de 3 reais, você faz um prato com um bife de fígado acebolado e uma salada mista com verdes e cenoura, e eu desafio
qualquer comidinha cara, trazida ao Brasil de avião, de nome complicado
e metida a besta, a superar tal prato no índice de densidade
nutricional. Sério.
sábado, 30 de maio de 2015
A falta que o ceticismo faz - como enganar toda a imprensa mundial
Muitas vezes escrevo aqui no blog sobre a importância de ser cético, sobre como a imprensa apenas reproduz os press releases (comunicados de imprensa) dos pesquisadores sem dar-se ao trabalho de ler o estudo original, saber que tipo de estudo é esse, qual a magnitude absoluta dos efeitos relatados, etc., e como a imprensa nacional costuma ser ainda menos sofisticada, limitando-se a traduzir tais reportagens estrangeiras, e mesclando-as com a opinião de especialistas nacionais que não entendem do assunto.
Pois bem, o jornalista John Bohannon resolveu mostrar tudo isso em escala mundial - uma pegadinha gigante!! - e quase todo mundo caiu! Sempre acreditei que o humor consegue passar a mensagem de uma forma que 1000 argumentos podem não conseguir. Acho que a imprensa não achou nada engraçado. Já eu, estou rindo há uns três dias :-)
Nenhum comentário:
Postar um comentário