segunda-feira, 28 de março de 2016

A alimentação crua e natural faz bem para a saúde?

A alimentação crua e natural faz bem para a saúde?

A alimentação crua e natural faz bem para a saúde?
Esta página eu dedico à leitora Ana Correia, que me fez a seguinte pergunta na página do Mito do Vegetarianismo:
A pergunta que ficou pra mim é: Você já acompanhou algum paciente que fosse além do vegetarianismo puro e simples, referido acima com propriedade como sendo “desinformado”? Um crudivorista, por exemplo, que só se alimentasse de produtos orgânicos de origem cabloca, teria essas manifestações de deficiência nutritiva?
Nos milhares de pacientes que atendi em meu consultório, nunca tive um caso de “um crudivorista que só se alimentasse de produtos orgânicos de origem cabloca”. Por isso, vou ter que recorrer a outros fatos e pesquisas nesta área, afim de trazermos alguma luz ao tema.
Creio que a matéria mais inteligente nesta questão foi uma reportagem publicada pela revista Superinteressante no mês de Dezembro de 2010, que veremos a seguir:
Da panela viemos­
O que nos tornou humanos? Uma nova teoria defende que somos o que somos graças a um hábito muito simples: o cozimento dos alimentos. Entenda aqui por que fritar, assar, ferver e cozinhar pode ter criado todos nós.

Numa tarde de inverno de 1998, enquanto olhava para a lareira da sua sala de estar em Massachusetts, EUA, e pensava em como elaborar uma palestra sobre a evolução humana para o dia seguinte, Richard Wrangham, um antropólogo de Harvard, teve uma epifania. “Somos humanos porque cozinhamos nos­sos alimentos!”, ele teve certeza naquele momento. Dé­cadas antes, entre 1971 e 1973, Wrangham havia estudado o comportamento alimentar dos chimpanzés no Parque Nacional de Gombe, na Tanzânia, e pôde acompanhar de perto o cotidiano desses animais. De perto mesmo: ficava na companhia dos bichos o dia todo na floresta, comendo o que eles comiam. O cardápio contava princi­palmente com frutas silvestres, excessivamente amargas, duras e fibrosas. Não importa o quanto ele comesse: não havia nada no mato que pudesse encher o estômago do pesquisador. “Eu estava sempre faminto”, lembra. A ex­periência lhe deu na época a certeza de que não seríamos capazes de viver com uma dieta de alimentos crus. E foi essa vivência que, anos depois, inspiraria sua epifania – e sua nova teoria: e se o segredo para nossa evolução estiver na maneira como preparamos nossos alimentos? Richard Wrangham, então, passou os 10 anos seguintes pesquisando o assunto para, finalmente, colocar sua teo­ria no papel. No ano passado, deu à luz seu livro Pegando Fogo - Por Que Cozinhar Nos Tornou Humanos, lança­do agora no Brasil, no qual defende que nós não apenas começamos a cozinhar bem antes de nos tomarmos humanos como nos tomamos humanos justamente por causa disso. E ele já encontrou muitos motivos para acreditar que sua teoria faz sentido.
Ninguém sabe como os primeiros humanos descobriram o fogo, nem quando isso aconteceu. Talvez tenha vindo de faíscas produzidas sem querer pelo atrito entre duas pedras, talvez algum raio tenha atingido uma árvore. Wrangham acredita que tenha acontecido entre 1,6 milhão e 1,9 milhão de anos atrás, com base em vestígios encontrados em escavações.
Mas o que importa é que, em algum momento, algum hominídeo teve a brilhante ideia de usar o fogo para cozinhar seus alimentos. O resultado é imediato: a comida fica mais fácil de cortar e mastigar, e livre de micro-organismos perigosos para a saúde. Mas a grande vantagem de esquentar os alimentos foi a quantidade extra de energia que passou a ser possível obter deles. Foi o grupo que rapidamente evoluiu para o primeiro Homo erectus e, mais tarde, deu origem à humanidade.
O cru e o cozido
Um dos primeiros passos de Wrangham foi tentar desco­brir mais sobre a alimentação dos grupos de caçadores ­coletores atuais para entender seus hábitos alimentares. Para isso, ele analisou os cardápios dos inuítes, do norte do Canadá (os esquimós), do povo !kung, do Kalahari (deserto do sul da África) e dos aborígenes australianos. Depois de anos de estudo, ele concluiu que não há registro de povos que tenham uma dieta inteiramente crua. Em todas as partes do mundo, seres humanos esperam uma refeição cozida no fim do dia, geralmente provida pelas mulheres. Até mesmo nos lugares em que se imaginava que a dieta era dominada por alimentos crus, como nos esquimós, descobriu-se que o cozimento era a regra da noite. Era até mais do que regra: segundo um estudo feito na Universidade de Oxford, o homem esquimó que não encontrasse sua refeição pronta – e cozida – quando chegasse da caça provavelmente daria uma surra na esposa ou a piso­tearia(!) na neve, podendo expulsá-la de casa. “Não passamos bem com dietas cruas, nenhuma cultura se baseia nelas, e adaptações em nosso corpo explicam por que não consumimos só crus”, diz o antropólogo.
Por que cozinhar a comida é algo tão importante que todas as sociedades humanas resolveram incluir esse hábito em sua cultura? Provavelmente porque ali­mentos cozidos são digeridos mais facilmente do que os crus, já que o organismo gasta menos energia para quebrar suas moléculas. Estudos sobre o amido cozido presente na aveia, no trigo, nas ba­tatas e no pão branco, por exemplo, revelaram que 95% dele é digerido pelo corpo humano. Já para o cru a taxa cai quase pela metade. No caso das proteínas da carne, o cozimen­to pode aumentar a digestibilidade em até 40%. O calor promove a quebra dessas moléculas, fazendo com que suas ligações internas se enfraqueçam e fiquem mais expostas à ação das enzi­mas digestivas. Aí é só se esbaldar nas calorias.
Para comprovar esse ganho no valor energético dos alimentos cozidos, Richard Wrangham foi atrás dos crudívoros – pessoas que voluntariamente optam por uma dieta crua por acreditar que terão uma saúde melhor. Pesquisas com esses grupos mostram que, à medida que a proporção de alimentos crus aumenta na dieta, o índice de massa corporal (a relação entre o peso e a altura de uma pessoa) diminui. Está aí um sinal de que talvez os alimentos crus não forneçam quantidade suficiente de calorias para manter um corpo saudável. O mais extenso estudo da área, feito com 513 pessoas na Alemanha, comprovou que, além de perderem em média 10 quilos quando passavam de uma dieta cozida para uma dieta crua, quase um terço das pessoas apre­sentava deficiência crônica de energia.
Mas as desvantagens são ainda mais graves: a fun­ção reprodutiva também fica comprometida. Segundo o estudo, cerca de 50% das mulheres com dietas cruas param de menstruar. Isso também costuma ocorrer com as que sofrem de esgotamento extremo, como ma­ratonistas e anoréxicas. Os homens que experimenta­ram a dieta também parecem sofrer alterações em suas funções sexuais. O autor americano de livros de auto­ ajuda e defensor do crudivorismo Christopher Westra contou em seu livro How to Live the Raw Food Diet with Joy (“Como Viver Feliz com uma Dieta Crua”) que sua libido havia diminuído significativamente. Isso é perigoso para a manutenção de qualquer espécie. Uma taxa de infertilidade maior que 50% teria sido devas­tadora em uma população de caçadores-coletores (na nossa também, aliás), já que quem tem dificuldade em procriar tende a desaparecer rapidinho do rol genético.
Sem contar que nossos ancestrais não viviam em cida­des confortáveis, com acesso a alimentos enriquecidos industrialmente. Eles tinham que (literalmente) correr atrás da comida para sobreviver.
A consequência desse alto fluxo de calorias foi sen­tida diretamente no nosso corpo. Como a digestão dos alimentos ficou mais fácil, desapareceu a necessidade de ter bocas, maxilares, estômagos e intestinos muito grandes – e esses órgãos acabaram diminuindo. Toda a energia anteriormente dispensada na digestão pôde ser usada para desenvolver uma jóia evolutiva: nosso cérebro. As evidências estão em todas as partes do corpo. Todas as áreas que envolvem a comida são pro­porcionalmente pequeninas. Tente beijar um macaco, por exemplo: eles abrem a boca duas vezes mais que humanos (o maior bocejo de Mick Jagger não é nada comparado ao de um chimpanzé). De um modo geral, o volume total do nosso tubo digestivo é cerca de 60% do esperado para um primata do nosso tamanho.
A consequência na nossa cabeça é ainda mais impressionante. Uma pesquisa feita em 1995 na Inglater­ra sugere que em primatas um tubo digestivo menor está relacionado a um cérebro maior. Para Richard Wrangham, a comida cozida fez a caixa craniana dos habilinos (sí­mios de baixa estatura, braços lon­gos e face protuberante) crescer, o que teria levado ao aparecimento do Homo erectus há cerca de 1,8 milhão de anos. Naquela época, o tamanho do cérebro teria aumen­tado cerca de 40%, até 870 cm3. (Depois ele continuou crescendo, até chegar aos 1 400 cm3 de caixa craniana que temos hoje.) E é graças ao que está dentro dessa caixa que somos o que somos. “A arte provavelmen­te se desenvolveu muito tempo depois do cozimento, como resultado da cognição avançada. Que, por sua vez, só foi possível graças a um grande cérebro – que vem da dieta cozida”, diz Wrangham. O mesmo pode ter acontecido com outras criações humanas, como ferramentas complexas e a linguagem.
Saciedade faz sociedade
Não foram só nossos intestinos di­minutos e grande cérebro que sur­giram graças aos cozidos. A vida em sociedade foi desenvolvida por causa (e ao redor) da mesa. A pri­meira mudança social que a comi­da cozida trouxe foi a economia de tempo. Sim, mastigar é um negócio demorado. Basta ver como é a ro­tina dos macacos. Os chimpanzés do Parque Nacional de Gombe, na Tanzânia, com seus meros 30 quilos e uma dieta de frutas silvestres e folhas, passam mais de 6 horas por dia mastigando alimentos para extrair nutrientes. Depois, ficam outras tantas horas fazendo digestão. Como entre primatas o tempo gasto na mas­tigação está relacionado ao tamanho do corpo, pode­-se estimar que, se os humanos comessem esse mesmo tipo de comida crua, passariam pelo menos 42% do dia mastigando – cerca de 5 horas por dia. Haja maxilar. Hoje, os adultos passam em média apenas 5% do dia fazendo isso, ou seja, 36 minutos.
A maior rapidez na mastigação e digestão deu a nos­sos antepassados mais tempo e oportunidade de ficar juntos. O cozimento uniu as pessoas ao redor do fogo (que também protegia contra o frio e predadores) e estimulou a socialização, permitindo que se sentissem mais confortáveis umas com as outras. Isso reduziu a agressividade. Richard Wrangham já havia observado que a alimentação desempenha um papel importantís­simo nos relacionamentos afetivos entre primatas. Se­gundo ele, os humanos cultivam relações incrivelmen­te pacíficas em torno de seus alimentos. Sim, por mais que sua família possa brigar à mesa, saiba que nenhum animal costuma fazer as refeições tão amigavelmente e partilhando a comida como nós.
Além disso, o cozimento pode ter sido responsável por fortalecer a união entre homem e mulher, que mais tarde daria origem ao casamento. Cozinhar demanda tempo e trabalho e expõe a cozinheira solitária a la­drões famintos. Laços conjugais resolviam o problema e resultavam em vantagem para os dois lados. A mulher não teria os alimentos roubados, e o marido garantia uma refeição vespertina quando voltasse para casa – e ambos teriam a certeza de um parceiro sexual. Ainda assim, a teoria do cozimento não explica tudo. O pró­prio Richard Wrangham admite que ainda há muito a ser pesquisado. Não há consenso, por exemplo, sobre a data em que os humanos começaram a controlar o fogo. Ainda há um longo caminho a percorrer, mas tal­vez agora ele tenha mais placas indicando a direção a tomar. Por enquanto, elas apontam para nossa mesa.
Nossa miúdos ficaram miúdos…
O volume total do tubo digestivo é 60% do esperado para um primata do nosso tamanho.
A área estomacal é menor que a de 97% dos outros primatas.
Os chimpanzés comem 2 vezes mais em peso do que nós, apesar de pesarmos até 57% a mais que eles.
… mas as células cinzentas cresceram: nossa caixa craniana tem 1400 cm3. A dos chimpanzés tem entre 350 e 400 cm3. 1
O texto acima diz que os crudívoros “perdem em média 10 quilos de massa corporal”, além de desenvolverem “deficiência crônica de energia, suspensão da menstruação e diminuição da libido”. Eu tive alguns pacientes de sangue tipo “O” que eram vegetarianos de longa data (mais de 10 anos) e que apresentavam o sintoma de Fadiga Crônica que não melhorava nem com reposição mineral e vitamínica.
O brasileiro crudívoro mais famoso é Mário Sanchez, escritor, professor e inventor nascido em 12/10/1934. Além de defensor do crudivorismo, escreveu livros sobre jejum terapia, ufologia, física relativística e aquecimento global, entre outros temas. As fotos recentes de Mário Sanchez em seu site podem confirmar a questão da “perda de massa corporal”:
http://www.mariosanchez.com.br/perfil.php
Outra questão relacionada à alimentação crudívora é que o homem civilizado crudívoro faz uma dieta composta basicamente de sementes, frutas, raízes, legumes e verduras, alimentos estes disponíveis o ano todo apenas graças à invenção da agricultura. O homem primitivo, original, jamais poderia viver apenas destes alimentos como coletor que era.
Em um site 2 uma autora sugere que como os gorilas são geneticamente 98,4% parecidos conosco e são quase exclusivamente vegetarianos (comem plantas – frutos, folhas, raízes, brotos de bambu, cascas e alguns insetos como cupins e formigas), também poderíamos sê-lo sem problemas para nossa saúde. Embora ainda poucos estudados, a semelhança genética dos gorilas não justifica o argumento, já que o DNA humano é 99,4% semelhante ao dos chimpanzés, cuja alimentação inclui 15% de carne, que inclui até o canibalismo! Além disso, um gorila adulto pode consumir até 30 kg de comida em um dia, o que seria inconcebível para o ser humano.
Outra questão interessante (que vou desenvolver em outra parte deste site), é a própria questão genética. Uma pesquisa coordenada por Eric Green, diretor do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano (EUA), publicada em agosto de 2003, comparou o material genético do homem com pedaços de DNA de chimpanzé, babuíno, gato, cachorro, vaca, porco, rato, camundongo, galinha, paulistinha (um tipo de peixe) e duas espécies de baiacu (outro peixe) e concluiu que o homem e o chimpanzé estão mais próximos de roedores, como o rato, do que de carnívoros, como o cão e o gato. O estudo mostra também que os genes não seriam os únicos trechos ativos do material genético. Descobriu-se que há outros trechos que controlam os genes e que talvez tenham até mais funções. “Parece que 5 por cento do nosso DNA possui importância funcional, porém apenas um terço desse total é de genes,” disse Green.
O que torna, então, o homem tão diferente dos outros animais? O cientista sueco Svante Paabo, do Instituto Max Plank de Antropologia Evolutiva, na Alemanha tenta dar algumas respostas iniciais para essa pergunta. O cientista julga ter achado um indício de que somos diferentes dos outros primatas pela forma como os genes se expressam em nosso cérebro. Temos basicamente os mesmos genes que o chimpanzé, mas em nós eles se expressam de forma diferente. ”Estudamos a expressão dos genes no sangue, no fígado e no cérebro. Observamos que o homem e os primatas, principalmente o chimpanzé, possuem estruturas genéticas semelhantes no fígado e no sangue. Mas, quando analisamos o cérebro, tudo muda de figura. Identificamos 165 genes que se expressam ativamente somente no cérebro humano, apesar de a maior parte deles também existir nos outros primatas”. 3
Até que ponto esta “expressão” dos genes está diretamente relacionada com a dieta com alimentos cozidos, como sugere a pesquisa acima? Existe um outro tema bastante polêmico, que vou trazer em outra parte deste site, relacionando a “expressão cerebral” dos genes a partir do estímulo causado pelas plantas alucinógenas, utilizada desde a pré-história pelo ser humano.
Só mais um tema interessante para esta página é uma pesquisa recente e polêmica que sugere que nossa longevidade pode estar nos genes e não no estilo de vida:
Genética da longevidade
Um estudo realizado por cientistas da Universidade de Boston mostrou que há correlação entre certas variações genéticas e a longevidade além dos cem anos. Com isso, conseguiram desenvolver um teste que prevê com 70% de exatidão se alguém atingirá a marca centenária. Além disso, pesquisadores britânicos encontraram um gene que parece determinar o comprimento dos telômeros – regiões nas pontas dos cromossomos que vão encolhendo conforme o tempo passa e parecem ter relação com o envelhecimento. 4

Descobertos genes da longevidade

Pesquisadores americanos alegam ter identificado 150 trechos de DNA comum em pessoas que viveram até mais de 90 anos. Esta “assinatura genética da longevidade excepcional” é capaz de dizer se alguém será ou não um centenário em 77% dos casos.
Liderados por Paola Sebastiani, os pesquisadores da Universidade Boston partiram da hipótese de que indivíduos excepcionalmente longevos carregam vários genes que influenciam sua sobrevivência. Eles então estudaram 1055 pessoas que viveram 100 anos ou mais e as compararam com a população geral, um grupo de controle com 1267 indivíduos. O modelo genético criado a partir dos dados dessas pessoas contém 150 variantes que poderiam ser usadas para prever se alguém viveria até mais de 90 anos com 77% de precisão.
A análise também identificou 19 clusters (aglomerados genéticos) presentes em 90% dos anciãos estudados. Os dados preliminares sugerem que pessoas excepcionalmente longevas podem se beneficiar desses genes que atuam como “defesa”, balanceando os efeitos de doenças e problemas associados à idade.
A precisão de 77% mostra que informações genéticas podem prever a longevidade de uma pessoa sem que se leve em conta nenhum outro fator – como estilo de vida e fatores ambientais. No entanto, essa mesma porcentagem revela que a análise tem limitações – ou seja, não foi capaz de prever 100% dos casos. Isso comprovaria que o estilo de vida e outros fatores também têm papel importante na longevidade. O estudo foi publicado na Science. 5

Alguns exemplos, que embora isolados, podem contribuir com a teoria “longevidade x DNA x estilo de vida”, são estes:
1. Oscar Niemeyer aos 100 anos, em entrevista a Paulo Henrique Amorim

Paulo Henrique Amorim – Come de tudo?
Oscar Niemeyer – Como muito pouco, não gosto de comer muito. Tomo meu vinho de tarde.
Paulo Henrique Amorim – Fuma?
Oscar Niemeyer – Fumo. Agora estou fumando mais.
Paulo Henrique Amorim – Mas o médico não reclama? O coração, essas coisas.
Oscar Niemeyer – O médico vem aqui de vez em quando, eu chamo ele para bater papo, para dizer que está tudo bem, me sinto à vontade.
Paulo Henrique Amorim – E fuma na frente dele?
Oscar Niemeyer – Ele diz que posso fumar. 6
2. Maria Olívia da Silva.
A mulher mais velha do Brasil mora no Paraná e fez 129 anos.  Maria Olívia da Silva nasceu em 28 de fevereiro de 1880, na cidade de Itapetininga, no interior de São Paulo, mas hoje mora em Astorga (PR). Maria Olívia se casou duas vezes, teve dez filhos e adotou outros quatro – treze ainda estão vivos. Entre netos, bisnetos, tataranetos e tetranetos, são 384 familiares. O segredo da longevidade, segundo a aniversariante, é uma dieta à base de arroz, feijão e banana. 7
Mulher mais velha do mundo morre no interior do Estado
Morreu na última quinta-feira de causas naturais em Astorga, norte do Paraná, a mulher que seria a mais velha do mundo. Maria Olívia da Silva afirmava ter 130 anos, todavia, os documentos originais foram acidentalmente queimados na década de 60, fato este que fez com que o Guiness Book nunca a reconhecesse como a mulher mais velha. Natural de Varsóvia, capital da Polônia, a aposentada teria nascido no dia 28 de fevereiro de 1880.
Segundo o seu filho e lavrador Aparecido Silva, de 58 anos, Olívia da Silva já estava com a saúde bem debilitada. Os médicos alertaram ele e seus outros irmãos de que ela poderia morrer de uma hora para outra. “A saúde dela estava bem debilitada. Ela não se locomovia, mal ouvia e enxergava, e tinha problemas nos rins, coração e pulmão. O estado dela começou a ficar ruim há três anos. Neste período, ela fazia de tudo, comia de tudo e até bebia refrigerante”, revela.
O lavrador conta que ela morreu de forma serena, sem fazer barulho. “Ela jantou, bebeu água e foi para o quarto. Quando percebemos, ela estava morta. Não deu tempo de socorrê-la. Minha mãe partiu de uma maneira bem tranquila”, conta. Maria Olívia da Silva casou duas vezes e teve 14 filhos, dos quais 10 são naturais e quatro adotados. Apenas três continuam vivos. 8
3. Olivia Franco da Silva, de 101 anos.
Leia sua história nesta reportagem muito interessante sobre o tema “estilo de vida, genética e longevidade”:
O segredo da longevidade
Pela primeira vez, cientistas identificaram o conjunto de genes que nos faz viver mais. Seremos capazes de retardar nosso envelhecimento?
A gaúcha Olivia Franco da Silva faz questão de manter os costumes nutridos ao longo de seus 101 anos. Assim que acorda em sua casa em Alvorada, região metropolitana de Porto Alegre, acende um cigarro. A única diferença é que ela trocou há 15 anos o fumo enrolado em palha, igual ao que roubava da mãe desde os 8 anos, pelos cigarros industrializados. Torresmo, ovo frito e linguiça fazem parte do seu café da manhã. “Se não tiver isso, ela não come”, diz Hevelin Ferreira, de 28 anos, uma de suas mais de 20 netas. Olivia não gosta de comidas “finas” – como chama o arroz e feijão feito com pouco óleo. Para ela, os alimentos devem ser preparados em banha de porco, como seus pais faziam quando moravam na roça. Nos finais de semana, Olivia não recusa uma dose de cerveja preta. Caipirinha só se for de cachaça artesanal, porque a industrializada “parece água de tão fraca”. Com seus costumes simples Olivia cruzou a fronteira dos 100 anos, o que só acontece com uma em cada 6 mil pessoas. Mais. Ela fez isso contradizendo a fórmula da vida longeva prescrita pelos médicos: alimentação equilibrada, atividade física e uma existência livre de vícios. Apesar de seus hábitos pouco saudáveis, Olivia nunca foi internada nem toma remédios (diz se proteger com reza e chá caseiro). Não tem sequer colesterol alto.
A vida longa e saudável de Olivia não inspira só aqueles que não conseguem abdicar de seus pequenos pecados cotidianos. Para muitos cientistas, gente como ela guarda o segredo da longevidade. Por que essas pessoas, com tantos anos a mais, parecem ter menos problemas de saúde do que a maioria de nós – que, já no meio da vida, sofremos com hipertensão, colesterol alto, diabetes e doenças cardíacas? “Os centenários são um modelo de como envelhecer porque conseguem postergar o aparecimento de doenças”, diz o geriatra Thomas Perls, pesquisador da Universidade de Boston, nos Estados Unidos. “Cerca de 90% permanecem sem problemas de saúde pelo menos até os 93 anos.” Na semana passada, Perls levou um grupo de cientistas ao mais próximo que a ciência já esteve de revelar o segredo da longevidade. Sua equipe publicou na revista científica Science, uma das mais importantes do mundo, uma análise da genética de 1.055 idosos entre 95 anos e 119 anos. Os cientistas investigaram o genoma dos centenários de Boston e arredores que integram um dos mais importantes projetos de pesquisa sobre envelhecimento, o New England Centenarian Study. Também participaram da análise genética idosos recrutados por uma empresa de biotecnologia americana.
Frente a frente com um grupo tão singular, os cientistas tiveram a chance de avaliar se a receita para uma vida longa estava escondida entre as letras químicas do nosso código genético. Eles compararam os genes encontrados nesses voluntários centenários aos genes de filhos de pessoas que morreram com menos de 73 anos. O resultado da pesquisa mostrou que o grupo de centenários compartilha cerca de 150 variações de genes, que seriam os responsáveis pela longevidade fora do comum – ou excepcional, como chamaram os pesquisadores.
Trata-se da vida longa, sem grandes problemas de saúde, experimentada pela brasileira Olivia e por vários velhinhos ou velhinhas que andam por aí. Se houver um desses em sua família, há bons motivos para comemorar, segundo o estudo liderado por Perls. A descoberta de genes mais frequentes entre as pessoas longevas mostra que, nesses casos, os fatores genéticos são mais importantes na determinação da duração da vida do que os ambientais (o tipo de alimentação e a prática de atividades físicas). Mas atenção: esses casos são exceção. Para a maioria dos mortais, os genes determinam apenas 30% da extensão da vida. Os outros 70% ficam a cargo de nossas escolhas, de como nos cuidamos.
Os cientistas descobriram que não existe uma só configuração genética associada à vida longa. Eles constataram que há 19 tipos de combinações possíveis entre os 150 genes encontrados nos centenários americanos. Cada um dos voluntários se encaixava em um desses 19 perfis genéticos. Uma das configurações conferia maior resistência na velhice a doenças cardiovasculares. Outra diminuía as chances de sofrer de demência. Uma terceira protegia contra o desenvolvimento de tumores. “É como se nós ganhássemos um bilhete de loteria ao nascer”, diz a bióloga Ivana Da Cruz, pesquisadora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e referência brasileira no estudo dos mecanismos biológicos do envelhecimento. “Ganha o prêmio da longevidade excepcional quem tirar uma dessas 19 combinações.”
A pesquisa é um marco na ciência que estuda o envelhecimento humano (leia sobre o processo abaixo). Pela primeira vez conseguimos um retrato tão abrangente dos fatores genéticos que influenciam na longevidade. O mapeamento genético dos centenários dá aos cientistas a chance de bisbilhotar por entre os vãos dos intrincados processos que resultam no colapso de nosso organismo. Os pesquisadores acreditam que, ao entender os mecanismos que fazem nossas células se degradar, será possível desenvolver tratamentos para retardar esse processo. E, quem sabe, atuar para congelar nossa idade biológica, acrescentando algumas dezenas de anos à vida de quem não tirou o bilhete genético premiado dos centenários. “Acredito que em um futuro não muito distante muitos de nós teremos a chance de adicionar uma década ou duas de vida saudável a nossa existência”, afirma o geriatra americano Bradley Willcox, pesquisador da Universidade do Havaí.
A convicção de Willcox se deve em parte a sua contribuição na pesquisa sobre o envelhecimento. Ele coordena um dos maiores projetos do tipo, o Okinawa Centenarian Study. O programa acompanha moradores que chegaram aos 100 anos nas ilhas que compõem a província de Okinawa, no sul do Japão. A população de lá tem características peculiares: uma das menores taxas de mortalidade por doenças crônicas do mundo e uma das maiores concentrações de velhinhos centenários. Só o projeto já estudou mais de 900 deles. Ao analisar seus genes, Willcox descobriu que os homens que apresentavam uma determinada variação em um gene do processamento do hormônio insulina tinham até três vezes mais chances de se tornar centenários. É com base nessas descobertas que os pesquisadores sonham com a possibilidade de desenvolver drogas que prolonguem a vida.
As populações mais isoladas, como a de Okinawa, são vistas pelos cientistas como a chave para chegar até os genes que rendam tratamentos para retardar o envelhecimento. Por causa das limitações impostas pela geografia, haveria menos mistura dos genes dos habitantes desses locais com pessoas de outros lugares, o que facilitaria a preservação das sequências genéticas associadas à longevidade. Isso explicaria por que há tantas pessoas de 100 anos em ilhas como Okinawa, Sicília, na Itália, e na Islândia. Ou em Maués, uma cidadezinha brasileira de 47 mil habitantes que já despertou a curiosidade de pesquisadores.
Localizada a 267 quilômetros de Manaus, Maués tem o dobro da média nacional de pessoas com mais de 80 anos: 1% contra 0,5%. O município até criou um centro de convivência e atendimentos médico e odontológico exclusivos para atender ao perfil inusitado de seus moradores. São pessoas como João Rocha Gomes, que nasceu e cresceu na zona rural de Maués. Em fevereiro, ele completou 100 anos. Como vários de seus conterrâneos centenários, Gomes tem uma disposição difícil de encontrar em gente com 30, até 40 anos a menos. Acorda perto das 3 da manhã. Às 7 horas, já está na roça. Assim ele ajudou a sustentar cinco filhos, três bisnetos e uma quantidade de netos que o fez perder as contas. Numa manhã de domingo, de sol a pino e sob o calor escaldante do Norte, ele trabalhava na lavoura de guaraná. “Não sinto fraqueza”, diz, instantes antes de colocar nas costas um saco com 30 quilos de guaraná e sair andando a passos largos. “Estou sempre forte.”
Maués só ganhou fama de terra da longevidade há três anos, quando o número elevado de aposentadorias no município chamou a atenção do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Havia a suspeita de que as pessoas forjavam a idade para receber o benefício. Por dois anos seguidos, os auditores da Previdência foram até lá investigar. Bateram de casa em casa para visitar os idosos e constataram que todos estavam bem vivos. O episódio atraiu a curiosidade dos pesquisadores de universidades do Amazonas, do Rio Grande do Sul e de León, na Espanha, que estão estudando o caso desde 2008. “Ainda não sabemos as causas, mas os idosos de Maués, além de viver mais, têm menos diabetes, hipertensão, câncer e obesidade”, diz o coordenador da pesquisa, o médico Euler Ribeiro, diretor da Universidade Aberta da Terceira Idade.
Os cientistas não descartam a contribuição preciosa do estilo de vida dos moradores de Maués. Eles não consomem produtos industrializados, ricos em gordura e pobres em nutrientes. Abusam do guaraná, fruto com componentes estimulantes do sistema nervoso central. A alimentação é baseada em hortaliças, legumes e raízes plantadas pelos próprios moradores, para quem também não faltam exercícios físicos. Lavradores em sua maioria, eles vão para a roça, caminham pelas florestas carregando a colheita, sobem e descem morros. Mas, se as hipóteses ambientais ainda são vagas e não comprovadas, o componente genético da longevidade dos habitantes de Maués pode estar perto de ser desvendado. “Os habitantes de lá são frutos de um mistura de 60% de índios, 20% de europeus e 20% de árabes, judeus e negros”, diz Ribeiro. “São populações ricas em genes associados à longevidade.”
Graças a pesquisas como a de Ribeiro, os cientistas estão conseguindo reunir as peças do complexo quebra-cabeça do nosso processo de envelhecimento. Essa área de pesquisa permaneceu dormente até o início da década de 1990, quando a medicina antienvelhecimento ainda era considerada por muitos um assunto para curandeiros. Com a descoberta em 1993 de um gene que aumentaria a duração de vida de um verme, o interesse pelo tema floresceu. Desde então, os cientistas anunciaram a existência de pelo menos uma dúzia de genes da longevidade. Era o que se tinha de mais avançado na área, até a semana passada.
Os pesquisadores ainda não tiveram tempo de analisar cuidadosamente cada um dos genes encontrados no novo estudo. A função de alguns é conhecida. Já a associação de outros à longevidade é uma novidade. No geral, eles parecem corroborar as teorias existentes sobre como os genes influenciam nosso envelhecimento. Eles teriam um papel importante nas reações químicas que produzem energia para nosso corpo. Essas transformações geram compostos químicos que vão se acumulando nas células – os radicais livres, que podem se ligar a nosso DNA e causar erros de funcionamento. Nosso organismo conta com genes encarregados de fazer faxinas periódicas no DNA para livrá-lo dos radicais livres. Mas, com o passar do tempo, esses genes deixam de funcionar.
As pessoas com uma das 19 versões da genética premiada teriam variações desses genes mais eficientes na produção de energia. Elas manteriam as células funcionando como se estivessem no modo de economia, gerando menos radicais livres. Os centenários também contariam com genes que promoveriam a faxina no nosso DNA por mais tempo, mantendo seu funcionamento perfeito. “O que faz essas pessoas viver muito mais não é a ausência de genes causadores de doenças”, afirma a pesquisadora italiana Paola Sebastiani, coautora do estudo publicado na Science. “As chances de ter genes causadores de doenças é quase a mesma entre os centenários e a população normal. A diferença é que os centenários têm variações de genes que parecem anular a ação dos genes que causam doença.”
A ciência ainda precisa decifrar essa intrincada rede de ação dos genes do envelhecimento para alcançar tratamentos capazes de interferir na duração da vida. “A pesquisa mostra que há genes demais desempenhando pequenos papéis na longevidade”, afirma o biólogo americano Leonard Guarente, pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de Massachusetts, responsável pela descoberta, na década de 1990, de um dos primeiros genes da longevidade.
Os pesquisadores já pensaram ter chegado perto de controlar uma das variáveis genéticas que afetam o envelhecimento. Eles descobriram que uma substância encontrada nas sementes das uvas, nas cascas de uvas pretas e no vinho tinto, chamada resveratrol, seria capaz de ativar o gene que coloca a célula no modo de economia de energia. A descoberta causou sensação no meio científico. Um grupo de cientistas chegou a fundar em 2004 uma empresa de biotecnologia, a Sirtris, para desenvolver uma droga baseada no resveratrol.
Em 2008, a empresa foi vendida por US$ 720 milhões para o gigante farmacêutico GlaxoSmithKline, mas os avanços das pesquisas não seguiram no mesmo ritmo de valorização da empresa. Em janeiro, cientistas de uma farmacêutica concorrente divulgaram não ter conseguido comprovar em um novo estudo em laboratório os efeitos antienvelhecimento do resveratrol. Em maio, a própria Glaxo suspendeu uma de suas pesquisas com a molécula em razão de possíveis efeitos colaterais.
Mas ainda há esperança de que esse seja o caminho para alcançar um tratamento que retarde os efeitos do envelhecimento. “A tendência mais atual é pesquisar formas de colocar o organismo nesse modo de economia de energia”, afirma Maria Luisa Tagliaro, professora de gerontologia biológica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

A tarefa é complicada. Além de entender como a ação de cada gene reflete nos demais, os pesquisadores também terão de descobrir como fatores ambientais desencadeiam reações em nosso organismo capazes de alterar o funcionamento dos genes. “Poluição, alimentação, estresse influenciam no funcionamento dos genes”, afirma Sang Won Han, professor da Universidade Federal de São Paulo, especialista em terapia gênica. Por isso, quem não nasceu com o bilhete premiado precisa dar uma forcinha à própria genética. “Uma dieta saudável, a prática de atividades físicas e o controle do estresse ainda são o verdadeiro elixir da juventude”, diz Ivana, da UFSM.
O paulista José Aparecido Rodrigues Prado, de 94 anos, pode até ter ganhado na loteria genética da longevidade, como a idade avançada permite supor. Mas ele preferiu não pagar para ver. Nunca gostou de beber nem de fumar. Sempre comeu de tudo, mas em quantidades moderadas e com uma preocupação: “Se a comida me fez mal uma vez, nunca mais como”, diz. Com a idade, o zelo com o corpo aumentou. Hoje Prado come pouca carne vermelha, aboliu a margarina, adora frutas e não chega perto de doces e refrigerantes. Todos os dias, com assiduidade religiosa, caminha mais de 2 quilômetros.
Aqueles que não têm a disposição de Prado podem sonhar com o dia em que a ciência chegará a tratamentos que confiram as benesses de uma genética privilegiada. Bem antes desse dia, é provável que os mais ansiosos possam ter uma ideia da sorte que tiraram no bolão genético – pelo ritmo da evolução tecnológica nessa área, não deverá tardar até que laboratórios estejam prontos para oferecer testes acessíveis para rastrear os 19 perfis genéticos associados à longevidade. Mas os próprios pesquisadores avisam: o melhor modo de chegar bem à terceira (ou quarta) idade ainda é, e continuará sendo, cuidar bem da própria saúde. 9
Japão já tem mais de 40 mil centenários

O número de idosos com mais 100 anos no Japão supera os 40 mil, um número que está previsto aumentar cada vez mais nos próximos anos.
O ministério da Saúde, Trabalho e Bem Estar Social japonês divulgou esta sexta-feira que até o dia 15 de Setembro de 2009, 40.339 japoneses vão completar mais de 100 anos de idade. Deste total, 5.447 são homens e 34.952 mulheres, informou a agência EFE. O número bate o total do ano passado em mais de 4.100 centenários, e o dobro do que há apenas seis anos.
O homem mais velho do Japão é Jiroemon Kimura, residente de Kyotango, em Kyoto, com 112 anos. Já a mulher mais velha tem 114 anos e vive em Okinawa.
Desde a década de 70, a província com mais centenários é Okinawa e Saitama é a localidade com menos centenários. Segundo dados da ONU, 20,1% da população japonesa tem mais de 65 anos, percentagem que poderá aumentar até 31,3% para o ano 2030. Estima-se que só neste ano, 21.603 pessoas (3.365 homens e 18.238 mulheres) vão completar 100 anos de idade. 10
Finalmente, apenas para reflexão, vamos ver a história de um homem que viveu da forma mais saudável possível e que morreu “saudável, antes da hora”:
Jerome Irving Rodale (16 de agosto de 1898 – 8 de junho de 1971) foi um dramaturgo, autor, editor e fundador da Rodale Incorporation.

Jerome Rodale
Ele foi um dos primeiros defensores de um regresso à agricultura sustentável e agricultura orgânica nos Estados Unidos. Ele fundou um império editorial, publicou várias revistas e muitos livros, seus e de outros autores, sobre a saúde. Ele também publicou trabalhos sobre uma ampla variedade de outros tópicos, incluindo o The Synonym Finder (Dicionário de Sinônimos). Rodale popularizou o termo “orgânico” para representar alimentos cultivados sem agrotóxicos.
Biografia
Rodale nasceu em Nova Iorque em 16 de agosto de 1898, filho de um merceeiro. Ele cresceu no Lower East Side. Seu nome de nascimento era Cohen, mas ele mudou para um outro nome não-judeu depois de pensar que isso seria uma desvantagem nos negócios. Ele se casou com Anna Andrews, em 1927, e teve três filhos: Robert Rodale (1930-1990), Nina Rodale e Ruth Rodale.
Rodale tinha interesse na promoção de um estilo de vida saudável e ativo que enfatizava os alimentos cultivados organicamente, inspirado pelo seu encontro com as idéias de Albert Howard (1873 – 1947, o “pai” da agricultura orgânica).
Fundou Rodale Inc. em 1930 em Emmaus, Pennsylvania . Ele foi o fundador da Editora Rodale e editor da revista Organic Farming and Gardening (Agricultura e Jardinagem Orgânica) a partir de 1942. A Organic Farming and Gardening promoveu a horticultura orgânica e mais tarde foi intitulada Organic Gardening , sendo a revista de jardinagem mais lida em todo o mundo. Para Rodale, a agricultura e a saúde são inseparáveis. Um solo saudável precisa de compostagem e abster-se de pesticidas venenosos e fertilizantes artificiais. Comer vegetais cultivados em tais solos ajudaria os seres humanos a se manterem saudáveis, ele dizia.
Um dos projetos mais bem sucedidos de Rodale era a Prevention Magazine, fundada em 1950, que promove a prevenção das doenças ao invés de tentar curá-las mais tarde. Por décadas tem sido a principal fonte de informações para as pessoas da América do Norte interessados em alternativas de saúde, incluindo antes o movimento dos alimentos naturais que se tornou popular no final dos anos 60. Ela foi pioneira no retorno do uso dos grãos integrais, doces não refinados, uso de pouca gordura no preparo dos alimentos, e raro consumo de produtos de origem animal, curas populares, medicamentos fitoterápicos e amamentação. Promoveu, ainda, o consumo de quantidades maiores de suplementos nutricionais do que o usual, e a abstinência da nicotina e da cafeína.
Morte
Rodale morreu de um ataque cardíaco aos 72 anos de idade ao participar como convidado no The Dick Cavett Show. Ele ainda estava no palco, tendo terminado a sua entrevista, e estava sentado ao lado do próximo entrevistado o colunista Pete Hamill do New York Post. Segundo Cavett, Hamill percebeu que algo estava errado com Rodale, inclinou-se para Cavett e disse: “Isso parece ruim.” Segundo outros, Cavett perguntou: “Será que estamos lhe aborrecendo, Sr. Rodale?”, que Cavett “enfaticamente” não se recorda. O episódio nunca foi ao ar, embora Cavett tenha descrito a história em aparições públicas e em seu blog. 11
Ironicamente, Rodale tinha se gabado durante sua entrevista recém concluída de que “eu estou com uma saúde tão boa que caí de um longo vão de escadas ontem e eu ri todo o tempo”, “eu decidi viver até os cem anos”, assim como “Eu nunca me senti melhor em minha vida!” Ele também tinha anteriormente se vangloriado de que “eu vou viver até os 100, a menos que eu seja atropelado por algum motorista de taxi maluco.”
Legado
Depois da morte de Rodale, seu filho Robert Rodale manteve a editora até sua própria morte por acidente de carro. Esse trabalho incluiu a edição de grande circulação Prevenção Magazine. Robert Rodale tinha competido nas Olimpíadas de tiro com rifle e foi empossado no United States Bicycling Hall of Fame em 1991.  12
Fontes:
1. Da panela viemos­. Revista Superinteressante, Edição 285 – Dez/2010, pp 80-85. Texto: Ana Carolina Prado.
2. http://www.anda.jor.br/2010/06/09/gorilas-provam-como-vegetarianismo-faz-bem-a-saude/
3. http://www.oocities.com/~esabio/cibercamera/diferenca.htm
4. Genética da longevidade – http://super.abril.com.br/blogs/superlistas/2010/12/page/5/
5. http://pt.shvoong.com/exact-sciences/2020291-descobertos-genes-da-longevidade/
6. Oscar Niemeyer aos 100 anos http://negociosnainternet.blogspot.com/2007/12/oscar-niemeyer-aos-100-anos.html – 16 de dezembro de 2007
7. http://www.tudoagora.com.br/noticia/16493/Mulher-mais-velha-do-Brasil-mora-no-Parana-e-fez-129-anos.html – 01/03/2009
8. Flávio Laginsk http://www.parana-online.com.br/editoria/cidades/news/460335/?noticia=MULHER+MAIS+VELHA+DO+MUNDO+MORRE+NO+INTERIOR+DO+ESTADO – 10/07/2010
9. O segredo da longevidade, Revista Época -
06 de julho de 2010. Jornalista: Marcela Buscato E Aline Ribeiro. Com Daniella Cornachione – http://www.interfarma.org.br/site2/index.php/espaco-do-paciente/informacoes-uteis/1411-o-segredo-da-longevidade
10. http://tvnet.sapo.pt/noticias/detalhes.php?id=48382
11.  Cavett, Dick (3 de maio de 2007). When That Guy Died on My ShowNew York Times . http://opinionator.blogs.nytimes.com/2007/05/03/when-that-guy-died-on-my-show/
12. http://en.wikipedia.org/wiki/J._I._Rodale

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