segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Tudo sobre a dieta paleolítica


GASTRÔ

Tudo sobre a dieta paleolítica

Entenda porque ser "paleo" não é uma moda temporária e sim um estilo de vida baseado em comida de verdade; leia a entrevista com Dr. Souto na íntegra.

PUBLICADO EM 08/11/15 - 04h00
Existem inúmeras dietas e regimes para emagrecer e manter seu corpo saudável. Você deve conhecer muitas dessas soluções 'mágicas' para ajudar a chegar na silhueta perfeita e, talvez, até já tenha testado algumas delas. Mas nenhuma receita é tão simples e eficaz quanto aquela que foi criada há milhares de anos, quando o Homo erectus decidiu usar o fogo para começar a aquecer seus alimentos.
A fórmula é banal: nada de açúcar, grãos cultivados e, claro, alimentos industrializados. Coma apenas quando sentir vontade, até se sentir saciado. Carnes de todos os tipos e gorduras naturais, como a banha e o polêmico bacon, estão liberados. Essa é a base do tipo de alimentação no período paleolítico, apelidada recentemente de "dieta paleo".
Uma pequena reflexão: Se a comida de antigamente era tão boa, quanto não tinham cozinhas ou supermercados, por quê a expectativa de vida era menor? Em tempos ancestrais, as mortes eram causadas principalmente pela violência, fome ou por doenças como a malária. Nosso tempo de vida só aumentou consideravelmente com a descoberta da penicilina e com a implantação de saneamento básico.
Desde meados do século passado, entretanto, conseguir comida passou a ser uma tarefa fácil. Isso é bom, mas essa abundância traz um novo problema como contrapartida. A maioria das pessoas come e bebe, sem pensar de onde vem o hambúrguer, o peixe, a salada, a cerveja e seu 'nutritivo' cereal matinal. E a indústria alimentícia se aproveita dessa indiferença para vender comida de mentira, cheia de corantes, aromatizantes, conservantes e açúcar.
À primeira vista, pode parecer difícil abrir mão de comer arroz, pão, macarrão, pizza, doces ou bolo todos os dias. Mas há muitas pessoas no planeta que nunca comeram um pão feito de trigo ou um chocolate industrializado e nem por isso morrem. Lembre-se, comida é cultura.
Muito popular entre uma nova comunidade de pessoas interessadas em melhorar sua saúde com alimentos mais naturais e bastante difundida no meio dos atletas amadores nas academias, como os adeptos ao crossfit, a dieta paleo é um tipo de alimentação pobre em carboidratos e mais muito rica em gorduras (low carb, high fat ou LCHF) e tem várias ramificações. Você pode escolher o quão paleo você quer ser. "Os praticantes da paleo em geral são mais estritos e comem apenas a categoria de alimentos não-processados: carnes, ovos, verduras, frutas, legumes, castanhas e raízes. Alguns abrem espaço para alimentos processados, como os queijos. Raramente ou nunca, comemos alimentos processados a partir de grãos cereais, óleos industrializados ou que contenham açúcar adicionado", destaca o analista de sistemas Hilton Sousa, de 39 anos, que faz parte de um grupo que compartilha suas experiências e traduções de textos especializados na internet.
Luta contra o peso. A dieta paleo entrou na rotina de Sousa em 2013, porque queria perder peso. Ele conta que chegou a tentar a reeducação alimentar convencional, mas isso não durou uma semana. "Também defino essa dieta como 'não comer qualquer produto cuja lista de ingredientes a sua bisavó não reconheceria'. Quando comecei, tinha os receios que todos têm: vou ficar fraco? Será que comer banha e manteiga não vai 'entupir' minhas artérias? Assim, vindo da área exata, me propus um teste de 60 dias", lembra, explicando que fez teses de acompanhamento e que, dessa vez, conseguiu encarar a mudança alimentar por todo o período. "Meu colesterol total baixou 18%, os triglicérides baixaram 43% e perdi 8kg. Decidi então tentar por mais tempo. No primeiro ano, os exames de sangue sempre mantiveram-se estáveis ou melhoraram. Foram 15kg a menos ao todo, comendo o mesmo tanto", diz. Desde então seu peso não variou tanto, estabilizando-se na casa dos 63kg.
A estudante de nutrição Patrícia Ayres, de 44, também diz que sempre teve uma rixa séria com a balança. "Meu histórico familiar não colabora muito e, por isso, sempre pesquisei muito sobre dietas e sofri muito nessas experimentações. Não dá para viver contando calorias e não é nada prático viver comendo de três em três horas", afirma. Para ela não é a toa que dietas que exigem controle muito rígido não tem grande adesão e estão fadadas ao fracasso. Ayres acredita que uma boa dieta precisa estar adaptada à nossa vida, sem nos deixar com fome o tempo todo.
Ela conta que sentiu seu paladar mudar radicalmente depois de 4 anos na paleo. "Todos que já sofreram com peso foram ou são pessoas dependentes de carboidratos. Comigo não foi diferente. Meu paladar tende a gostar mais de doces e, no princípio, fazia muitas receitas para substituir os doces que era habituada a consumir. Receitas de alimentos sem açúcar ou farinha nos nutrem mais rapidamente e logo nos satisfazem. A quantidade que comemos desses ingredientes é automaticamente menor", diz.
"Tomando como base o conceito de que densidade nutricional de um alimento, que é o somatório de todos nutrientes essenciais divididos pelo peso do mesmo, não creio que possa existir uma dieta mais nutritiva do que a paleo", ela completa, explicando que esse foi um dos motivos em aprofundar os estudos na área, apesar de o meio acadêmico ainda ser resistente à esse estilo de vida baseado em comida de verdade.
 
 

A dieta dos campeões

Inspirado nas culturas alimentares paleo, diet, slow food e eat fresh, o empresário Victor Fabel, 30, sócio proprietário do restaurante Fuel Food, é primeiro em Belo Horizonte a oferecer um cardápio diferenciado para aqueles que prezam por uma vida balanceada, tanto na parte de dieta, como na parte de exercícios físicos. "Sou praticante de crossfit e foi por ele que fiquei conhecendo a paleo. Ainda não temos um cardápio 100% focado nesta dieta, precisamos adaptar alguns pratos levando em consideração as pessoas que ainda estão conhecendo esse tipo de alimentação, sem que sejam obrigados a segui-la", ele explica.
O menu da casa foi desenvolvido por um chef e uma nutricionista especializada na prática esportiva. Os pratos mais vendidos são o "Neandertal" (contra filet, mandioca cozida e quiabos enrolados no bacon), o "Australopithecus" (almondega com bacon ao molho sugo com espaguete de abobrinha) e o "Nanotirano" (peito de frango com bacon, purê de batata doce e legumes grelhados ao mel). Fabel garante que todos produtos utilizam ingredientes frescos e de qualidade. "Pode ser coincidência, mas todos mais vendidos levam bacon", destaca. Ele conta que os pratos foram elaborados para saciar a fome de qualquer um, desde o atleta de todos os dias ou alguém que vai ao restaurante apenas conhecer. "Nosso diferencial no mercado é o resultado do nosso produto final", comemora. 
 

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