terça-feira, 18 de julho de 2017

UMA NOVA TEORIA SOBRE CÂNCER: O QUE NÓS SABEMOS SOBRE COMO ELE SE INICIA PODE ESTAR COMPLETAMENTE ERRADO

UMA NOVA TEORIA SOBRE CÂNCER: O QUE NÓS SABEMOS SOBRE COMO ELE SE INICIA PODE ESTAR COMPLETAMENTE ERRADO

A NEW THEORY ON CANCER: 

WHAT WE KNOW ABOUT HOW IT STARTS COULD ALL BE WRONG

ARTIGO DA NEWSWEEK 
DE  

Paul Davies sabe o que há de errado com a pesquisa do câncer: muito dinheiro e poucas perspectivas. Apesar dos bilhões de dólares investidos na luta contra esta doença, ela permanece como um inimigo inescrutável. "Existe essa suposição de que você pode resolver o problema jogando dinheiro sobre ele", diz ele, "que você pode gastar seu caminho para uma solução". Davies, físico teórico da Universidade Estadual do Arizona (ASU) - e, portanto, um pouco de um intruso no campo do câncer - afirma que ele tem uma idéia melhor. "Eu acredito que você tem que pensar seu caminho para uma solução".
Ao longo de vários anos, pensando no câncer, Davies apresentou uma abordagem radical para a compreensão. Ele teoriza que o câncer é um retorno a um tempo anterior na evolução, antes de terem surgidos os organismos complexos. Quando uma pessoa desenvolve câncer, ele postula, suas células regridem de seu atual estado de sofisticação e complexidade para se tornar mais similar a vida unicelular prevalecente há um bilhão de anos atrás. 
Mas enquanto alguns pesquisadores estão intrigados com a teoria de que o câncer é um retrocesso evolutivo, ou atavismo, muitos pensam que isso é tolice. Essa teoria sugere que nossas células se recuperam fisicamente de sua forma atual - uma peça complexa no enigma ainda mais complexo que constitui um pulmão ou um rim ou um cérebro - a um estado primitivo semelhante a algas ou bactérias, uma noção que parece absurda a muitos cientistas. No entanto, gradualmente, a evidência está emergindo de que Davies poderia estar certo. Se ele está - se o câncer realmente é uma doença onde nossas células atuam como seus antepassados unicelulares de uma remota eternidade -, então, a abordagem atual do tratamento pode estar completamente errada.

Caldo Primordial
Davies nunca considerou pesquisar câncer quando recebeu uma chamada da bióloga Anna Barker em 2007. Na época, Barker era a vice-diretora do Instituto Nacional do Câncer, e ela contou a Davies sobre uma nova iniciativa que buscava trazer conhecimentos e insights das Ciências Físicas - química, geologia, física e similares - na pesquisa sobre câncer. A rede resultante financiada pelo NCI, que começou em 2009 e incluiu 12 instituições, foi uma chance para os "outsiders" em câncer trocarem e expandir informações não convencionais sobre a doença. A proposta de Davies para um Centro para a Convergência de Ciências Físicas e Biologia do Câncer na ASU foi selecionada para a rede.  

Acostumado a fazer as perguntas mais básicas na física - Como o universo começou? Como a vida começou? - Davies decidiu assumir uma tática semelhante com uma das doenças mais temidas da humanidade. Ele começou com duas perguntas simples: o que é câncer e por que existe? Apesar de décadas de pesquisa e mais de um milhão de artigos científicos sobre o estranho e incontrolável crescimento celular que chamamos de câncer, ninguém jamais desvendou esses mistérios fundamentais.
Para Davies, a primeira pista sobre a origem do câncer foi o fato de ser comum durante a vida multicelular; isto é, qualquer organismo feito de várias células em vez de apenas uma única célula, como bactérias. O fato de que a doença ocorre em tantas espécies indica que deve ter evoluído muito antes dos seres humanos existirem. "O câncer", diz Davies, "está muito profundamente enraizado na forma como a vida multicelular é feita". Em 2014, por exemplo, uma equipe de pesquisa alemã liderada por Thomas Bosch, biólogo evolutivo da Universidade de Kiel, descobriu o câncer em duas espécies de hidra , um dos primeiros organismos a evoluir a partir de espécies primitivas unicelulares. "O câncer é tão antigo quanto a vida multicelular na Terra", disse Bosch na época.
A evidência de que o câncer é uma regressão evolutiva vai além da onipresença da doença. Os tumores, diz Davies, atuam como organismos unicelulares. Ao contrário das células de mamíferos, por exemplo, as células cancerosas não estão programadas para morrer, tornando-as efetivamente imortais. Além disso, os tumores podem sobreviver com muito pouco oxigênio. Para Davies e sua equipe, que inclui o astrobiologista australiano Charles Lineweaver e Kimberly Bussey, especialista em bioinformática da ASU, esse fato apóia a idéia de que o câncer surgiu entre 1 bilhão e 1 bilhão de anos atrás, quando a quantidade de oxigênio no atmosfera era extremamente baixa.
Os tumores também se metabolizam de forma diferente das células normais. Eles convertem glicose em energia com incrível rapidez e produzem ácido láctico, um produto químico que normalmente resulta do metabolismo que ocorre na ausência de oxigênio. Em outras palavras, as células cancerosas fermentam, e os cientistas não sabem o porquê. Este fenômeno é conhecido como o efeito de Warburg, assim denominado por Otto Warburg, um bioquímico alemão que ganhou um Prêmio Nobel em 1931 por suas descobertas sobre oxigênio e metabolismo. Até 80 por cento dos cânceres exibem o efeito de Warburg. Os pesquisadores sabem que muitos tipos de câncer dependem do efeito Warburg para sua sobrevivência, mas eles não sabem o porquê. Para Davies, a estranha maneira pela qual os tumores fazem seu metabolismo também fala do passado antigo do câncer: eles estão se comportando como se não houvesse oxigênio disponível.
As células malignas também produzem ácido, o que Mark Vincent, outro proponente da teoria atávica, diz que elas criam um ambiente que remanesce a atmosfera durante o éon proterozóico, quando a vida apareceu pela Terra. A semelhança entre essas duas ecologias - dentro de um tumor e do planeta na antiguidade - levou Vincent, um médico oncologista do London Regional Cancer Center em Ontário, a refletir se a liberação ácida é "um traço primitivo" das células cancerosas. O fato de que as células cancerosas dependem deste ambiente avinagrado para sua sobrevivência - "[Elas] podem usar este ácido para comer seu corpo", diz Vincent, empresta credibilidade à teoria de que o câncer é uma regressão evolutiva.
Vidas unicelulares
David Goode, biólogo computacional de câncer no Peter MacCallum Cancer Center na Austrália, e seus colegas descobriram que os genes presentes em organismos unicelulares, um indicador de sua idade muito antiga, eram prevalentes nos genomas de vários tipos de câncer, ao passo que os genes que surgiram mais tarde eram menos importante para o crescimento e a função do tumor.
Se o câncer é uma reversão do presente para a forma de vida passada, o que desencadeia a mudança? Davies acredita que a regressão começa quando o corpo está danificado ou estressado. Ele usa a analogia de um computador que sofre de um mau funcionamento do hardware e inicia-se no modo de segurança. O câncer segue o mesmo padrão de lesão seguido de "modo seguro" unicelular - diz Davies, mas iniciado por, por exemplo, um erro na replicação de DNA em vez de um problema de hardware. Câncer, diz Davies, "é um mecanismo de defesa que tem raízes muito antigas".
A transição das células cancerosas do metazoário (animal) para o protozoário (organismo unicelular) ”não é um resultado puramente acidental de mudanças aleatórias", diz Goode. Em vez disso, a necessidade de sobreviver leva as células cancerosas a um genoma mais primitivo. "Reverter para um estado mais primitivo ajuda uma célula tumoral não apenas a se dividir mais rapidamente, mas também a se adaptar às constantes pressões ambientais que enfrenta", diz Goode.
Esta visão é radicalmente diferente do atual paradigma do câncer, o que afirma que o câncer é uma doença genética. Anormalidades hereditárias ou alterações genéticas espontâneas e imprevisíveis, às vezes causadas por agentes cancerígenos ambientais, produzem versões de genes que causam operações normais dentro de uma célula. Às vezes, uma proteína responsável pela sinalização da divisão celular nunca pode desligar. Outras vezes, o sinal para morte celular nunca tem sucesso. Os pesquisadores descobriram dúzias de caminhos abertos como resultado de tais variantes genéticas.
Os recentes esforços para desenvolvimento de drogas se concentraram fortemente em alvejar esses caminhos para impedir que as células se dividissem, forçar a sua morte ou de outra forma suspendam o crescimento do tumor. Os resultados tem sido contraditórios. Algumas dessas drogas prolongam a vida, como as que visam a mutação HER2 no câncer de mama, a mutação ALK no câncer de pulmão e a mutação BRAF no melanoma.
No entanto, os benefícios das chamadas terapias direcionadas foram escassos. Embora a taxa de mortalidade por câncer tenha diminuído cerca de 13% entre 2004 e 2013, de acordo com o NCI, os números globais ainda são surpreendentes. Em 2016, cerca de 1,7 milhões foram diagnosticados com câncer e quase 600 mil pessoas morreram pela doença nos EUA.
E os avanços chegaram a um custo exorbitante. A despesa com o cuidado do câncer aumentou mais do que o dobro desde 1990, atualmente ultrapassando os US $ 125 bilhões por ano nos EUA e deverá chegar a US $ 173 bilhões até 2020. O custo das terapias direcionadas pode chegar facilmente a US $ 65.000 por ano por paciente, mas as drogas geralmente prolongam a vida por apenas alguns meses.
Davies pensa que o foco monetário e restrito em terapias direcionadas é equivocado. Esses novos medicamentos tendem a se concentrar em atacar os pontos fortes do câncer em vez de suas fraquezas; seu músculo em vez do seu calcanhar de Aquiles. Por exemplo, um medicamento pode ser projetado para parar a proteína anormal que permite que uma célula se divida sem parar. Mas, diz Davies, ao mesmo tempo que a divisão celular sempre existiu, sempre houve ameaças a isso. "A vida teve 4 bilhões de anos para desenvolver respostas a essas ameaças", diz ele. Os tumores são incrivelmente habilidosos em contornar o estresse de uma nova droga ao desenvolver anormalidades genéticas que preservam sua capacidade de se dividir. Pacientes com câncer conhecem muito bem esta força: muitas terapias uma vez muito potentes pararam de funcionar porque as células tumorais tornam-se resistentes, eventualmente esgotando todas as opções de tratamento.
A teoria atávica anuncia novas abordagens. Medicando tumores com a menor dose possível pode evitar a evolução de caminhos resistentes à terapia que de outra forma permitem que o câncer se espalhe por todo o corpo. "Você não precisa se livrar disso", diz Davies, "você só precisa entender e controlá-lo". Vincent imagina explorar outras características das células cancerígenas, como o ambiente ácido que elas produzem e sua tolerância à hipoxia, ou seja às deficiências de oxigênio. Por exemplo, uma droga ativada por ácido pode atingir células cancerosas e não tecidos normais.

O efeito de Warburg poderia fornecer outro caminho de ataque, visando as forças por trás do metabolismo das células cancerígenas, que diferem de forma clara do processo normal. A evidência de que o câncer é vulnerável a este plano de jogo está aumentando. Craig Thompson, presidente e CEO do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, lançou recentemente a Agios Pharmaceuticals, que está testando drogas contra uma enzima mutante que impulsiona o metabolismo na leucemia mielóide aguda.
Os pesquisadores também trabalharam a perspectiva da deficiência de oxigênio contra os tumores. Um estudo em ratos com câncer metastático mostrou que o oxigênio puro ou hiperbárico combinado com uma dieta rica em gordura e muito reduzida em carboidratos aumentou o tempo de sobrevivência. Vários estudos também mostraram um benefício da oxigenoterapia hiperbárica. Mas os dados iniciais ainda não são substanciais, e a abordagem ainda é considerada um tratamento alternativo que não possui evidências clínicas rigorosas. Nenhum estudo científico explorou o ambiente ácido dentro dos tumores como um tratamento. A teoria atávica é muito nova para se traduzir em avanços significativos na terapêutica.
Abrindo espaço para a novidade
Muitos oncologistas são céticos de que isso acontecerá. O biólogo evolucionista Chung-I Wu, da Universidade de Chicago, chama a teoria atávica de "uma posição extrema". Os cientistas também criticaram a referência de Davies à desacreditada "teoria da recapitulação" de que os embriões humanos desenvolvem órgãos vestigiais temporários - brânquias, cauda, saco vitelino - como suporte para o modelo atávico. "Eu fui ridicularizado pela comunidade de biologia", diz Davies.
Análises genéticas do biólogo Xionglei He e colegas, na Universidade Sun Yat-sen, na China, descobriram que a disseminação do câncer em todo o corpo ocorre quando os genes multicelulares perdem a função, eliminando a complexidade evoluída, de modo que os tumores se assemelham a organismos unicelulares. Mas em seu estudo da Nature Communications , os autores enfatizam que as células cancerosas não se tornam "ancestrais primitivos" de mais de 600 milhões de anos atrás. A noção de "evolução reversa" é, eles dizem, apenas uma esquematização, e apenas um dos muitos processos em camadas que estimulam o desenvolvimento e o crescimento do câncer. Wu cita este trabalho como mais "respeitável" do que os estudos de Davies e Vincent.
Davies é imperturbável pelas objeções. "O meu sentimento é, quem se importa? A idéia era entrar de fora e dar uma nova perspectiva ", diz ele. Davies vê a crítica como muito enraizada na territorialidade e preocupações financeiras. "O câncer é uma indústria de vários bilhões de dólares que está sendo executada há décadas. Há muitos interesses adquiridos lá fora.” Depois de cinco anos com o programa do NCI, Davies agora é financiado pela NantWorks, uma empresa privada de cuidados de saúde privada de propriedade do cientista e bilionário investidor Patrick Soon-Shiong (que fez sua fortuna reformulando a droga paclitaxel para o câncer de mama ser mais eficaz), para continuar seu trabalho de desenvolvimento do modelo atávico.
Mark Ratain, um oncologista focado em novos tratamentos de drogas na Universidade de Chicago, ressalta que as terapias mais atuais são muito tóxicas, muito dispendiosas e não estão fazendo avanços reais. Ratain recentemente iniciou um consórcio Value in Cancer Care, sem fins lucrativos, para testar novos regimes de medicamentos que reduziriam o custo do tratamento do câncer. "Temos que abrir espaço para drogas novas", diz Ratain, "e idéias inovadoras".  
Vincent, que teve sua primeira visão sobre o atavismo na mesma época que Davies também estava perseguindo sua teoria. Vincent leva o fenômeno unicelular a um passo adiante, acreditando que o câncer pode ser sua própria espécie. A grande diferença entre nossas células saudáveis e cancerígenas parece mais um salto na árvore evolutiva, em vez de um salto para outro ramo. "Parece-me uma forma diferente de vida", diz ele. Vincent reconhece que as mutações do DNA muitas vezes causam câncer, mas ele vê o paradigma genético como "muito incompleto".
Independentemente do paradigma do atavismo acabar por melhorar a vida dos pacientes, muitos especialistas consideram o valor de romper barreiras mentais em torno do câncer. "Oncologistas como eu falharam", diz David Agus, que dirige o Lawrence J. Ellison Institute For Transformative Medicine da Universidade do Sul da Califórnia e co-autor de um artigo com Davies sobre a necessidade de novos conhecimentos sobre câncer. "Nós realmente não produzimos muito impacto contra esta doença horrível". Davies pensa que o futuro do câncer pode depender dessa visão antiga. "A verdade é", diz ele, "acho que estamos em algum lugar".


TRIBO FORTE #071 – DIFICULDADES E POSSIBILIDADES DE LOW CARB NA PRÁTICA

TRIBO FORTE #071 – DIFICULDADES E POSSIBILIDADES DE LOW CARB NA PRÁTICA

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Neste podcast contamos com a participação especial da nutricionista Djulye Marcato, quem estará também junto com a gente palestrando no evento Tribo Forte Ao Vivo 2017 (ingressos aqui: http://triboforte.com.br/aovivo)
Trocamos idéias sobre dificuldades típicas de pessoas que iniciam um estilo de vida alimentar correto, como o da Alimentação Forte, seja mais lowcarb ou não.
  • Quais os hábitos mais difíceis de mudar?
  • Dá pra comer bem na “realidade brasileira”?
  • Qual a maior dificuldade que nutricionistas competentes enfrentam hoje em auxiliar as pessoas?
  • Diabetes e pré-diabetes, o caminho da solução está no prato.
  • Carne causa diabetes?
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terça-feira, 11 de julho de 2017

TRIBO FORTE #070 – A VERDADE SOBRE LDL E ADOÇANTES PARA EMAGRECER

TRIBO FORTE #070 – A VERDADE SOBRE LDL E ADOÇANTES PARA EMAGRECER

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Neste episódio mais curtinho batemos de frente com 2 tópicos principais:
  • LDL, o “mau” colesterol, merece mesmo a fama que tem? É mesmo um bom indicador de problemas? Justifica-se o medo que temos dele? Vamos ver as verdades…
  • Adoçantes para emagrecer, seriam eles uma boa estratégia? Refrigerantes diet/zero afetam o açúcar no sangue? Bons, ruins?
  • O que comemos no almoço de hoje…
Espero que nossa conversa possa te auxiliar de alguma forma nas suas decisões saudáveis. 🙂
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Doença hepática gordurosa não alcoólica (esteatose hepática): o acúmulo de gordura no fígado

Doença hepática gordurosa não alcoólica (esteatose hepática): o acúmulo de gordura no fígado

doença hepática gordurosa não alcoólica, popularmente conhecida como fígado gorduroso, vem ganhando cada vez mais destaque no rol das doenças metabólicas. Frequentemente é descoberta em exames de rotina. Após excluídas outras causas de doenças do fígado, o paciente recebe o diagnóstico de NAFLD (sigla em inglês para "doença hepática gordurosa não alcoólica") e surgem as primeiras dúvidas quanto ao prognóstico. O que esse acúmulo de gordura no fígado pode causar? Qual o risco de possíveis complicações? A seguir, conversaremos um pouco sobre a história natural desta doença.



A primeira preocupação com a esteatose hepática é a progressão para doença terminal, isto é, para cirrose. O risco é maior quanto maior for o grau de inflamação e de fibrose do fígado, isto é, se há de fato uma hepatite instalada ("esteato hepatite não alcoólica" ou NASH, em inglês). Estudos que avaliaram a progressão da doença através de biópsias observaram que cerca de 40% dos pacientes com NAFLD apresentam piora da inflamação e da fibrose no decorrer do tempo. Pacientes que apresentam apenas acúmulo de gordura no fígado costumam levar 13 anos para desenvolver fibrose avançada. Já os pacientes que já apresentam atividade inflamatória (NASH), este tempo reduz para apenas 4 anos.
Não é só a avaliação histológica através da biópsia que é levada em conta para avaliar a progressão da NAFLD. Como a biópsia é um exame invasivo e nem sempre disponível, alguns critérios clínicos são bastante úteis para melhor estratificação do risco. Aumentam o risco de progressão da doença de forma relevante: idade avançada, diagnóstico de diabetes, elevação das enzimas hepáticas (TGO/AST e TGP/ALT) acima de 2 vezes o limite superior da normalidade, índice de massa corporal maior ou igual a 28 kg/m2, aumento da circunferência abdominal, elevação dos triglicerídeos, redução do colesterol HDL e tabagismo ativo. Por outro lado, o uso de estatinas e o consumo regular de café parecem diminuir o risco de progressão da doença.
O consumo de álcool é tópico que gera debate, já que estudos mostram resultados conflitantes com relação ao consumo baixo ou moderado (duas doses de álcool por dia para homens e uma dose para mulheres). No entanto, o consumo acima deste patamar ou mesmo o consumo eventual de grandes quantidades (quatro doses de álcool) está associado com progressão mais rápida da doença.
Os pacientes com progressão para fibrose avançada ainda apresentam maior risco de câncer de fígado. Nos casos onde o diagnóstico é de cirrose, o risco fica em torno de 13% em 3 anos.
Por fim, quanto maior a atividade inflamatória e o grau de fibrose, maior parece ser o risco de eventos cardiovasculares (infarto do miocárdio e acidente vascular encefálico). O risco de morte por doenças cardiovasculares pode ser quase duas vezes maior em um paciente com esteatose hepática quando comparado a uma pessoa com o fígado saudável.
O apropriado conhecimento do comportamento da doença ajuda a traçar estratégias apropriadas e individualizadas de seguimento e de tratamento. Mas isso já é matéria para um próximo texto…

Fonte: Natural history and management of nonalcoholic fatty liver disease in adults – UpToDate Online


Fontehttp://blogdasbemrs.blogspot.com.br/

Laticínios na dieta low-carb/ cetogênica

Laticínios na dieta low-carb/ cetogênica

Podcast 48 –  Rádio Primal Brasil


laticinio

Neste podcast você vai encontrar:


  • Queijos são low-carb?
  • Como eles entram na dieta low- carb /paleo
  • Laticínios são saudáveis?
  • Laticínios são extremamente ricos em nutrientes
  • Mas são apenas os nutrientes que fazem deles alimentos saudáveis?
  • Há pessoas que não se beneficiam dos laticínios
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segunda-feira, 10 de julho de 2017

nada de suco de frutas para os bebês

Diretriz da Academia Americana de Pediatria: nada de suco de frutas para os bebês

A American Academy of Pediatrics (AAP) emitiu novas recomendações sobre o consumo adequado de suco de frutas para lactentes, crianças pequenas, crianças maiores e adolescentes, começando com o conselho de evitar completamente suco de frutas no primeiro ano de vida.

"Os pediatras desempenham um papel central na saúde e na nutrição das crianças, orientando as crianças e os pais delas", escrevem o Dr. Melvin Heyman, médico da University of California, em San Francisco, e colaboradores. "A avaliação abrangente e as recomendações quanto aos hábitos alimentares adequados, incluindo o consumo de frutas inteiras em vez de suco de frutas, podem ajudar a incentivar o apoio dos pais ao ganho de peso saudável", acrescentam os pesquisadores.
A diretriz foi publicada on-line em 22 de maio no periódico Pediatrics.

Dr. Heyman e colaboradores enfatizam que os bebês devem ser alimentados apenas com leite materno – ou fórmula infantil, quando o aleitamento materno não for possível –, até aproximadamente os seis meses de idade. "Não há indicação nutricional para dar suco de frutas a bebês com menos de seis meses de idade", escrevem os autores. Para os bebês com mais de seis meses, os pais devem ser orientados a dar o suco em um copo, não na mamadeira, caso o suco de frutas seja necessário por indicação médica.

"Os bebês podem ser incentivados a consumir frutas inteiras amassadas ou em purê", continuam os autores. "Após um ano de idade, o suco de frutas pode fazer parte de uma refeição ou de um lanche". Quando esta bebida é usada como parte de uma alimentação saudável para crianças acima de um ano de idade, os pais devem comprar somente suco de frutas 100% frescas ou suco de frutas reconstituído. Os autores esclarecem que os refrescos de fruta não equivalem ao suco de fruta em termos nutricionais.

A quantidade de suco consumido não deve exceder 120 mL (4 oz) por dia para as crianças de um aos três anos de idade, e 120 a 180 mL (4 a 6 oz) por dia para as crianças entre os quatro e os seis anos de idade. Para as crianças mais velhas e os adolescentes, o consumo de 240 mL (8 oz) de suco por dia é mais do que suficiente.

Além disso, deve-se evitar dar sucos para as crianças na hora de dormir, enfatizam os autores, e as crianças não devem tomar suco ao longo do dia copos cobertos ou na mamadeira.

Os bebês com mais de um ano e crianças pequenas também devem ser incentivados a comer frutas inteiras, e os pediatras, por sua vez, devem fazer a parte deles, apoiando as políticas que reduzam o consumo do suco de frutas entre bebês acima de um ano de idade e crianças pequenas.

"A ingestão de uma grande quantidade de sucos pode contribuir para a ocorrência de diarreia, nutrição excessiva ou deficiente, e para a ocorrência de cáries dentárias", escrevem os autores. "A diluição do suco com água não necessariamente diminui os riscos para a saúde dos dentes".

Ao avaliar crianças com sinais clínicos de deficiências nutricionais, os autores relembram aos pediatras que eles devem perguntar aos pais a quantidade de suco de frutas que seus filhos estão ingerindo, já que esta pode ser uma fonte de desregulação nutricional nas crianças. O mesmo deve ser feito para as crianças com queixa de diarreia crônica, flatulência excessiva ou dor ou distensão abdominal, e os médicos precisam assegurar que os pais compreendam o quanto os sucos de frutas podem ser nocivos para a saúde dentária.

Os pais também precisam ser advertidos contra o uso de suco de frutas para tratar a diarreia ou a desidratação. "O consumo de sucos não pasteurizados deve ser fortemente desencorajado para lactentes, crianças e adolescentes", escrevem Dr. Heyman e colaboradores. "O suco de toranja (grapefruit) deve ser evitado para qualquer criança que tome algum medicamento metabolizado pela enzima CYP3A4", advertem os autores.

As crianças mais velhas e os adolescentes também devem ser incentivados a comer as frutas inteiras em vez do suco de frutas, de modo a aumentar a ingestão de fibras. Os pais também precisam perceber que a água e o leite com baixo teor de gordura ou desnatado são mais do que adequados para satisfazer as necessidades hídricas das crianças mais velhas.

"Os pediatras também podem defender mudanças nas políticas públicas, especialmente nas escolas, onde a maior ingestão de frutas e vegetais tem sido associada a políticas que promovem escolhas nutricionais mais saudáveis", observam os autores.

Os autores informaram não possuir conflitos de interesses.
Pediatrics. Publicado on-line em 22 de maio de 2017

Fonte: http://portugues.medscape.com/verartigo/6501260

Perda de sono pode levar a ganho de peso?

Perda de sono pode levar a ganho de peso?

Um sono ruim pode nos tornar mais propensos a comer mais e a ganhar peso, apontam os resultados preliminares de uma pesquisa.

Cientistas suecos dizem que uma qualidade de sono ruim e menos horas na cama podem estimular a produção de um hormônio que nos faz sentir fome.

Eles dizem que isso pode afetar a forma como o organismo gera energia a partir do alimento.

Vida moderna

Um número crescente de pessoas está apresentando problemas de sono em nosso mundo moderno, que funciona 24 horas por dia e sete dias por semana. Diversos estudos têm focado em como a perda de sono pode afetar a capacidade do organismo de metabolizar energia.

O pesquisador Christian Benedict, da Uppsala University, que liderou o estudo, disse que a causa subjacente do aumento do risco de obesidade pelo distúrbio do sono ainda não está clara, embora acredita-se que ela possa ser causada por mudanças em apetite, metabolismo, motivação, atividade física, ou uma combinação de vários fatores.

Ele e seu grupo realizaram diversos estudos sobre o efeito da perda do sono no metabolismo energético. "Com o prejuízo do sono, homens de peso normal preferem alimentos em grandes porções, buscam por mais calorias, exibem sinais de impulsividade relacionada a alimentos, sentem mais prazer com a comida, e gastam menos energia", disse ele.

Hormônios famintos

Os últimos achados, apresentados no European Congress of Endocrinology,em Lisboa, sugerem que a perda do sono favorece os hormônios que nos fazem sentir fome.

"Nossos estudos também indicam que a perda do sono altera o equilíbrio de hormônios que promovem a saciedade, como o peptídeo 1 semelhante ao glucagon intestinal, e aqueles que promovem a fome, como o hormônio estomacal grelina", disse Benedict.

A restrição do sono também aumenta os níveis de endocanabinoides, que também estão associados ao apetite, sugerem os achados.

Os pesquisadores dizem que a perda do sono também afeta o equilíbrio das bactérias intestinais, o que tem sido amplamente implicado como um fator-chave para a manutenção do processamento de alimentos em energia pelo organismo.
Outros fatores de saúde

De acordo com Benedict: "Meus estudos sugerem que o sono representa um pilar importante da saúde metabólica, incluindo a manutenção do peso."

"No entanto, é preciso ter em mente que nossa saúde depende da relação de uma variedade de fatores modificáveis (por exemplo, exercício, dieta, avaliações regulares de saúde) e de fatores não modificáveis (por exemplo, os genes), e não apenas do sono. Em outras palavras, dormir cerca de sete horas, como recomendado pelos especialistas, não irá beneficiar sua saúde se seu estilo de vida é inadequado em outros aspectos".
Os resultados do estudo devem ser tratados com cautela, uma vez que ainda precisam ser publicados em um periódico revisado por pares.

Fonte: http://portugues.medscape.com/verartigo/6501248

domingo, 9 de julho de 2017

Pães e refrigerantes causam diabetes em adolescentes

Pães e refrigerantes causam diabetes em adolescentes

adolescente gordo imagem
O adolescente Rohin Sarin estava em sua classe de geografia da 9ª série quando ele começou a sentir-se chocado e tonto, um sinal de que seus níveis de açúcar no sangue estavam diminuindo rapidamente. Ele removeu silenciosamente a caneta de insulina da bolsa da escola, deu uma das quatro espetadas diárias tomando uma mordida da seringa…sua barra de energia.
Os colegas de classe de 15 anos em Nova Deli na Índia viram o ritual com tanta frequência que não estão mais curiosos. Rohin faz parte de um número cada vez maior de indianos com diabetes, a doença que cada vez mais está afligindo crianças e adolescentes no país de rápido crescimento do sul da Ásia.
Mais de duas décadas de crescimento econômico rápido mudaram o estilo de vida dos indianos.As pessoas comem fora com mais frequência, e preferem comida lixo e o estilo de vida ocidental, como refrigerantes e pizza no lugar das tradicionais refeições de laticínios, lentilha e vegetais. Eles também estão mais sedentários, usando carros e transporte público em vez de caminhar ou andar de bicicleta.
As mudanças trouxeram um aumento acentuado na obesidade, juntamente com doenças de estilo de vida como diabetes, mesmo com a Índia ainda tendo alguns dos piores níveis mundiais de desnutrição e crescimento defeituoso na infância devido a uma escassez de alimentos… Sim, é bem comum ser gordo e mal nutrido ao mesmo tempo em países pobres
“Nos últimos 20 anos, estamos vendo uma enorme explosão de doenças … principalmente devido ao aumento da obesidade infantil”, disse a Dra. Monica Arora, especialista da Fundação de Saúde Pública da Índia.
Quase 30 por cento dos adolescentes da Índia são obesos, quase o dobro do número de 2010, de acordo com as estatísticas do ministério da saúde.
A Índia tem 70 milhões de diabéticos, embora não tenha dados sobre quantos deles são crianças.E provavelmente tem mais milhões de casos que não foram diagnosticados devido aos serviços de saúde públicas irregulares e uma falta de conscientização fora das grandes cidades.
Especialistas em saúde alertam que a Índia irá atingir 120 milhões de casos de diabetes, ou quase 10% da população, nos próximos oito anos. Isso a colocaria pau a pau com os Estados Unidos, que conta com perto de 10 por cento da população diabética, ou mesmo China, onde 11 por cento da população – ou 109 milhões – foram diagnosticados, de acordo com a Federação Internacional de Diabetes.
Alarmado com a tendência, o governo está trabalhando para realizar exames em 500 milhões de pessoas com mais de 30 anos que tem diabetes e outras doenças não transmissíveis até 2019 e, eventualmente, tem a esperança de poder lançar o programa de triagem para a população toda de 1,3 bilhão de pessoas. As autoridades também estão trabalhando com as escolas para “pegar crianças no estágio pré-diabético”, disse recentemente o ministro da Saúde, Jagat Prakash Nadda.
Pesquisas médicas sugerem que os indianos são geneticamente mais suscetíveis ao desenvolvimento de diabetes, graças a uma tendência a ganhar peso em torno da barriga, disse Arora. A maioria dos pacientes vem de famílias mais ricas e vive em áreas urbanas. As aldeias do campo da Índia, enquanto isso, são lares das crianças mais malnutridas do mundo. “Quando você considera os custos a longo prazo da doença, é uma perspectiva extremamente preocupante”, disse Arora.
A maioria dos casos de diabetes da Índia são de Tipo 2, ocorrendo frequentemente quando o peso extra limita a capacidade do corpo de produzir ou usar insulina para transformar os alimentos em energia. Em comparação, a diabetes tipo 1 é uma incapacidade autoimune de produzir insulina.
Os especialistas em saúde estão mais preocupados com os jovens que desenvolvem o Tipo 2, que também é conhecido como diabetes adulta. A doença exige uma vida útil de dieta, exercício e acesso a um tratamento médico adequado, sem os quais os diabéticos ficam em risco de cegueira, amputações de membros, insuficiência cardíaca ou renal e acidente vascular cerebral.
Eles aconselharam dietas mais saudáveis, mesmo para os indianos que já aderiram à cozinha tradicional. Isso significa muito menos arroz, amido e pão que agora dominam os pratos dos indianos. E não mais a adição de óleo industriais para fritar vegetais e receitas. E encontrar substitutos para os doces populares que são consumidos em ocasiões especiais de feriados nacionais e outros eventos de comemorações, como o nascimento de uma criança, aniversários ou uma compra de carro novo.
Os moradores de hoje na capital de Nova Deli estão comendo cerca de 40% mais de açúcar do que consumiam há seis décadas atrás, de acordo com a Indian Medical Association. E eles estão fazendo isso enquanto queimam menos calorias, tomando transporte público ou dirigindo carros particulares ao invés de caminhar ou andar de bicicleta. “As pessoas não se preocuparam em ganhar peso”, disse o Dr. Sutapa Agrawal, epidemiologista da Rede da Ásia do Sul para doenças crônicas. A obesidade há mais de 30 anos atrás era rara o suficiente para que um pouco de “fartura” fosse desejado, especialmente entre as crianças, de famílias ricas “.
Os médicos também estão exortando as famílias a incentivar atividades ao ar livre, ao invés de permitir que as crianças permaneçam em casa jogando videogames. “Os pais ficam mais felizes se as crianças estiverem dentro de casa. Eles sentem que pelo menos elas estão seguras “, disse Agrawal.
O menino diabético Rohin, já atendendo ao conselho dos médicos, está no campo de cricket a maioria das manhãs para um jogo rigoroso antes da escola. Nos cinco anos desde que ele foi diagnosticado com a doença, ele aprendeu a evitar doces e refrigerantes e faz malabarismos com sua agenda escolar para todo dia incluir atividades esportivas.