quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Os humanos evoluíram para serem corredores de longas distâncias ?

Os humanos evoluíram para serem corredores de longas distâncias ?

Artigo traduzido por Hilton Sousa. O original está aqui.
por Mark Sisson
Graças a diversos leitores que sugeriram esse artigo recente da revista SEED, que mais uma vez usa o argumento desgastado de que os humanos evoluíram para serem corredores de longa distância. A maioria de vocês já sabe a essa altura que eu discordo totalmente dessa teoria. Eu digo que os humanos evoluíram para serem excelentes para movimentarem-se a passo lento (andar, trotar, coletar, rastejar, etc), queimando principalmente gordura. Também desenvolvemos excelentes sprints curtos, mas NÃO evoluímos para correr longas distâncias. É claro, humanos ancestrais eram em geral saudáveis o suficiente para serem capazes de ocasionalmente fazer uma corrida atrás de um animal, mas achar que a seleção natural projetou nossos corpos simiescos para correr a Maratona de Boston é, na minha opinião, ridículo.
Nós já batemos nisso um bocado no passado, quando um artigo da Men’s Health, alguns anos atrás, citou o Dr. Daniel Lieberman, um proeminente proponente da hipótese "CR" (corrida de resistência) que sugere que os humanos correriam atrás de um animal por 5 ou 10 milhas até que ele caísse morto por infarto. Eles chamam isso de caçada de persistência. Eu acho essa idéia – de que esse comportamento levou a alguma especialização dos humanos como corredores de longas distâncias – impossível em diversos níveis. 
Primeiro, muitos dos registros fósseis sugerem que humanos ancestrais eram carniceiros e viviam muito bem de carcaças e restos, até que começaram a usar armas algumas centenas de milhares de anos atrás. Nenhuma necessidade de se correr longas distâncias quando você pode andar, esconder-se, escalar, fazer um sprint e rastejar para coletar restos. 
Segundo, uma coisa é rastrear e perseguir furtivamente um animal (usando a sua inteligência superior) andando, trotando ocasionalmlente e fazendo uns poucos sprints aqui e ali. Essa é uma perseguição que queima gordura, e é provavelmente como nossos ancestrais caçavam. Mas uma vez que você precisa mudar para a queima de glicose/glicogênio para correr agressivamente por longas distâncias, é um jogo completamente diferente e você esbarra num grande problema. Corra sem glicogênio, perseguindo um animal por muito tempo, e você vai ficar exausto. Se tiver sorte suficiente para matar o bicho, ao menos terá o que comer na hora (apesar de que proteínas e gorduras não vão restaurar completamente suas reservas de glicogênio). Mas falhe na sua missão, e o seu pescoço, fatigado e sem glicogênio, estará vulnerável a virar o jantar de outro animal. CR não faz sentido para mim, de um ponto de vista evolutivo.
Então agora vem o Lieberman de novo com seu último estudo no Jornal de Biologia Experimental, que comparou as forças mecânicas nos pés e o custo metabólico de gerar essas forças para chegar à seguinte conclusão:
O custo mecânico aumentado, associado com dedos longos na corrida sugere que as proporções do pé humano moderno poderiam ter sido selecionadas no contexto da evolução da corrida de resistência.
Ele basicamente argumenta que os humanos evoluíram para ter dedos mais curtos que nossos parentes macacaos, porque os parentes de dedos mais longos foram eliminados pela seleção. Essa mesma teoria implicaria portanto que ancestrais de dedos mais longos morreram a uma taxa mais alta, como resutlado de precisarem de um pouquinho mais mais de combustível, na média, para correr atrás de presas por longas distâncias ? Hmmm. Eu não compro essa, e estou surpreso pelo Jornal ter comprado. Uma vez que o estudo concluiu que não há diferença de custo entre dedos longos e curtos ao andar, eu poderia até mesmo usar esses dados para suportar a minha teoria de que evoluímos para sermos andadores eficientes que poderiam fazer sprints quando necessário, e que eram condicionados o suficiente para correr atrás do mastodonte ocasional se isso fizesse sentido. E então tem isso: se os homens faziam a maior parte das caçadas, por que é que as mulheres são melhor adaptada a ultra-corridas que os homens (comparadas a eventos mais curtos de corrida) e mulheres modernas como Ann Trason podem vencer a maioria dos homens de hoje em cada evento de ultra-corrida que participa ? (Ok, ela poderia ser um ponto fora da curva).
É claro, os proponentes da CR tipicamente citam os Tarahumara como exemplos atuais da propensão genética a correr longas distâncias. Essa tribo indígena mexicana é conhecida por suas proezas correndo longas distâncias (frequentemente 80-125km em um dia) e por sua participação em caçadas de persistência ocasioais, nas quais eles literamente correm atrás de veados até que o animal fique tão exausto que eles andam até ele e o matam. 
Mas outros cientistas sugerem que a resistência dos Tarahumaras é baseada mais em adaptação cultural (sem carros, sem telefones, sem correios), treino, dieta e condicionamento do que em hereditariedade. 80% da sua dieta é de carboidratos complexos vindos de grãos e feijões. Isso volta ao meu argumento primário de como nos NÃO evoluímos para ser corredores de longas distâncias. Até que tivéssemos uma fonte confiável de combustível rico em carboidrato, que se tornou disponível através da agricultura, qualquer tipo de corrida longa regular (aeróbico crônico) era um assassino a serviço da seleção natural. Comer grãos todo dia em cada refeição certamente enche o estoque de glicogênio, de forma que você consegue correr hoje e amanhã de novo. Mas por que ?
A maioria dos antropólogos concordaria que não evoluímos para nadar. Nós aprendemos como nos movimentarmos na água sem nos afogarmos, e fazemos isso bastante bem para um mamífero terrestre. Isso não significa que é natural ou uma adaptação. Similarmente, eu digo que aprendemos a correr maratonas quando tivemos o luxo de carboidratos ilimitados. Isso não torna a corrida de longa distância natural ou uma adaptação.
Um último ponto que abordarei é a afirmação de que o grande tamanho do músculo gluteus maximus dos humanos é mais uma evidência a favor da teoria da CR. Eu argumentaria que a mudança para o bipedalismo fez da posição padrão de descanso, as cócoras (falei sobre esse assunto aqui) e que a amplitude de movimento e força requeridos para essa posição precisa de glúteos e isquiotibiais fortes e bem-desenvolvidos. Não precisa ir longe para ver como as pessoas treinam esses músculos: em uma academia você vai ver agachamentos, afundamentos, exercícios-terra, etc.

Um comentário:

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