quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Carboidratos refinados causam dependência

Carboidratos refinados causam dependência

Cada vez mais, pesquisas têm indicado a relação entre o consumo de carboidratos refinados e uma suposta dependência alimentar causada pelo seu  constante consumo dentro de uma perspectiva neurológica e científica. Este conceito está chamando a atenção de diversos pesquisadores recentemente, para estudar esta relação e seu potencial para levar indivíduos ao sobrepeso e a obesidade.
Estudos têm demonstrado que alimentos com valor de recompensa alto, como por exemplo tortas, bolos, biscoitos e alimentos ricos em trigo e açúcar ativam os centros de recompensa do cérebro podendo gerar compulsão alimentar. De acordo com um estudo deste ano publicado na American Journal of Clinical Nutrition (Jornal americano de nutrição clinica) carboidratos refinados estimulam regiões do cérebro  responsáveis pela dependência química e compulsão alimentar.
Dr. David Ludwig , diretor do centro de prevenção da obesidade do Hospital Infantil de Boston e sua equipe conduziram uma análise do cérebro de 12 homens com sobrepeso, depois de consumirem dois tipos diferentes de milkshakes. Ambos os milkshakes possuíam o mesmo número de calorias, mas um possuía carboidratos de digestão rápida (açúcar) e o outro foi preparado com carboidratos complexos com baixo índice glicêmico e digestão lenta.
milk-shake
 Esta análise foi conduzida por meio de imagens geradas através de equipamentos de leitura cerebral com o intuito de medir o potencial viciante de certos alimentos, representado pela ativação de áreas cerebrais responsáveis pelo vício. A área do cérebro chamada núcleo accumbens, responsável pela memória de cargas emocionais intensas e o vício foi ativada intensamente algumas horas após o consumo do milkshake rico em açúcar, no momento em que os níveis de glicose sanguínea despencaram após terem subido drasticamente. Em outras palavras, a alta oscilação nos níveis de glicose sanguínea fazem com que o cérebro se mobilize para  que o indivíduo haja consumindo mais carboidratos como um mecanismos homeostático natural.
Segundo o autor do estudo Ludwig:
 Os exames mostraram intensa ativação em regiões cerebrais envolvidas no comportamento viciante
A conclusão óbvia do estudo de acordo com Dr. Ludwig, autor do estudo, foi a de que a restrição de carboidratos refinados como pães e o açúcar é essencial para auxiliar indivíduos obesos a diminuir os “desejos” por estes alimentos que causam a compulsão alimentar.
Já outro estudo que também foi conduzido neste ano por Joseph Schroeder constatou que carboidratos como o biscoito Oreo, uma das marcas mais consumida nos EUA é tão viciante quanto a cocaína, em ratos cobaias. Eles não somente são tão viciantes quanto a cocaína, mas eles ativaram muito mais neurônios de zonas de recompensa cerebrais do que a morfina ou a cocaína!
De acordo com o autor do estudo:
 A pesquisa reforça a teoria de que alimentos calóricos e com muito açúcar estimulam o cérebro da mesma maneira que as drogas. Isso pode explicar por que algumas pessoas não conseguem resistir a esse tipo de alimento mesmo sabendo que não são saudáveis
rato oreo
Apesar de todos os estudos conduzidos, alguns críticos  insistem em afirmar que ainda é cedo para afirmar que carboidratos  viciam, ignorando o resultado das pesquisas, a intensidade da ativação cerebral ocorrida após o consumo e a similaridade com drogas estimulantes. Eles argumentam que carboidratos são inofensivos neste sentido, tendo como base somente a afirmação de que existe uma possibilidade de que o indivíduo se tornem viciados apenas após se tornarem obesos.
Ora, se este fosse o caso o cigarro também não deveria seria considerado viciante!  O cigarro só vicia após certa freqüência e nível de consumo, o que é obvio e cientificamente provado em relação ao seu uso e isso não o destituí de seu caráter vicioso. Da mesma forma que indivíduos tenham que consumir determinado nível de carboidratos durante certo tempo para desenvolverem compulsão pelos mesmos, é preciso fumar o cigarro, ou estar exposto a sua fumaça por uma certa freqüência e intensidade, para que ele cause o vício. No entanto, esta quantidade de carboidratos não precisa ser tão alta e tão freqüente assim para gerar pelo menos um forte “desejo” por eles como foi demonstrado nos estudos acima.
Além das evidências científicas, é possível constatar o fato de que  grande parte dos indivíduos que adotam o regime de alimentação primal/paleo, low-carb sofrem uma enorme dificuldade em se livrar dos alimentos mais ricos em carboidratos como o pão e o açúcar e até mesmo adoçantes artificiais que imitam seu efeito no cérebro e estão associados a um maior “desejo” por carboidratos.
Existem milhares de depoimentos de pessoas relatando esta dificuldade em eliminá-los completamente da dieta. Conhecemos diversas pessoas que batalham diariamente e não conseguem se livrar deste vício. Por outro lado muitos se livraram do pão (trigo) e do açúcar e se sentem mais livres do que nunca, assim como ex- dependentes de drogas.
Não menos importante que as pesquisas e o relato das pessoas foi a nossa própria experiência pessoal. O desejo pelos carboidratos refinados era tão intenso que constante reintroduzimos pequenas porções destes alimentos ao longo do primeiro ano seguindo a dieta, até nos livrarmos deste vício por completo. Não foi fácil, contudo a sensação de auto-controle, saúde e energia que ganhamos não tem preço. Após aproximadamente 4 anos seguindo a dieta nos tornamos indiferentes à presença da farinha de trigo consumida por colegas e pela família. Não temos nenhuma vontade, simplesmente aprendemos a ignorá-lo. E você leitor já se livrou completamente deste vício?

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