O mito do colesterol
O colesterol tem sido apontado injustamente como o vilão das doenças cardíacas a muito tempo. Basicamente, o mito do colesterol surgiu após um estudo conduzido em 1953, pelo médico americano Ancel Keys, em que ele comparava a taxa de mortalidade por doenças cardíacas de um determinado país com a quantidade de gordura ingerida pela população deste mesmo país, demonstrando que a taxa de mortalidade era proporcional ao consumo de gordura. Infelizmente, apesar da grande quantidade de dados disponíveis, Keys utilizou-se apenas daqueles que podiam comprovar sua teoria e assim, surgiu o mito do colesterol.
Depois disso, vários estudos foram conduzidos ao redor do mundo para comprovar a hipótese de Keys, entre eles o Framingham Heart Study, um dos mais respeitados estudos no assunto, por ter acompanhado diversas gerações (o estudo começou em 1948 e continua até hoje). Neste estudo, embora os participantes consumissem alimentos com grande quantidade de colesterol, não houve diferença nos níveis de colesterol em seu sangue. Veja a tabela abaixo:
Após anos de estudo, eles concluíram que não havia nenhuma relação comprovável entre a ingestão de gorduras e as doenças cardíacas. Aliás, até o próprio Ansel Keys, o “fundador” do mito, admitiu seu erro em 1997, declarando:
” Não existe a menor conexão entre o colesterol dos alimentos e o colesterol do sangue. E nós sabíamos disso o tempo todo. O colesterol da dieta não tem a menor importância, a não ser que você seja uma galinha ou um coelho.”
Galinhas e coelhos são essencialmente vegetarianos, por isso, quando foi realizado um estudo com estes animais onde eles eram alimentados com alto nível de colesterol em suas dietas, os bichinhos naturalmente desenvolveram Aterosclerose, já que sua fisiologia não é adaptada a digerir essa quantidade diária de colesterol.
Mas, voltando aos humanos… outros grandes estudos ainda insistiram na hipótese de que o colesterol na dieta estaria relacionado às doenças cardíacas, como o Multiple Risk Factor Intervention Trial, um dos maiores estudos médicos já realizado em humanos, envolvendo 28 centros médicos e 250 pesquisadores. Os pesquisadores observaram 361.662 homens, e solucionaram aqueles que tinham o maior risco de sofrerem doenças cardíacas, para que os resultados do estudo fossem mais efetivos. Eles cortaram o consumo de colesterol em 42%, de gordura saturada em 28% e o total de calorias em 21%. E mesmo assim não houve sucesso. Os níveis de colesterol no sangue caíram minimamente, e o mais importante, as doenças cardíacas não foram afetadas. Os pesquisadores declararam que ” os resultados gerais não mostram um efeito benéfico nas doenças cardíacas ou na mortalidade total, neste estudo multifatorial.”
Existem diversos outros estudos sobre o assunto, e para quem estiver interessado, este artigo aqui é contém um bom resumo (em inglês). Com relação ao mito do colesterol, existe um segundo ponto divulgado erradamente (explicado clara e objetivamente pelo Dr. Chris Kresser neste artigo do seu site) que os altos níveis de colesterol no sangue causam doenças cardíacas.
Este segundo ponto é conhecido pela comunidade científica como “a hipótese dos lipídios” e embora muitos médicos e a sabedoria popular aceitei esta hipótese como verdade, muitos dos pesquisadores atuais acreditam que as principais causas de doenças cardíacas são inflamações e stress oxidativo. Como Dr. Chris explica em seu site, se o colesterol causasse doença cardíaca, ele deveria ser um fator de risco para: 1) todas as idades; 2) ambos os sexos; 3) todas as populações do mundo. Além disso, se isso fosse verdade, poderíamos esperar que reduzindo os níveis de colesterol no sangue, reduziríamos também a doença cardíaca, o que, infelizmente, não acontece.
A frequência de doenças cardíacas em homens de 65 anos é dez vezes maior do que em homens de 45 anos. Um estudo recente no Journal of American Medical Association indicou que o alto nível de colesterol LDL não e um fator de risco para a morte por doenças coronárias, ou para a mortalidade total.
Outro ponto contra a “hipótese dos lipídios” é que mulheres sofrem 300% menos doenças cardíacas do que os homens, embora tenham maiores níveis de colesterol no sangue. Na última Conferência sobre Baixo Colesterol Sanguíneo, que revisou 11 grandes estudos incluindo 125.000 mulheres, foi determinado que não havia nenhum relação entre os níveis totais de colesterol e mortalidade por doenças cardiovasculares ou qualquer outras causas.
Além disso, o colesterol não é um fator de risco em todas as populações do mundo. Aliás, algumas das populações com maior nível de colesterol sanguíneo tem menores frequências de doenças cardíacas, e vice versa!
Como vocês podem ver, muito do que ouvimos hoje é baseado na falta de informação e hipóteses mal comprovadas! É hora de voltar com os ovos e a manteiga na sua dieta!!
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