segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Comidas iguais consequencias diferentes

Comidas iguais consequencias diferentes

Comidas iguais, mas respostas diferentes...
A reportagem a seguir saiu no Washigton Post em 20/11/2015.
É sobre uma pesquisa que tenta entender como determinados alimentos podem atuar sobre as pessoas de modo diferente, até mesmo oposto. Sabemos que muitas pessoas reclamam que não têm resultados muito promissores quando introduzem um estilo alimentar mais cuidadoso. De fato o estudo mostrou que há particularidades a serem consideradas, e sugerem um modelo bastante individualizado (que me pareceu demasiado trabalhoso) para propor um cardápio - baseado num cálculo matemático. 
Ao final o que pareceu fazer a diferença como resultado "terapêutico" de um projeto alimentar é o equilíbrio do microbioma oportunizado pela alimentação. Assim as melhores respostas obtidas nesse estudo estão diretamente relacionadas ao perfil de bactérias avaliados em seus exames (por coletas de fezes), induzido pela modificação dietética. 
Esse estudo envolve o consumo de carboidratos, e não se preocupou em fazer qualquer comparação com um standard tipo: comida de verdade, paleo, low carb ou outro similar. Mas sua relevância é mostrar com mais clareza um fato visto como caricatural sobre alimentação: "passei a comer mais saudável e não emagreço (ou até engordo)..." A maioria das pessoas tem qualidades muito particulares em seu metabolismo, e é improvável que um modelo alimentar muito rígido tenha grandes chances de sucesso para a maioria das pessoas.
Obviamente aqui vale a máxima: o que serve para um pode não servir para o outro... 
Não creio porém que uma regra geral: True Food - Low Carb sofra maiores ressalvas por estudos como esse.  
(O link para acesso ao estudo original está no artigo)

Estudo sobre dietas derruba tudo o que pensávamos que sabíamos sobre comida "saudável"
Por Ariana Eunjung Cha 20 de novembro  

O que é comida "saudável" para alguns pode não ser para os outros, foi o que os pesquisadores descobriram. (Barbara Damrosch)
Se você já experimentou a última dieta da moda pois estava se percebendo em ganho de peso e se sentindo horrível e quis saber o que você estava fazendo de errado, os cientistas têm agora uma explicação para você.
Pesquisadores israelenses, em publicação na revista CELL desta semana, descobriram que os organismos de diferentes pessoas respondem ao comer uma mesma refeição de modos muito diferentes - o que significa que uma dieta que pode fazer maravilhas para o seu melhor amigo pode não ter o mesmo impacto em você.
Os autores Eran Segal e Eran Elinav do Instituto de Ciência Weizmann, focaram em um componente-chave usadas na criação de planos de uma dieta equilibrada, como Atkins, Zone ou South Beach. Conhecido como o índice glicêmico, ou abreviadamente GI, ele foi desenvolvido décadas atrás, como uma medida de o quanto certos alimentos impactam no nível de glicose no sangue e isso tem sido considerado um número fixo.
Mas não é. Acontece que ela varia amplamente, dependendo do indivíduo.
Os pesquisadores recrutaram 800 voluntários saudáveis ​​e pré-diabéticos idades de 18 a 70 anos e realizaram a coleta de dados através de questionários de saúde, medidas corporais, exames de sangue, monitoramento de glicose e amostras de fezes. Eles também mantinham a informação de estilo de vida e de ingestão de alimentos através de um aplicativo de celular de cada participante que terminou coletando informações sobre um total de 46,898 refeições de todos eles.
Cada pessoa foi convidada a comer um desjejum padronizado que incluía coisas como pão todas as manhãs.
Eles descobriram que o índice de massa corporal e a idade, como esperado, pareceram impactar o nível de glicose no sangue após as refeições, mas havia alguma coisa a mais. Diferentes indivíduos mostraram respostas muito diferentes para a mesma comida, mesmo que suas próprias respostas permanecessem as mesmas no dia a dia.

"Há profundas diferenças entre os indivíduos - em alguns casos, os indivíduos têm respostas opostas aquelas de outros", explicou Segal.
Os pesquisadores disseram que os resultados demonstram que a adaptação de planos de refeição para a (específica) biologia de um indivíduo pode ser o futuro da nutrição e esse estudo rendeu muitas surpresas para a individualidade. Um exemplo envolve uma mulher de meia-idade que tentou e fracassou com muitas dietas. Os testes mostraram que os níveis de açúcar no sangue extrapolavam depois de comer tomates - indicando que essa era uma má escolha dietética para ela uma vez que níveis (elevados) de glicose no sangue tem sido associado a problemas de coração, obesidade e diabetes - mas como ela não sabia disso, ela estava comendo-os como parte de seu plano dietético saudável várias vezes por semana.
Elinav disse que o trabalho "realmente nos iluminou sobre a forma como todos nós temos imprecisões sobre um dos conceitos mais básicos da nossa existência, que é como nós comemos e integramos a nutrição em nossa vida diária."

Para aprofundar ainda mais fundo na questão de por que essas enormes diferenças existem, os pesquisadores projetaram uma outra experiência que envolveu intervenções dietéticas personalizadas em 26 novos voluntários. O objetivo era reduzir os níveis de glicemia no sangue após a refeição (glicemia pós-prandial). Os clínicos projetaram dois conjuntos de refeições especializadas - café da manhã, almoço, jantar e até duas refeições intermediárias – e para cada pessoa se teorizou o que seria uma dieta "boa" ou uma dieta "ruim". Cada participante seguiu as dietas por uma semana inteira. As boas dietas funcionaram, e eles não viram apenas os seus níveis de açúcar no sangue se reduzirem, eles encontraram alterações em sua microbiota intestinal. Uma descoberta interessante foi que, embora as dietas fossem muito personalizadas, várias das alterações na microbiota foram semelhantes para os participantes.
Isto parece implicar, disse o pesquisador, que nós estamos "realmente conceitualmente errados" em nossa compreensão sobre a epidemia de obesidade e diabetes.
Nós pensamos que "sabemos como tratar estas condições, e o que acontece apenas é que as pessoas não estejam ouvindo e estejam comendo fora de controle", Segal disse, "mas talvez as pessoas estejam realmente obedecendo e, em muitos casos, lhes foram dadas orientações erradas."
Usando as informações do estudo, os pesquisadores foram capazes de chegar ao santo graal da dieta: um algoritmo que considera centenas de aspectos sobre uma pessoa e os transforma em um plano de refeição feita sob medida. Os resultados foram muito surpreendentes para ambos os médicos e participantes. "Não era apenas salada todos os dias", disse Segal para o The Atlantic ."Algumas pessoas consumiram álcool, chocolate e sorvete, com moderação."
Muitos dos participantes ficaram bastante animados e espalharam as experiências entre os seus amigos e familiares e atualmente os pesquisadores têm mais de 4000 pessoas na sua lista de espera para o próximo estudo.

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