O QUE É A HOMEOPATIA!
Samuel Hahnemann, Pai da Homeopatia
Para
que possa saber o que é a Homeopatia e quando indicá-la aos seus
pacientes, é importante compreender e incorporar alguns conceitos
básicos desta proposta terapêutica. Primeiro, vamos ver o que a
Homeopatia não é (as expressões entre aspas
são as comumente usadas entre as pessoas, e aceitas popularmente como
verdadeiras): 01. Homeopatia não é simplesmente uma especialidade do
médico alopata, que dá remédios mais “fracos”, “com menos efeitos
colaterais”, e para problemas “menos graves”. 02. Não é um tratamento
para doenças “simples”, porque “quando o problema é sério, só a alopatia
pode tratar”. 03. Não é um tratamento “longo e demorado”, onde se têm
que ter muita paciência para perceber algum resultado. 04. Não é um
tratamento “isento de efeitos colaterais”, que se pode tomar à vontade,
porque “se não fizer bem, mal não faz”. 05. Não é um tratamento para a dor de cabeça, a gastrite, o câncer, a unha encravada, a pressão alta, o diabetes, a depressão, a ansiedade, o vitiligo, a queda de cabelos, a
obesidade, etc., etc. 06. Não é Naturismo, Macrobiótica ou Fitoterapia.
07. Não é um tratamento “caro”. 08. Não é um tratamento que cura para
sempre, ou no qual a pessoa nunca mais fica doente.
Muito bem, dito isto, vamos ver o que é a Homeopatia:
01. A
Homeopatia é uma Doutrina terapêutica, com um corpo filosófico e
científico, baseada na experimentação no homem são e na identidade da
sintomatologia entre o remédio e o doente. Isto quer dizer que, apesar
do homeopata ser um médico alopata, ele possui toda uma formação
diferenciada dentro desta linha terapêutica, tão diferente da Alopatia
como é a Acupuntura (Medicina Chinesa), a Ayurvédica (Medicina Indiana),
e a Vajrayana (Medicina Tibetana), além da sua necessidade de vivenciar
a Homeopatia, fazendo dela também sua filosofia de vida. Os postulados
da Medicina Alopática estão estruturados na atual visão científica
newtoniana-cartesiana, mecanicista, bioquímica e laboratorial. Já a base
da Homeopatia está alicerçada num contexto filosófico-empírico,
biofísico e energético-consciencial. A Alopatia vê o homem como o seu
corpo, dissociado de sua psique, tratando e evidenciando suas partes,
seus órgãos, seus diagnósticos, e os agentes causais das doenças
(bactérias, bacilos, vírus, tóxicos, radiações, etc.); onde todo o
tratamento está voltado para o sintoma e não para sua complexa causa
interacional homem-sistema, atacando o agente externo como o único
responsável pela doença. A Homeopatia vê o homem como um todo biológico,
psicológico e social, como prega a Organização Mundial da Saúde, não
esquecendo em qualquer situação que ele apresenta esta totalidade
fenomenológica.
02.
Dentro desta visão ampla e complexa da Homeopatia, o tratamento é mais
ou menos prolongado, de acordo com o fator gerador da desarmonia de sua
totalidade, a profundidade do processo e fatores outros como
resistência, obstáculos internos, relação social, meio ambiente, etc.
Como o Homeopatia não visa o sintoma mas o Homem, a cura advém da
resolução dos seus desequilíbrios, quer estejam no nível físico,
psicológico ou relacional. Além disso, as chamadas doenças agudas têm
resposta terapêutica idêntica ou até mais rápida que os tratamentos
alopáticos sintomáticos, quando o medicamento está corretamente
formulado. Quanto às doenças crônicas, ou seja, aquelas de evolução
lenta que não respondem aos tratamentos convencionais a não ser
paliativa ou sintomaticamente, a Homeopatia tem a mesma visão basilar,
que é a do tratamento do ser humano que sofre e não do diagnóstico de
sua doença ou do agente etiológico (causal), visando ainda aqui a
totalidade do indivíduo e não apenas as suas partes. Infere-se daí que o
tempo de tratamento depende de um número grande de variáveis, que
dependem de cada pessoa e de cada situação. De qualquer forma, tratar
não é o mesmo que curar. Neste sentido, a proposta alopática é tratar a
doença, e a homeopática é curar o indivíduo.
03. A
Homeopatia é uma especialidade que atende a qualquer faixa etária,
raça, cor, credo, sexo e doença. Se o problema do paciente é gripe ou
reumatismo, o procedimento homeopático é o mesmo, ou seja, trata o
indivíduo e não a doença. Ocorre que pela culturalização que sofremos,
muitas vezes iniciamos um tratamento homeopático para um ou mais
sintomas, mas quando algo “diferente” ocorre no percurso terapêutico,
busca-se a Alopatia porque é “mais rápido”, ou porque era “só uma
dorzinha” ou “o problema era mais sério”. Quando uma pessoa inicia um
tratamento homeopático ocorre toda uma mobilização de sua Energia Vital,
visando a exteriorização do processo desarmônico e a harmonização de
sua totalidade bio-psico-social, podendo ocorrer algumas vezes agravação
dos sintomas ou surgimento de sintomas antigos suprimidos, que fazem
parte das leis de cura homeopática, e que não devem ser tratados de forma supressiva
(alopaticamente ou sintomaticamente), sob pena de perder-se todo o
mecanismo natural da exoneração (limpeza), que visa a cura do indivíduo.
Deve-se perceber que a Homeopatia tem algumas Leis de Cura, como se
seguem: a cura se faz da cabeça para os pés; de dentro para fora; dos
órgãos mais vitais para os menos vitais; da psique para o corpo; do
presente para o passado; e do egoísmo infantil para o altruísmo adulto.
Estas leis não precisam ocorrer todas numa mesma pessoa nem serem
percebidas nesta ordem rígida, mas o que define a cura homeopática é a ausência de sintomas físicos, harmonia psicológica (que inclui bem-estar, auto-aceitação, felicidade e amor produtivo) e capacidade relacional adequada, possibilitando ao homem cumprir os altos fins de sua existência.
04.
Devido à possibilidade de agravamento e ao próprio processo da
patogenesia, que é o aparecimento dos sintomas a partir do uso
continuado do medicamento, a Homeopatia não está isenta de
“complicações” e por isso não deve ser usada indiscriminadamente,
induzido por propagandas levianas e de má fé, que afirmam “não fazer mal
a ninguém”.
05. Finalmente, por tudo o que foi dito, a Homeopatia trata o ser humano e não suas partes ou suas doenças,
tendo o paciente a necessidade de compreender este todo abrangente, e
buscar ser o mais honesto e observador possível, dentro de suas
possibilidades, para auxiliar o médico homeopata na busca do seu
remédio, que incluirá todos os seus sintomas físicos, emocionais e
relacionais, na busca da sua harmonização global. Esta escola se chama “Unicista”, porque trata o indivíduo inteiro com um único remédio, o seu similimum.
Devo fazer um adendo neste tópico porque existem no mercado remédios
homeopáticos que não tratam o ser humano neste contexto totalitário, mas
sim algumas doenças ou órgãos específicos, tais como a Homeopatia Dr.
Waldomiro Pereira, Almeida Prado ou Weleda. Estas linhas são conhecidas
como “Pluralistas”, “Complexistas” ou “Organicistas”,
que tratam a saúde humana com substâncias homeopáticas, mas dentro da
visão alopática da “doença” e não do “doente”. Vamos descrever este
assunto em outro tópico, já que Hahnemann tinha apenas a visão unicista
da homeopatia.
06. A
Homeopatia é um processo único e específico de tratamento, que não deve
ser confundido com outros métodos, tais como: 1. Naturismo – aqui a
saúde é conseqüência da desintoxicação do indivíduo, da prática dos
princípios da higiene e da obediência às leis da natureza: alimentação
correta; ar puro; movimento; banhos; suadouros; uso da água; jejum;
descanso; evitamento do álcool, fumo, drogas; banhos de Sol; curas por
plantas; limpeza do sangue; banhos alternados; etc. A Homeopatia não faz
parte do Naturismo, e este não inclui a Homeopatia, que é autônoma e
suficiente! 2. Macrobiótica – que se baseia no uso de alimentos puros,
integrais, saudáveis, de acordo com suas propriedades energéticas e cujo
principal objetivo é manter o organismo em equilíbrio dinâmico. 3.
Medicina Local: Fitoterapia, Herboterapia, “Garrafadas”, etc., que
abrange o uso de ervas e plantas medicinais locais, na forma de chás,
ungüentos, saladas, etc. Embora a Homeopatia use plantas como substrato
medicamentoso, estas devem passar pelo processo específico da
farmacotécnica Homeopática (diluída e dinamizada); além disso também são
usados todos e quaisquer minerais, animais (ou partes deles) ou
fórmulas preparadas artificialmente em laboratórios. 4. Medicinas
Espirituais: são as praticadas nos Centros Espíritas, na Umbanda, no
Candomblé, e nas casas dos curadores, benzedores e impositores de mãos.
Embora durante muito tempo os espíritas brasileiros tenham receitado
medicamentos homeopáticos em seus tratamentos locais, não existe relação
direta entre estas áreas da atuação humana. Hahnemann, o fundador da
Homeopatia viveu entre 1755 e 1843, anterior ao surgimento do
Espiritismo, que depois utilizou-se desta terapêutica. Não quero aqui
entrar no mérito destas escolas e métodos terapêuticos (pois todos têm
seu valor histórico, antropológico e curativo), mas simplesmente clarear
as dúvidas e confusões que desde há muito tempo vêm sendo mantidos nos
conceitos populares.
07.
É comum ouvir-se dizer que o tratamento homeopático é caro, mas
comparando-se preços de consultas particulares de médicos alopatas, o
preço se equipara. Além disso, existem também alguns homeopatas
conveniados. A principal diferença se faz no preço dos medicamentos
alopáticos, que muitas vezes custam mais que as consultas.
08. A
Homeopatia trata somente do indivíduo que tem sintomas, isto é, daquele
que sente ou demonstra algum tipo de desconforto ou inadequação na sua
vida e/ou corpo. As pessoas que não apresentam sintomas são obviamente
consideradas saudáveis, e portanto não é possível dar-lhes uma
medicação, visto que o remédio é encontrado pela similitude entre os
sintomas do indivíduo e do medicamento (daí o nome Homeopatia: Homeo = mesmo, igual, semelhante; e pathos
= doença, sofrimento). Advém daí que quando o indivíduo está sem
sintomas a medicação não deve ser feita, pois não há semelhança em
nenhum medicamento com um indivíduo totalmente saudável. Outro
esclarecimento que deve ser feito é sobre a idéia que algumas pessoas
têm com relação temporaneidade da cura, ou seja, por quanto tempo ela se
mantém. Como vimos, a saúde é a resultante de um equilíbrio dinâmico
entre o corpo, os sentimentos e a relação com o mundo, e a doença é o
resultado do desequilíbrio desta totalidade. Quando uma pessoa trata-se
homeopaticamente e desaparecem seus sintomas, não significa que ela
jamais ficará doente de novo, pois a complexidade da vida e as
constantes fontes estressantes do mundo possuem uma troca constante,
sendo a resultante uma variável ao longo de toda a existência das
pessoas. Por exemplo, quando uma pessoa está totalmente sem sintomas mas
enfrenta algum período de sofrimento moral, emocional ou físico; quando
se depara com grandes perdas físicas ou humanas; quando se intoxica com
alimentos contaminados ou ambientes poluídos; quando se estressa no
trabalho, lar ou trânsito; enfim, se irrompe algum fator causador de
desequilíbrio na sua totalidade, aflorando fatores individuais ainda não
trabalhados ou descobertos, a pessoa pode vir a adoecer, como
aconteceria com qualquer outro, em ocasião propícia. Portanto o
tratamento homeopático não visa a cura absoluta e definitiva da pessoa
(o que não é possível a nível humano), mas sim uma harmonização dinâmica
dos seus processos emergentes e evidentes, trazendo assim o bem-estar
nos seus níveis de manifestação, durante o tempo em que este equilíbrio
se mantiver.
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